Manuel Araújo, meu colega no Diaconado Permanente, teve a gentileza de me oferecer o livro NO PEITO QUERO GUARDAR-TE, MEU AMOR!, dedicado, como é notório, à memória de sua querida esposa, Maria Idalina, que faleceu em 22 de abril de 2022. O autor, na mesma página, agradece a DEUS pelo dom da vida e pelo Amor da Maria Idalina, mas também agradece aos filhos e às pessoas que o incentivaram a publicar o livro, de forma especial a João Gamboa (Eugénio Beirão na escrita literária) “pela paciência na revisão dos escritos e preparação desta publicação”.
João Gamboa, na Introdução, começa bem com “É o amor a mola real deste livro, ou o seu fio condutor”. Seria o suficiente, para mim, aceitar os poemas do meu colega e amigo, mas logo me desafia a contemplar a “natureza, com momentos de oração à maneira de São Francisco de Assis, em que o louvado é sempre o Deus-Criador e Senhor”. E cito João Gamboa ainda quando frisa na última parte da sua introdução: “Ele conseguiu, em muitos e muitos dos 62 poemas, fazer aquilo que dizem estes versos: “Para a dança dos fonemas/e das rimas/me visto de alegria./Na luz das palavras”.
Li serenamente os poemas do meu bom amigo Araújo, apreciando a forma como soube traduzir o seu amor pela sua Idalina e como nos sugeriu uma tão bonita forma de perpetuarmos a memória dos que regressaram ao coração maternal de Deus.
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PARTIDA
Partiste, meu amor, de manhãzinha,
Serena, sem um ai nem um lamento.
E, como prazenteira andorinha,
Voaste em direção ao firmamento.
E ao olhar e ver-te, amada minha,
A luz da tua estrela é meu alento.
A dor que em minha alma se detinha
Vai-se embora, arrastada pelo vento.
Olho o céu, onde creio que tu moras,
E o teu rosto me invade o pensamento.
E se alguma saudade triste vem,
Lembro o nosso amor de todas as horas,
E imploro a Deus, em cada momento:
Dai-lhe vossa luz e paz, Senhor, Amem.
Manuel Araújo