domingo, 22 de julho de 2018

Nem nas férias há sossego

Bento Domingues

«Estamos perante a sacralização de uma grande instituição civilizacional. O ser humano não existe só para trabalhar. Precisa de tempo para viver e exprimir muitas outras dimensões da sua vida. A abertura a Deus revela a transcendência de todos os seres humanos, sujeitos de direitos e deveres continuamente ameaçados.»

1. A narrativa bíblica do mito da criação não pertence ao mundo da ciência, mas ao da poética teológica. Não se situa, por isso, em competição com nenhuma teoria da origem e do desenvolvimento do universo. Confessa que de Deus apenas pode vir o bem e a beleza. Apresenta o Criador encantado com a sua obra, ritmada pelos dias e pelas noites, cheia de tudo o que é bom. Nesse poema, o ser humano – homem e mulher – é a coroa da terra, imagem do infinito mistério do amor. Ao sétimo dia, Deus repousou para celebrar a obra admirável da vitória sobre o caos [1]. 
É uma astuciosa metáfora da legitimação religiosa do descanso semanal: “Não farás trabalho algum, tu, o teu filho e a tua filha, o teu servo e a tua serva, os teus animais, o estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que há neles, mas no sétimo dia descansou” [2].
Estamos perante a sacralização de uma grande instituição civilizacional. O ser humano não existe só para trabalhar. Precisa de tempo para viver e exprimir muitas outras dimensões da sua vida. A abertura a Deus revela a transcendência de todos os seres humanos, sujeitos de direitos e deveres continuamente ameaçados.
Nada, porém, está automaticamente garantido na Casa Comum, como lembrou o Papa Francisco na Laudato Si.

sábado, 21 de julho de 2018

Cirurgião Manuel Antunes sai do SNS por limite de idade

45 mil cirurgias cardíacas e pulmonares 
e 385 transplantes de coração 


Ouço falar do cirurgião Manuel Antunes há bastantes anos. Com 45 mil cirurgias cardíacas e pulmonares e 385 transplantes de coração deve ter evitado a morte a muitos compatriotas nossos. Mas também melhorou a qualidade de vida de outros tantos. Retirou-se por limite de idade, no dia em que completou 70 anos. No jornal diário que li, só teve direito a texto, com foto, de duas colunas, no interior. 
Eu sei que as notícias são, para os órgãos de comunicação social dos nossos dias, mercadoria de venda ao público, como garrafas de vinho, detergentes que lavam mais branco, bananas da Madeira ou peixe fresco do nosso mar. Se forem produtos bons  e do agrado dos consumidores terão venda garantida.  O mesmo se passa com as notícias. Crimes, futebol, adultérios e políticos corruptos terão "venda" certa. O mérito, a capacidade de liderança, o exemplo cívico, a dedicação e a competência inovadora não "vendem" neste país multissecular. 
Um cirurgião como Manuel Antunes não teve honras de primeira página. O mesmo acontece com outros profissionais, por mais exemplares e competentes que tenham sido, a nível do interesse geral da sociedade. 
Se fosse um jogador de futebol que marcasse 45 golos (não são 45 mil) num campeonato, teria direito a texto e foto — grande plano! — na primeira página. E nas televisões não faltariam as mais profundas análises com a presença de conceituados analistas da praça nacional, daqueles que sabem tudo e mais alguma coisa. Há, realmente, uma inversão de valores inaudita no mundo em que vivemos. 

Fernando Martins

Perguntas e respostas sobre questões de religião

Anselmo Borges

Hoje, vou tentar responder a perguntas que me fizeram sobre alguns temas que têm que ver com a religião.

1. A primeira pergunta é sobre a legitimidade ou não de baptizar as crianças. Há pais católicos que não baptizam os filhos, argumentando que são eles que devem decidir quando forem grandes. Recentemente, a ex-presidente da Irlanda Mary McAleese, uma católica influente no seu país, declarou que a prática do baptismo de crianças viola os Direitos Humanos. "Não se pode impor obrigações a pessoas com apenas duas semanas e não se lhes pode dizer aos 7 ou 8 anos ou aos 18-19: 'isto é o que contraíste, o que assinaste', porque a verdade é que o não fizeram." Para ela, o actual modelo de baptismo "funcionou durante muitos séculos, porque as pessoas não entendiam que tinham o direito de dizer que não, o direito de o não fazer". Embora vivamos agora "em tempos em que temos direito à liberdade de consciência, à liberdade de culto, à liberdade de religião e à liberdade de mudar de fé", a Igreja Católica "ainda não aceitou plenamente esta posição".

