quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Praça Padre João Gonçalves



Padre João e Inês Leitão
Por decisão da Câmara Municipal de Ílhavo, o "Jardim Central" da Gafanha da Carmo passa a designar-se "Praça Padre João Gonçalves". Trata-se de uma justa homenagem ao conhecido Padre das Prisões, filho da terra, onde nasceu em 28 de Março de 1944. Foi ordenado presbítero em 21 de Dezembro de 1969 e faleceu em 8 de Dezembro de 2020.
Entre outros cargos, foi pároco da Sé aveirense, capelão do Hospital e do Estabelecimento Prisional de Aveiro. Também coordenou a pastoral penitenciária nacional. É oportuno  realçar as suas responsabilidades ao nível das Florinhas do Vouga, uma IPSS com diversas valências, onde o padre João implementou serviços de apoio aos mais desfavorecidos, sem esquecer os sem-abrigo.
Um filme das irmãs Daniela e Inês Leitão, denominado "O Padre das Prisões", sublinha bem a missão deste sacerdote no meio de nós. Inês Leitão ainda escreveu um livro com o mesmo título.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Professor Manuel Nunes Carlos

A nossa gente 


Manuel Nunes Carlos nasceu na Gafanha da Nazaré, a 20 de abril de 1898. Filho de António Nunes Carlos e de Ana de Jesus Vergas. O Pai de Manuel Nunes Carlos era um alfaiate que se tornou famoso pela confeção dos seus gabões, atividade esta que era complementada com a profissão de barbeiro.
Em 1916, terminou o Curso do Magistério Primário, com 16 valores, na Escola Normal de Aveiro. Da sua formação académica consta também o Curso de Pilotagem da Escola do Departamento Marítimo do Norte. Porém, apesar da sua formação como piloto, pouco tempo dedicou à vida no mar.
Antes de lecionar na Gafanha da Nazaré, passou por diversas escolas, como S. Bernardo, Oliveirinha, Lousã, Lobão (Santa Maria da Feira), Vera Cruz, Oiã, Argoncilhe e Tamengos (Anadia).
Em 1932, concorreu ao lugar da Escola Primária da Chave e em 1933 foi transferido para a Cale da Vila.
Além da atividade docente, foi também Presidente da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré (1938) e Vereador na Câmara Municipal.
Em 1931 contraiu matrimónio com Maria do Carmo Simões, filha do proprietário da Pensão Curia. Deste casamento nasceram duas filhas, Maria Manuela e Maria Albertina.
Faleceu a 24 de junho de 1956, com 58 anos de idade. Encontra-se sepultado no Cemitério da Gafanha da Nazaré.

Informação Histórica do Topónimo

1. Trabalho elaborado pelo CDI (Centro de Documentação de Ílhavo), da Câmara Municipal de Ílhavo, no âmbito do projeto "Se esta rua fosse minha";
2. Em relação a este topónimo não encontramos qualquer referência à sua criação nos documentos camarários.

Informação Memorial sobre o Topónimo

Sabemos que o Professor Manuel Nunes Carlos, conhecido por Senhor Professor Carlos, era muito querido pelos seus alunos. Numa conversa que tivemos a 5 de dezembro de 2019, com o professor Fernando Martins, ficámos a saber que foi o professor Manuel Nunes Carlos que lhe fez o exame da terceira classe.

NOTA: Não haverá na Gafanha ou à sua volta quem possua uma  fotografia do Professor Carlos? Agradeço cedência por empréstimo. Obrigado.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Aldeias e Vilas Medievais - Marvão


 
A vila de Marvão e o território em redor maravilham todos os que a visitam. No centro do Parque Natural da Serra de São Mamede, esta localidade encontra-se inserida em muralhas que datam dos séc. XIII e XVII e entrar no seu interior é percorrer ruas cheias de história. Das portas às arcadas góticas, dos detalhes manuelinos ou em ferro forjado, já para não falar do castelo, Monumento Nacional, uma visita a Marvão é uma viagem que desperta os sentidos e aguça a curiosidade pela história nacional.

