Uma reflexão semanal de Georgino Rocha
Jesus quer mostrar o vigor da Palavra de Deus e compara-a a uma semente que o agricultor lança à terra. Tem perante si a multidão encantada com os seus ensinamentos e quer iniciar os discípulos na compreensão dos mistérios do Reino. Está na margem do Lago de Tiberíades, onde se encontram barcos arrumados após a faina da pesca. Pede ao dono de um deles que o receba e, juntos, avançam mar adentro de modo a ficar a uma distância suficiente para se fazer ouvir. Senta-se e começa a falar àquela gente sobre muitas coisas.
Mateus – o autor do relato – escolhe este cenário para dar início à parábola do semeador, a primeira de sete: a semente, o joio, a mostarda e o fermento, o tesouro e a pérola, e a rede. Junta-as em série, embora não tenham sido narradas todas seguidas. Daí, alguma incongruência nas alusões feitas. De permeio, aduz a razão de Jesus ao optar por lhes falar em parábolas: “Abrirei a minha boca em parábolas e proclamarei coisas ocultas desde a criação do mundo”.
As “coisas ocultas” referem-se ao Reino de Deus, presente de forma velada na humanidade e agora anunciado explícita e publicamente por Jesus. Reino que é presença benfazeja, garantia de situações mais humanizadas, gérmen de um plenitude desejada, realidade promissora sujeita às leis do tempo e condicionada pelas forças que se cruzam na natureza e na história. Reino que, sendo de Deus e tendo o seu dinamismo, é realizado por Jesus e prosseguido por aqueles que aceitam a sua palavra e se fazem seus discípulos (Igreja nascente). Reino que é “justiça, paz e alegria no Espírito Santo” Rm 14, 17.
“Felizes os vossos olhos porque veem e os vossos ouvidos porque ouvem” declara Jesus, com selo de garantia sem prazo de limite de validade, aos discípulos desejosos de compreenderem o alcance do que estava a acontecer. Felizes os que têm o olhar puro e apurado, descobrem as sementes do reino quais sinais da presença de Deus no mundo e e exultam com os esforços humanos por lhes dar rosto pessoal na convivência social e nas comunidades cristãs. Felizes os que, cheios de alegria confiante, saem da sua comodidade e indiferença, vencem obstáculos de todo o tipo e são presença amiga junto dos que estão sós, andam em conflito e vivem amargurados. Felizes os que resistem às investidas das “aves de rapina” que comem o que é dos outros ( e há tantas! E deixam tão pouco para os infortunados), dos amigos da terra queimada (quanto pior, melhor), dos insidiosos e caluniadores que sufocam o bom nome das pessoas de bem e asfixiam a sua honradez e dignidade. Ai dos caluniadores, dos corruptos, dos exploradores e de tantos outros! É de bradar aos céus o que fazem à boa semente da vida humana e da sua dignidade, da justiça e da sua honesta aplicação.
Felizes os que ouvem os gemidos de tantos milhões e as boas notícias de quem procura ajudá-los na sua libertação do jugo infernal da fome, da sede, da doença, da ignorância, da guerra. Felizes os voluntários de todas as causas humanitárias que, tendo feito, testemunham confiadamente os valores da solidariedade fraterna, do compromisso libertador, da entrega generosa por amor de doação. Esta é a boa semente que produz a cem por um. “O bem tende sempre a comunicar-se. Toda a experiência autêntica de verdade e de beleza procura – afirma o Papa Francisco - por si mesma, a sua expansão; e qualquer pessoa que viva uma libertação profunda adquire maior sensibilidade face âs necessidades dos outros. E, uma vez comunicado, o bem radica-se e desenvolve-se” (A Alegria do Evangelho, nº 9).
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sábado, 12 de julho de 2014
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