Quando acordo de manhã, ligado o rádio, frequentemente sou confrontado com notícias tristes, que se sucedem umas às outras. A corrupção domina o panorama da vida portuguesa, com políticos, e não só, envolvidos ou indiciados como tal.
Eu sei que ninguém pode ser condenado ou absolvido na praça pública, pecado grave que muitas vezes cometemos. Mas também sei que se está a generalizar a ideia de que vivemos num país de corruptos. Há gente séria, muito séria, mas ninguém duvida da existência de oportunistas, que nem vergonha têm de exibir sinais exteriores de riqueza, quando o que ganham, nos cargos que ocupam, não é explicação para o que mostram descaradamente.
A contemplar tudo isto, temos uma Justiça incapaz de averiguar o que se passa e de condenar os corruptos que, por artes que aprenderam não se sabe onde nem com quem, vivem à tripa-forra, quando tantos trabalhadores e empregadores honestos mal têm o mínimo para sobreviver.
A classe política, que tinha obrigação de procurar resolver esta situação, bem prega que o vai fazer, mas a realidade é a que se vê a olho nu, não havendo, realmente, progressos na luta contra este cancro dos nossos tempos.
É claro que não alinho com os mais pessimistas, que chegam ao ponto de defender a suspensão da democracia, para se vencer a podridão que vai minando os projectos de uma sociedade mais justa e mais fraterna. Acredito que a democracia, com os meios de que dispõe e lhe foram outorgados pelo povo, pode muito bem ultrapassar mais esta dificuldade. Assim o queira…
FM