NOTA: Partilhado pela Via Verde com o  desafio de uma visita.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Nomeações Diocesanas

José  Ferreira Alves - Ecónomo Diocesano
João Barbosa - Presidente da Cáritas Diocesana 

João Barbosa 
José Alves
D. António Moiteiro, Bispo de Aveiro, nomeou o diácono permanente José Ferreira Alves para o cargo de Ecónomo Diocesano, durante um período de cinco anos, sucedendo assim ao Pe. João Gonçalves, recentemente falecido. José Ferreira Alves, que deixou a presidência da Cáritas Diocesana, também fica a pertencer ao Conselho para os Assuntos Económicos. Para presidir à Direção da Cáritas Diocesana, o nosso Bispo nomeou João José da Maia Vieira Barbosa, um aveirense bastante conhecido.
Aos novos presidentes e respetivos membros dos corpos diretivos formulo votos das maiores venturas pessoais ao serviço da Igreja Diocesana de Aveiro. Porque os conheço há muitos anos, posso testemunhar a capacidade de trabalho e a honorabilidade que os caracterizam. 

Ler todas as nomeações aqui 

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Ai de mim se não ajudar a nascer a alegria

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

A pronta disponibilidade para o serviço dos outros constitui a verdadeira alegria do Evangelho de Cristo que continua.

1. Cabe à inteligência prática saber adaptar-se. A pandemia mundial parece dizer-nos que, se não soubermos adaptar-nos a viver na cadeia – que as medidas de segurança exigem –, arriscamo-nos a ser suas vítimas e a fazer mais vítimas, correndo o perigo de servirmos a morte até aos próprios amigos e familiares.
Na cadeia, dizia um prisioneiro, importa cultivar a saúde mental, a saúde espiritual e a saúde física. São medidas e artes para conquistar a liberdade no dia-a-dia do cativeiro, para não acabarmos derrotados quando se abrirem as portas da prisão.
Para a saúde espiritual, recorro a uma antífona da Liturgia das Horas, feita de pura serenidade: Salvai-nos, Senhor, quando velamos e guardai-nos quando dormimos, para estarmos vigilantes com Cristo e descansarmos em paz. É seguida de uma oração igualmente bela: Iluminai, Senhor, esta noite, concedei-nos um descanso tranquilo, para que, amanhã, nos levantemos em vosso nome e possamos contemplar alegres e felizes o nascer de um novo dia.
A religião não dispensa o bom senso. Importa resistir à demagogia e ao sadismo de certas vozes, especializadas em semear a confusão, para defender interesses que não coincidem com os da população mais carenciada.

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Eutanásia

O meu futuro, segundo a minha fé, 
ficará nas mãos de Deus

A eutanásia, que a nossa Assembleia da República aprovou, mas que eu, simples cidadão, não subscrevo nem aceitarei, veio num momento muito inoportuno, com tantos cidadãos vitimados pelo coronavírus. É claro que nem todos os portugueses alinham pelos mesmos princípios morais e éticos dos que votaram a favor da morte assistida. Eu sou um dos que defendem o respeito pelo vida até ao fim natural.
Se porventura eu ficar na situação de doença terminal e dolorosa, jamais aceitarei a hipótese e as normas da lei que os nossos deputados aprovaram. Pedirei que me atenuem as dores, se possível, mas ainda que desliguem as máquinas se não houver na medicina alternativa viável. O meu futuro, segundo a minha fé, ficará nas mãos de Deus.

Fernando Martins

O sentido da vida. 4. A morte e a esperança

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

"Deus é o Bem", que não nos será tirado. E há uma dívida da História para com as vítimas inocentes; sem Deus, quem pagaria essa dívida?


1 A morte é o choque mortal com o sentido. Ela é a barreira inultrapassável, definitiva. Significativamente, os antropólogos são unânimes em reconhecer na sepultura, portanto, na consciência da morte e na procura de transcendê-la, o sinal decisivo, indesmentível, de que, na história gigantesca da evolução, estamos em presença do ser humano, de alguém, da pessoa. Essa consciência é sempre acompanhada da religião e, de um modo ou outro, da filosofia, como reconhece a história, de Platão - a filosofia é "o exercício de morrer e estar morto" - a Schopenhauer, que via na morte a "musa da filosofia", ou Martin Heidegger.
Perante a morte, quando tudo desaba e se afunda, erguem-se, mais dramáticas, esmagadoras, as perguntas essenciais: Donde vimos?, Para onde vamos? Qual o sentido de tudo? O que vale a existência? Perguntas inevitáveis para todos, pois, como dizia Ernst Bloch, no regresso a casa após o funeral de um amigo, nem mesmo o maior capitalista pensa apenas na sua conta no banco. Aí está a razão por que, para conhecer uma sociedade, talvez mais importante do que saber como é que nela se vive, é saber como é que nela se morre e se trata os mortos. A maior prova do profundo mal-estar da nossa sociedade é que teve de fazer da morte um tabu.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Zé Penicheiro - Traços e cores da nossa região