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Papa Francisco felicita Pe. Georgino Rocha


O Papa Francisco, por meio de Mons. Paolo Borgia, seu assessor, enviou felicitações ao P. Georgino pela publicação de “Rostos de Misericórdia: Estilos de vida a irradiar”. A carta afirma que o livro foi recebido como prenda de aniversário, e refere a “carinhosa dedicatória” a par de tantas “outras provas de apreço, agradecimento e adesão aos desafios e apelos do Evangelho de Jesus Cristo que ele não se cansa lembrar…”.
Também o Cardeal Pietro Parolin, dá os parabéns ao P. Georgino pela obra publicada “onde se sente vibrar de modo particular o coração do Evangelho como o vê e tem vindo a propor, incansavelmente, à Igreja e ao mundo o nosso querido Papa Francisco”… E o Secretário de Estado do Vaticano conclui dizendo: “Reconhecido, pois, pelas delicadas expressões e atenções havidas para com a minha e serviço eclesial, subscrevo-me, com fraterna estima”.

*** ***
Pe. Georgino Rocha


No próximo sábado, dia 28, às 16 horas será apresentado o livro “Rostos de Misericórdia: Estilos de vida a irradiar” no salão da Junta da freguesia de Calvão. A sessão é organizada em parceria pelo Colégio de Nossa Senhora da Apresentação e pela Junta e faz parte do programa das festas comemorativas da criação da freguesia, em Julho de 1933.
Além da apresentação da obra, a cargo de Filipe Jorge, presidente da Junta, e de Luís Oliveira e do P. Querubim, do Colégio Diocesano, há a actuação do Coral de Santa Cecília de Calvão, a que se seguirá um porto de honra.


*** ***

Felicito o Pe. Georgino Rocha pelas distinções de que foi alvo, quer do Papa Francisco quer do Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano.

Sobre o livro "Rostos de Misericórdia: Estilos de vida a irradiar" escrevi aqui


Aprender a descansar e a servir

Georgino Rocha


Jesus acolhe os discípulos no regresso do trabalho missionário. Vêm exultantes. Querem estar uns com os outros e com o Mestre. Trazem boas notícias do que havia ocorrido. Nem era para menos! Sentiram-se com autoridade sobre as forças do mal que lhes obedeciam, sobre as doenças que eram curadas ou suavizadas. Sentiram a eficácia da mensagem que anunciavam. Agora, reconhecem que vale a pena o risco assumido e a pobreza de recursos usados. Agora reconhecem a sensatez dos conselhos dados de gerir bem o tempo face à reacção de quem os recebe. Agora reconhecem que o cansaço é o preço de tão bom desempenho apostólico. E nós, como nos sentimos após os trabalhos que Jesus nos confia e a Igreja, a paróquia ou movimento, reconhece? Com quem fazemos a partilha dessa experiência? Oxalá saibamos procurar e encontrar quem nos acolha, disponha de tempo para nos ouvir e para nos dar o eco da alegria da missão.
Jesus, enquanto ouve os relatos, presta mais atenção aos mensageiros recém-chegados. Dá conta que estão fatigados. E diz-lhes prontamente: “Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco”. Merecidas férias, diremos nós. Vamos ver de que estilo, segundo o Evangelho de Marcos 6, 30-30.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Homenagem a Tolentino Mendonça

Arcebispo D. Tolentino Mendonça 

Alice Vieira, Carminho, Joana Carneiro, Ilda David, Luís Filipe Castro Mendes, Luís Miguel Cintra, Manuel Rosa, Nuno Júdice, Paula Moura Pinheiro, Pedro Mexia e António Marujo, entre outros, disseram versos do arcebispo madeirense na Capela do Rato

A comunidade da Capela do Rato juntou-se num serão de ‘Poesia e Oração’ para homenagear o poeta D. José Tolentino Mendonça com poemas da sua autoria, declamados por amigos, li hoje na Ecclesia.
Diz o poeta, futuro responsável pelo Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica, que “O mais belo poema são as próprias pessoas, estes amigos que com tanta generosidade quiseram acompanhar-me aqui nesta noite”. E acrescentou: “Não só nestes dias mas ao longo de toda a minha vida. De facto, sinto-me muito uma obra dos outros”, acrescentou o agora arcebispo, que foi capelão da histórica Capela do Rato ao longo dos últimos nove anos. 
Sublinha a Ecclesia que “foi precisamente a obra poética de José Tolentino Mendonça que foi ouvida por uma assembleia que lotou a capela do Patriarcado de Lisboa numa noite de ‘poesia e oração’”. 
Como seu admirador e leitor assíduo, formulo votos de que o poeta Tolentino Mendonça nos possa continuar a enriquecer com os seus contributos, poéticos mas não só, em prol da cultura e da espiritualidade,  que saberá colher no ambiente que passará a habitar a partir do dia 1 de setembro.


