quarta-feira, 1 de novembro de 2023

A guerra

Desde que nasci, houve sempre guerras devastadoras e com mortes sem conta. De algumas pouco sabíamos e as notícias eram incompletas e manipuláveis. Presentemente, as guerras são vistas em todo o mundo em direto. 
Horrível é tudo o que os nossos olhos contemplam e impensável o que virá depois. Famílias destroçadas, povoações em cacos, mortes sem conta. E no fim, quem ficará a ganhar? Ninguém!
Não será a nossa geração que ficará a saber o futuro do mundo dito civilizado, depois desta guerra.

Do sonho à pobreza extrema

Era eu menino quando uma família gafanhoa resolveu emigrar para a Argentina. Conheci-a de perto porque a minha mãe era amiga do casal. O marido e pai foi à frente para conhecer o terreno. Vislumbrou futuro e chamou mulher e filhos. Ainda tenho na memória o rosto e o sorriso deles.
Vendida a casa e demais propriedades, lá partiram todos ao encontro do chefe de família, como se dizia. A felicidade do reencontro e a esperança num futuro muito melhor estava no peito inchado de todos. E lá foram…
Nunca mais se falou deles. Soube que chegaram a ter uma quinta, certamente arrendada, e que vendiam produtos agrícolas nos mercados. Os anos passaram, até que um dia, em conversa com um parente, soube do desaire.
A vida, que lhes sorriu nos primeiros anos, deu uma reviravolta. A derrota e a miséria instalaram-se. Não conseguiram ultrapassar a desdita. A pobreza extrema chegou. Tornaram-se pedintes nas feiras e onde calhava. Não sei se há herdeiros…

Fernando Martins

Notas: 
1-Texto publicado no livro "Gafanha da Nazaré - 100 anos de vida";
2- Frequentemente, encontro conterrâneos nas ruas por onde passo, cujos nomes já fugiram da minha memória. Conheço-os de vista, mas não os identifico. Depois, ouvido o nome, saltam para o presente memórias vivas guardadas em gavetas bem recheadas. Hoje, por exemplo, quando viajava por uma rua  da nossa terra, lembrei-me de uma família amiga que emigrou e que nunca mais regressou.

terça-feira, 31 de outubro de 2023

A vida cristã não é espiritual?

"Os jovens entrevistados no âmbito de um estudo são quase unânimes em considerar que a vida cristã não é espiritual. É por isso que decidiram dirigir-se a outras experiências, para encontrar lugares e contextos nos quais a sua demanda pudesse ser satisfeita. Estamos muito impressionados com estas afirmações: como é possível não colher o potencial espiritual da vida cristã? É verdade que é preciso interrogar-se sobre o que é que os jovens andam à procura, mas também fazer um exame de consciência sobre a qualidade espiritual das experiências que são vividas e propostas pela comunidade eclesial."

Foto e texto da Pastoral da Cultura

Dia das Flores


Hoje é o Dia das Flores. Por onde quer que passemos há muita gente com flores e todos os caminhos se cruzam nos cemitérios. Amanhã, 1 de novembro, é o Dia de Todos os Santos. No fundo, é o Dia dos Fiéis Defuntos, aqueles que viveram como nós, mas que já estão nos nossos corações e memórias.
Os crentes aceitam que estão no seio de Deus. Os não crentes celebram as boas recordações que eles nos legaram. E a melhor forma de os recordar, para pessoas sensíveis, ainda são as flores, em especial as que são cultivadas com carinho a pensar nas campas que acolhem os restos mortais daqueles que são ou foram os nossos entes queridos.

Dia Mundial das Cidades - Gafanha da Nazaré


Neste dia, 31 de outubro, há três celebrações que mereciam algumas palavras, em jeito de homenagem: Dia Mundial da Poupança, Dia das Bruxas e Dia Mundial das Cidades. Como não tenho tempo para as três, resolvi optar pela última da lista.
O Dia Mundial das Cidades leva-me a pensar que uma povoação que se enquadre naquele título tem de se apresentar com dignidade: Limpa, asseada, com nível social, cultural e artístico. E se à partida não reúne essas qualidades, têm os moradores de lutar por elas, devendo contribuir para isso.

Nota: Sobre o Dia Mundial da Poupança, nem quero pensar nisso. Estou ou estamos todos cansados de poupar que nem queremos falar do assunto; e sobre o Dia das Bruxas, nem uma palavra. Não há por aí tantas bruxas e bruxedos?

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Estou nas minhas sete quintas




Para não haver confusão, tenho um quintal com relvado, árvores de fruto e galinhas a correr quando sentem gente, mas não sou adepto de andar por lá a trabalhar.  Contudo, a Lita adora. É curioso. As  galinhas parece que andam sempre esfomeadas. E nós só fazemos algo quando nos apetece, sempre sem pressas. Até se dorme a sesta, tranquilamente.
Hoje deu-me para ver fotografias de tantos anos. Umas recuperáveis com as novas tecnologias, e de outras até aproveitamos recantos. Gostaria de aprender mais umas coisinhas sobre a edição de fotos, mas não descubro quem tenha tempo e pachorra para me ensinar. E sem ajudas, vou fazendo  o que posso e sei.
Boa semana para toda a gente, mesmo para os que se vão esquecendo que a vida tem de continuar com otimismo.

Fernando Martins

Crianças brincam à guerra



«As crianças brincam à guerra
É raro que brinquem à paz
porque os adultos
desde sempre fazem a guerra,
tu fazes “pum” e ris;
o soldado dispara
e um outro homem
não ri mais.
É a guerra.»

As crianças brincam à guerra, recita uma poesia de Bertolt Brecht, porque as crianças não sabem como se brinca à paz. Ninguém lhes ensinou como se faz. Brincam à guerra porque desde sempre viram os adultos a fazerem-na, e é belíssimo fazer “pum”.

Li na Ecclesia