 
Da secretária da minha tebaida vejo assim este quadro do Zé Penicheiro, artista que tive o gosto de conhecer desde que se instalou em Aveiro. A beleza da nossa ria, gente e terras, fascinava-o. Todos os dias, quando me sento, o Zé Penicheiro está presente.

Nota: Registo feito de lado para evitar reflexos. 

A terra não nos pertence

Paisagem açoriana 

“A terra não nos pertence. Esta noção fundamental é-nos lembrada pelos ecologistas. Deixando de lado todos os fenómenos espúrios, considero que esta nova atenção consagrada ao ambiente é um acontecimento capital para a história da Humanidade.”

Abbé Pierre

In Testamento

Jesus e os doentes: A força da ternura e do cuidado

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo V do Tempo Comum

Jesus anda por terras de Cafarnaúm, segundo a narrativa de Marcos. Mc 1, 29-39. Vive uma jornada intensa de trabalho. Sai da sinagoga e vai a casa de Simão. Encontra, com febre, a sogra deste. Estende-lhe a mão e ela fica curada. Depois, ao cair da noite, depara-se com muitas pessoas atormentadas por diversos males. Cura umas e liberta outras. A sua fama vai aumentando. O estatuto social do carpinteiro de Nazaré começa a ter novo apreço. E ele tem de travar o “falatório” para não antecipar o ritmo normal da realização do seu projecto. Recolhe-se, por isso, em oração, para verificar a sintonia com o querer de Deus-Pai. Deixa aquelas terras e vai para as povoações vizinhas. É preciso anunciar que o reino de Deus está em realização. Há que ser coerente e não parar nos primeiros passos.
“O encontro de Jesus com os doentes, apresentado nesta página do Evangelho… que fala de atividade… de cuidados (tratamentos) e de cura dos que sofrem, comenta Manicardi, é instrutivo para o discurso espiritual cristão sobre a doença e o sofrimento. Jesus não prega resignação, não pede para oferecerem o sofrimento a Deus… Jesus luta contra o mal, procura fazê-lo recuar e devolver a saúde à pessoa. Ele apresenta-se como «médico» Mc 2, 17)”.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Largo do Cruzeiro em obras de requalificação



Começaram, no dia 2 de fevereiro, as prometidas obras de requalificação do Largo do Cruzeiro, no lugar da Chave, Gafanha da Nazaré, com um investimento global de 219.500 euros, dos quais 158.300 euros correspondem à reabilitação urbana e 61.200 euros à aquisição, no ano passado, de um terreno. Esta obra vai permitir a reformulação da circulação viária e a requalificação urbana com a criação de uma área de estacionamento e zona ajardinada.
Com o prazo de execução de 150 dias, esta remodelação do Largo do Cruzeiro vai permitir a valorização de um espaço físico com história na Gafanha da Nazaré, ou não fosse o lugar da Chave uma referência no povoamento da região das Gafanhas.
A autarquia ilhavense chama a atenção para as eventuais alterações à circulação viária, devidamente assinaladas.