O Mistério está todo na infância

E, por fim, Deus regressa
carregado de intimidade e de imprevisto
já olhado de cima pelos séculos
humilde medida de um oral silêncio
que pensámos destinado a perder

Eis que Deus sobe a escada íngreme
mil vezes por nós repetida
e se detém à espera sem nenhuma impaciência
com a brandura de um cordeiro doente

Qual de nós dois é a sombra do outro?
Mesmo se piedade alguma conservar os mapas
desceremos quase a seguir
desmedidos e vazios
como o tronco de uma árvore

O mistério está todo na infância:
é preciso que o homem siga
o que há de mais luminoso
à maneira da criança futura

José Tolentino Mendonça

Notas: 

1. Este poema,  dedicado ao Papa Bento XVI, seria o meu escolhido. 
2. A foto é de minha autoria. 

Porto de Aveiro - Incitar à greve dava prisão


Armazém da JARBA (Junta Autónoma da Ria e Barra de Aveiro)

Gosto de viajar pela história das instituições da nossa região, por mais simples que sejam as minhas caminhadas. E quando as instituições nos ajudam, publicando o seu passado, como faz o Porto de Aveiro, então é um regalo para a minha ânsia de conhecer o mundo que me cerca, cujas transformações acompanho há mais de meio século. 
Hoje, em Viajando pela História do Porto de Aveiro, li que incitar à grave dava prisão. Não é novidade para mim, mas é bom que as atuais gerações saibam da dureza das perseguições das ditaduras, quaisquer que elas sejam.

Manuel Mário Bola quer a sua coleção na Gafanha da Nazaré


Em entrevista à Rádio Terra Nova, Manuel Mário Bola admite que a condição que coloca para a disponibilização do seu espólio composto de peças de temática marítima é a exibição na Gafanha da Nazaré. E defende que o Forte da Barra poderia ser o  espaço para albergar a sua preciosa coleção. 
O colecionador e exímio construtor de miniaturas de diversificados tipos de embarcações estima o valor das suas peças em mais de 250 mil euros. 
Manuel Mário Bola confessa que o seu sonho é expor as suas peças “como símbolo de uma cultura marítima da Gafanha da Nazaré”.

Ler entrevista que me concedeu aqui 

14.º Aniversário da Fábrica Ciência Viva

A Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 
celebra hoje, 19 de julho, o 14.º aniversário




«A Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro (FCCVA) celebra no dia 19 de julho o 14º aniversário com a presença de Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Em dia de festa e com um programa gratuito de atividades aberto a toda a comunidade, a FCCVA, que em 14 anos já recebeu mais de 500 mil visitantes, vai contar também com a presença de Paulo Jorge Ferreira, Reitor da Universidade de Aveiro (UA), e de Rosalia Vargas, presidente da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica – Ciência Viva.
Resultado de uma parceria entre a Universidade de Aveiro (UA) e a Agência Ciência Viva e instalada na antiga Fábrica de Moagens Aveirense com o grande objetivo de divulgar a ciência e promover a cultura científica e tecnológica, a Fábrica já recebeu cerca de meio milhão de visitantes. A sua programação inclui atividades diversificadas, em diferentes formatos, permitindo vários níveis de interação com públicos de todas as idades.»

Fonte: Jornal da UA


Ler mais aqui 

Não tenho dado importância à televisão



Não tenho dado importância à televisão. Vejo apenas partes do telejornal. A televisão manieta-me, não me dando espaço para mais nada. Ouço música apenas. E tenho tempo para ler e para conversar com quem aparece. E sinto-me bem assim. Estou numa fase de terapia para ganhar tempo para outros gostos. Urge descobrir formas novas de saborear a vida. Não há tempo a perder. 
Fico espantado com as televisões que nos dão sempre mais do mesmo, com as questões das telenovelas que escravizam muita gente  e da bola, onde se discute o sexo dos anjos. É mão, não é mão, é livre, não é livre, é grande penalidade, não é grande penalidade, com comentadores especializados, capazes de ver tudo diferente de uma pessoa normal. É preciso puxar a sardinha para o seu prato. 
Pensávamos que a questão do Sporting estava regularizada, mas logo surge mais uma série de debates sobre a legitimidade de o ex-presidente concorrer. Durante quanto tempo vamos ter esta telenovela?

terça-feira, 17 de julho de 2018

Em Ílhavo acontece à sexta: Válvula Solar AGA

No Farol da Barra
Sexta-feira
20 de julho
19 horas 




«A Câmara Municipal de Ílhavo promove esta sexta-feira, dia 20 de julho, pelas 19h00, no Farol da Barra, mais um encontro de “Em Ílhavo acontece à sexta” para se debruçar sobre a Válvula Solar AGA. 
A Válvula Solar AGA é o resultado de uma importante aplicação da teoria à prática no campo da Física, que modernizou o funcionamento dos faróis em todo o mundo e é responsável pela atribuição do Nobel da Física a Gustaf Dalén em 1912. 
Neste encontro estarão à conversa o faroleiro, um físico e um dos responsáveis pelo projeto cultural 23 Milhas para desvendar os segredos escondidos de uma simples, ou talvez não, válvula solar.»

Oradores convidados: Nogueira da Silva, António F. Cunha e Hugo Pequeno

Fonte: CMI

DESTAQUE

Propriedade agrícola dos nossos avós

Arquivo do blogue