quarta-feira, 15 de junho de 2022

Um poema de José Régio


IGNOTO DEO

Desisti de saber qual é o Teu nome,
Se tens ou não tens nome que Te demos,
Ou que rosto é que toma, se algum tome,
Teu sopro tão além de quanto vemos.

Desisti de Te amar, por mais que a fome
Do Teu amor nos seja o mais que temos,
E empenhei-me em domar, nem que os não dome,
Meus, por Ti, passionais e vãos extremos.

Chamar-Te amante ou pai... grotesco engano
Que por demais tresanda a gosto humano!
Grotesco engano o dar-te forma! E enfim,

Desisti de Te achar no quer que seja,
De Te dar nome, rosto, culto, ou igreja...
– Tu é que não desistirás de mim!

José Régio

terça-feira, 14 de junho de 2022

RIA DE AVEIRO vista por Norberto de Araújo

Eu nunca tinha visto a ria de Aveiro. Daí — dirão — este meu entusiasmo. Ora a laguna, com os seus múltiplos canais, seus campos encharcados, seus horizontes abertos, sua exuberância de luz e seu sonho de distância — é bela sempre e cada vez mais, afirmam os que todos os dias se banham no mistério da sua extensão panorâmica.
A ria de Aveiro — é uma maravilha. Fujo a descrevê-la, porque isso não está agora no meu programa.
Faltam aos meus olhos os palácios de mármore, as colunas de oiro, as igrejas erguidas em renda, as margens coalhadas de sonho e arte: S. Maria degli Scalzi, S. Marcuola, a casa de Contarini, e a distância de oiro sobre gaze de azul de S. Giorgio Maggiore. Mas — lembro-me de Veneza… Uma Veneza despida, no seu estado imaculado, em plena exuberância primitiva, onde se adivinha a vontade de Deus, de tudo ficar como ele a criou. Maravilha contemplativa!

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Associação Náutica da Gafanha da Encarnação

Um barquinho de olhos bem abertos para a partida
 
Passámos ontem pela Gafanha da Encarnação e não resistimos a ideia de visitar um dos seus ex-líbris mais famosos. A ANGE — Associação Náutica da Gafanha da Encarnação — é uma instituição que criou raízes no âmbito da arte de bem receber. Era domingo, é certo, mas durante a semana não falta quem dê por ali umas voltinhas para saborear a maresia e apreciar as embarcações de recreio que se apresentam em posição evidente de partida para passear pela Ria ou para enfrentar o oceano. Uns entram na casa da antiga Bruxa para os petiscos, ao que julgo, e outros ficam-se pelo bar da marina. E a conversa não fugirá muito das aventuras lagunares ou para além delas.
Valeu a pena passear por ali sem agenda nem horários.

Um Deus humaníssimo

Crónica de Bento Domingues
no PÚBLICO de domingo

O cristão deve procurar uma incansável e amante inteligência da fé. Tem de a servir com a ousadia de todas as forças da sua mente e do seu afecto. A fé cristã não é um calmante, é um excitante

1. Hoje, no calendário litúrgico da Igreja Católica, celebra-se a Santíssima Trindade. Há quem diga que é uma festa desnecessária, pois, é com essa expressão da fé cristã que começam todas as celebrações da Eucaristia: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.” Os fiéis respondem – Ámen, isto é, estamos de acordo, acreditamos. Este é um credo tão breve que nem dá tempo de pensar no que se diz e, pior ainda, passou a ser usado para dizer: estes dizem ámen a tudo.
A seguir, quem preside a assembleia explicita em estilo narrativo: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco.”

domingo, 12 de junho de 2022

A riqueza dum povo

A paisagem que vejo da minha janela

A riqueza dum povo é tudo
o que faz parte da sua vida.
É tudo o que te cerca.
É a paisagem que vês da tua janela.
É a casa pequenina da tua aldeia.
É o museu da cidade.
É a cantiga que ouves ao trabalhador,
é aquela que a tua mãe cantava para te embalar.
É a filarmónica da tua terra nas tardes
quentes do Verão.
São os trajos coloridos das mulheres
do campo e do mar.
É o rancho que dança nos caminhos poeirentos.
É a capelinha solitária no alto do monte.
É a catedral da grande cidade.
É o barro moldado pela mão do oleiro,
a rede feita pela mão do pescador.
É o pregão da varina que percorre as ruas da cidade,
ou a voz serena do pastor chamando as ovelhas...
São as histórias contadas, aos serões de Inverno,
junto à lareira.
É o jogo da malha no largo da aldeia.
É o desenrolar da meada, é a força da vida!

Notas:
1 - Texto cedido pela Escola Preparatória de Esgueira - Aveiro;
2 - Livro ARTES E TRADIÇÕES DA REGIÃO DE AVEIO - 1984

sábado, 11 de junho de 2022

Economia e política ao serviço da vida

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Pretender que toda a humanidade viva segundo os padrões do mundo mais desenvolvido, tecnocrático, seria pôr fim à própria possibilidade de continuação da História.

Quando se olha para a presente situação do mundo, não é difícil constatar que o que está decisivamente em crise é a razão moderna com o seu imperialismo devastador. Ao contrário do que pensam os seus profetas mais ardentes, após a crise/implosão do chamado "socialismo real", o capitalismo desenfreado, neoliberal, não constituiu de modo nenhum a solução do futuro nem é a palavra mágica, decisiva e definitiva da História. A prova está em que pretender que toda a humanidade viva segundo os padrões do mundo mais desenvolvido, tecnocrático, seria pôr fim à própria possibilidade de continuação da História. O modelo dos países do hemisfério norte, sendo necessário sublinhar que ele se implantou já noutras paragens, não pode estender-se ao mundo inteiro, isto é, não é universalizável, sob pena de pura e simplesmente não haver futuro para o planeta. E, não sendo universalizável, não é ético.

sexta-feira, 10 de junho de 2022

DIA DE PORTUGAL "A nossa pátria é o povo"

 Do discurso do Presidente Marcelo em Braga 

“Sem o povo, sem a arraia-miúda, de que falava Fernão Lopes, não teria havido o Portugal que temos.” Esta foi uma das muitas afirmações do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa proferidas no discurso da cerimónia comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas espalhadas pelo mundo, realizada em Braga. Marcelo sublinhou as  capacidades do povo português "de unir, de receber, de conquistar e de resistir". 
O Presidente  Marcelo Rebelo de Sousa lembrou  a forma como o povo português recebeu africanos, brasileiros, europeus de Leste, asiáticos, afegão e agora ucranianos. Mas também referiu  a forma como recentemente os portugueses resistiram à pandemia.

Nota: Toda a comunicação social portuguesa, e não só, destacará as cerimónias do Dia de Portugal, que decorreram onde houver portugueses. 

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