Fonte: CMI

Gafanha da Nazaré - Manuel Maria Bolais Mónica

A nossa gente 
Monumento ao Mestre Mónica 

Manuel Maria Bolais Mónica nasceu a 11 de junho de 1889, em Ílhavo, na Rua de Alqueidão. Filho do construtor naval, José Maria Bolais Mónica e Joana Loreta. Ainda em 1889, o seu pai mudou o estaleiro da Malhada, em Ílhavo, para a Cale da Vila, na Gafanha da Nazaré.
Após a frequência da escola primária, Manuel Bolais Mónica embarcou, no ano de 1908, no lugre Atlântico, para a pesca do bacalhau.
Mas este homem, empreendedor e visionário, regressa aos estaleiros do pai ainda na primeira década do século XX, tendo seguido com ele para a Figueira da Foz, onde José Bolais Mónica encontrou melhores perspetivas de trabalho na construção naval.
Em 1913 regressou à Gafanha da Nazaré, onde contraiu matrimónio com Maria Ramos, com quem teve 4 filhos. Aqui reabre os antigos estaleiros do pai e, com apenas 27 anos de idade, dirige a construção do navio Adília, cujo bota-abaixo se irá realizar em 1916.
Sabendo tirar partido da revitalização da pesca do bacalhau lançada pelo Estado Novo, muitas foram as embarcações que até 1936 se fizeram à água na Gafanha, contando-se com mais de 25 lugres, entre outras.
Em 1936, o Ministro do Comércio, Teotónio Pereira, aproveita a ocasião do bota-abaixo do lugre Brites, para o condecorar com a Medalha de ouro e o grau de Oficial de Mérito Agrícola e Industrial.
A sua perícia como construtor naval foi novamente reconhecida quando foi convidado para reconstruir a Nau Portugal que deveria figurar na Exposição do Mundo Colonial Português. Porém, o projeto fracassou, pois, a embarcação virou ao chegar à água. Poderíamos pensar que a sua reputação como construtor naval teria ficado manchada, mas, a 18 de janeiro de 1941, o Presidente da República, Marechal Óscar Carmona, atribuiu-lhe a Comenda da Ordem de Cristo.
No período da II Guerra Mundial, os estaleiros do Mestre Mónica prosperavam, tendo mesmo conseguido, com o seu irmão António (a quem pertencia o outro estaleiro da Gafanha da Nazaré) um contrato para a construção de 6 draga-minas para a Marinha Inglesa.
Em 1956, as entidades governamentais convidam-no para construir a Nau Vicente, uma embarcação que se destinava a ser um catálogo do melhor da indústria e comércio nacionais, com particular incidência para os produtos vinícolas.
O Mestre Mónica também investiu noutros ramos, como no sector pesqueiro, armando navios e adquirindo até uma moagem, mas como o próprio chegou a reconhecer nunca alcançou o sucesso que obteve na construção naval. Envolveu-se nas questões do quotidiano gafanhense, pugnando para que a Gafanha progredisse, destacamos a criação da Cooperativa Elétrica da Gafanha, onde consta como fundador.
Faleceu a 16 de julho de 1959, com 70 anos de idade.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Prémio para António Guterres e Latifah Ibn Ziaten

Fraternidade Humana 2021

António Guterres

Latifah Ibn Ziaten

«O secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, e a fundadora da Associação Imad para os Jovens e a Paz, Latifah Ibn Ziaten, foram distinguidos com o prémio Zayed para a Fraternidade Humana 2021, na sequência de uma escolha realizada por um júri composto por membros provenientes de trinta países.
O galardão, evocativo do fundador dos Emirados Árabes Unidos, foi inspirado pelo “Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da paz mundial e da convivência comum”, assinado pelo papa e pelo Grão Imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, a 4 de fevereiro de 2019, em Abu Dhabi, a quando da visita de Francisco ao país.
«Entre as motivações que conduziram à atribuição do reconhecimento estão, em primeiro lugar, os repetidos apelos – durante este ano, em que o mundo inteiro foi arrastado pela pandemia do coronavírus – a um “cessar-fogo global, para [o mundo] se concentrar em conjunto na verdadeira batalha: derrotar o Covid-19», revela a edição de hoje do jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”.»

Ler mais aqui 

Homem exigente

“O homem comum é exigente com os outros; 
o homem superior é exigente consigo mesmo” 

Marco Aurélio (121-180), 
imperador romano

Em Escrito na Pedra do PÚBLICO de hoje

Nota: Tal se pode confirmar no dia a dia das nossas vidas. 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Arrais Gabriel Ançã

A nossa gente

Gabriel Ançã na Costa Nova

Gabriel Ançã nasceu em Ílhavo, a 8 de janeiro de 1845, filho de José Ançã, pescador, e Maria Francisca.
Frequentou a escola primária do Prof. Ratola, na Lagoa, onde foi colega do poeta Alexandre Conceição.
Filho de pescador, acompanhava o pai nas lides da pesca, desde os 7 anos, não só na Costa Nova, mas também na zona de Lisboa, entre novembro e maio, na pesca do sável.
Gabriel Ançã tinha uma grande desenvoltura no mar, por isso, não foi estranho para os demais quando integrou a tripulação do salva-vidas do famoso Patrão Joaquim Lopes. Ao serviço deste, destacou-se no salvamento de uma embarcação inglesa que tinha encalhado no Bugio, junto à foz do Tejo, onde, ao dar-se pela falta de uma criança no regresso do salvamento, o jovem Ançã partiu sozinho no seu encalço, nadando até a encontrar.
Aos 19 anos ascende ao lugar de arrais. Aos 21 anos, a 28 de setembro de 1867, estabeleceu-se em Ílhavo, onde contraiu matrimónio com Maria Rosa de Jesus, a Paroleira, e do qual resulta uma prole de sete filhos.
Um dos primeiros salvamentos a trazer grande notoriedade a Gabriel Ançã terá sido o seu contributo para o socorro dos náufragos do vapor francês Nathalie. Esta embarcação encalhou ao largo da praia da Torreira, no dia 23 de outubro de 1880. As fontes apresentam versões contraditórias sobre o papel do arrais neste salvamento, tendo-se até especulado se este ato se não se deveu unicamente às companhas de Manuel Firmino e à população murtoseira. O que se sabe é que Gabriel Ançã não constava da lista de indivíduos agraciados por este acontecimento pelo governo, embora o mesmo tivesse sido condecorado pelo governo francês. Resta, porém, a dúvida se foi por este ou outro salvamento.
Seis anos mais tarde, a 11 de outubro de 1898, o arrais conseguiu salvar toda a sua tripulação (34 ao todo) ao largo da Costa Nova. Durante uma tempestade, conduziu a embarcação até S. Jacinto à força de remos, não deixando que o ímpeto de nenhum pescador esmorecesse, tendo ele próprio assumido o lugar de um dos remadores, quando a força lhe falhou.
Estes feitos foram reconhecidos quando, em 1886, foi condecorado por D. Luís com a medalha de ouro por distinção, filantropia e generosidade, e, em 1898, recebeu a mesma distinção em prata. Ao todo, Gabriel Ançã registou mais de 90 salvamentos, mas muitas fontes atribuem-lhe 123.

Dia Mundial das Zonas Húmidas





O Dia Mundial das Zonas Húmidas (DMZH) celebra-se hoje, 2 de Fevereiro, sendo previsível que se promovam e apoiem iniciativas no sentido da sua preservação, impulsionadas por diversas entidades, nomeadamente, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas e a Direção Regional do Ambiente.
O DMZH nasceu a partir da criação da Convenção de Ramsar (Irão), em 2 de Fevereiro de 1971, sendo celebrado pela primeira vez em 1997. Mas, afinal, o que são zonas húmidas? Segundo aquela Convenção, entende-se por zonas húmidas as áreas de sapal, paul, turfeira, ou água, sejam naturais ou artificiais, permanentes ou temporários. E mais: água que está estagnada ou corrente, doce, salobra ou salgada, incluindo ainda águas marinhas cuja profundidade na maré baixa não exceda seis metros.
Em resumo, importa ter em conta tudo o que diz respeito à água que é  fundamental à vida, mas também é importante preservar  tudo o que a envolve, garantindo a valorização da biodiversidade, a proteção das linhas de costa, atenuando ainda os efeitos das alterações climáticas.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Ria na maré baixa


Na maré baixa, as gaivotas aproveitam para saborear o marisco que a ria oferece de bandeja.

domingo, 31 de janeiro de 2021

Natureza triste

 

A natureza triste está bem patente nesta imagem. Para além da tristeza da natureza, eu pressinto o desânimo de muita gente por não vislumbrar um futuro risonho a curto prazo.

Pandemias da História


 NOTA: Publicado no PÚBLICO de ontem. 

Leituras para o confinamento: O CÂNONE


“O CÂNONE” é um livro que ouso propor para este período prolongado de confinamento que estamos a viver. Trata-se de um livro com 533 páginas para serem lidas ao sabor da maré, já que apresenta cerca de 50 escritores portugueses já falecidos, com lugar cativo nas estantes de quem gosta mesmo de ler. Para além dos estudos referentes aos selecionados, o livro contém referências a grupos, escolas, movimentos e revistas.
Os responsáveis pela edição de “O CÂNONE”, António M. Feijó, João R. Figueiredo e Miguel Tamen, escolheram os escritores a seu gosto, nem outra atitude seria de esperar. E para tranquilizar os eventuais leitores digo que os ensaios e outros escritos apresentam-se em poucas páginas, pelo que não cansam ninguém.
Na contracapa diz-se que “Foram incluídos ensaios sobre autores conhecidos e celebrados, como Gil Vicente, Eça de Queirós e Fernando Pessoa; e sobre autores menos conhecidos ou celebrados, como o rei Dom Duarte, Frei Luís de Sousa ou Irene Lisboa”. E como curiosidade para mim, no mesmo espaço afirma-se que Florbela Espanca, também incluída em “O CÂNONE”, tem sido menosprezada por “quase todos os críticos”.
Ainda se sublinha que os grandes escritores não foram escolhidos “por consenso ou por votação popular, mas por terem sempre leitores, mesmo que poucos, ao longo do tempo”.
Ao pegar nesta obra, segui uma tendência natural: fui à cata de escritores mais ou menos conhecidos, porém já lidos por mim. Comecei por Agustina Bessa-Luís vista por Pedro Mexia, um conhecido poeta e crítico literário que leio há bons anos. E a partir dai, fui saltando ao sabor dos apetites, próprio de quem está confinado e com tempo para tudo.
Mais uma nota curiosa: os autores dos ensaios e estudos críticos não se limitaram a aplaudir os escritores selecionados; avançaram com considerações interessantes que o leitor comum, como eu, jamais lá chegaria. E “O CÂNONE” também vale muito por isso.
A edição é da Fundação Cupertino de Miranda e Edições Tinta-da-China.

Fernando Martins

Os cristãos e a política

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

Hoje, diante de propostas políticas que abertamente procuram dividir, de forma maniqueísta, a sociedade entre bons e maus, puros e impuros, a pergunta do Evangelho é-nos devolvida, de novo, com maior agudeza: diante destas injustiças, de quem é que me faço próximo?


1. Alguns cristãos de várias denominações (católicos, metodistas, evangélicos, anglicanos, menonitas e presbiterianos) uniram-se em valores base para as eleições presidenciais, mediante a assinatura de um Manifesto. O 7Margens divulgou-o. Não teve a cobertura mediática que a sua significação merecia, não tanto pelo seu número, mas pelo próprio gesto ecuménico, em consonância com o oitavário de oração pela unidade dos cristãos. Mais adiante, tentarei mostrar o seu alcance no contexto da nova teologia política.
Sou dos que se manifestaram contra a febre da criação de partidos confessionais em Portugal, a seguir ao 25 de Abril de 1974 [1]. A eclesiologia do Concílio Vaticano II (1962-1965) tinha superado o papel que, no passado, tinha justificado as chamadas democracias cristãs [2]. Era preciso evitar o uso do nome de Cristo, directa ou indirectamente, para cobertura de práticas económicas, sociais, culturais e políticas em contradição com a sua mensagem e a sua intervenção histórica testemunhada no Novo Testamento.
Muitos cristãos que, nessa altura, se manifestaram contra partidos confessionais envolveram-se em várias organizações políticas, como era normal no pluralismo que se defendia. Para muitos dos católicos, que tinham perdido a esperança nas reformas da Igreja, que o referido Concílio tinha proposto – os chamados vencidos do catolicismo –, o envolvimento na política partidária passou a ser um substituto da religião. Acabaram por engrossar a ambígua designação dos chamados católicos não praticantes.

sábado, 30 de janeiro de 2021

O sentido da vida. 3. Sofrimento e sentido

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

A nossa vida não tem sentido, quando não vale para ninguém. No entanto, suportamos e superamos sofrimentos e fracassos, se alguém nos reconhece

Há uma vivência radical que põe o pensamento em sobressalto. Cada um de nós sabe que não esteve sempre no mundo, isto é, que nem sempre existiu e que não existirá sempre. Houve um tempo em que ainda não existíamos, ainda não vivíamos, e haverá um tempo em que já não existiremos, já não viveremos cá, deixaremos de viver neste mundo. Nesta constatação, experienciamos que somos de nós, somos donos de nós - essa é a experiência da liberdade -, mas não nos pertencemos totalmente, não somos a nossa origem nem temos poder pleno sobre o nosso fim. Viemos ao mundo sem nós - ninguém nos perguntou se queríamos vir - e um dia a morte chega e leva-nos pura e simplesmente. Não nos colocámos a nós próprios na existência nem dispomos totalmente do nosso futuro, não somos o nosso fundamento. Aqui, perante a certeza de que nem sempre estive cá e de que não estarei cá para sempre, pois morrerei, ergue-se, enorme, irrecusável, a pergunta: donde vim?, para onde vou?, qual é o sentido da minha existência?, que valor tem a minha vida?
Esta pergunta formula-se em relação a todos os seres humanos, à vida em geral, a toda a realidade: porque é que há algo e não nada?, perguntaram Leibniz e Heidegger, entre outros, mas ela diz respeito concretamente a cada um, a cada uma, de modo existencial e tem carácter ao mesmo tempo teórico e prático, uma vez que implica a liberdade. Ela é a pergunta mais originária e fundamental, como bem viu Albert Camus: "Se a vida tem ou não tem sentido, essa é a questão metafísica". De facto, o ser humano não pode viver sem sentido. Aliás, a existência humana está baseada na convicção do sentido.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Acompanhar as famílias no luto

Carta Pastoral do Bispo de Aveiro
sobre os dramas da pandemia 

O cristão deve agir com amor, sinceridade, equilíbrio e fé

O Bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, acaba de publicar na página  da Igreja Aveirense uma Carta Pastoral, onde reflete a visão cristã sobre os dramas causados pela pandemia do Covid-19. A Carta — VEDE COMO ERA SEU AMIGO…— dá pistas para todos acompanharmos as famílias enlutados, cujo número não cessa de crescer. “É necessário estar atento àquilo que possa ajudar a conviver com a perda de uma pessoa querida: consolar a quem está em situação debilitada, para que possa restabelecer o equilíbrio e elaborar o processo de luto”, afirma o Bispo de Aveiro, acrescentando que “o cristão deve agir com amor, sinceridade, equilíbrio e fé”, mas ainda explica que “a morte do corpo é somente o começo da vida eterna”.
D. António diz que a perda de alguém traz, inevitavelmente, muita dor e sofrimento. E frisa que “ajudar as famílias a viver o luto envolve um olhar amplo sobre a realidade que vivemos, mas também se inspira no Evangelho, como possibilidade de delinear ações que elevem o ser humano e a sua dignidade perante as perdas”. Reconhece que “cada um vivencia o luto de acordo com a sua personalidade, com as suas perceções, resiliência, e de acordo com os laços que se estabeleciam com a pessoa que partiu,”  adiantando que a comunidade cristã, “precisamente por ser comunidade, deve estar presente e acompanhar estes momentos e passos decisivos da vida dos seus membros, manifestando comunhão e solidariedade”.
Chama ainda a atenção para a necessidade de se “refletir e atualizar o modo como acompanhamos as famílias enlutadas nas nossas comunidades”, estando atentos “àquilo que possa ajudar a conviver com a perda de uma pessoa querida: consolar a quem está em situação debilitada, para que possa restabelecer o equilíbrio e elaborar o processo de luto”. E sublinha que um grupo constituído na paróquia “pode servir de grande conforto e ajudar a superar a dor”.

F. M.

Pode ler a Carta Pastoral aqui

O agir de Jesus provoca admiração e espanto

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo IV do Tempo Comum

"E com o Papa alarguemos o nosso olhar e credenciemos o nosso agir, juntando-nos a tantos/as que todos os dias plantam uma semente de um mundo melhor" 

Com o núcleo dos discípulos recém-chamados – é significativo que sejam irmãos, sinal da fraternidade, Jesus dirige-se a Cafarnaum, cidade que lhe serve de base para a missão que vai iniciar. Marcos, o autor do relato, após fazer a apresentação do Messias, traz para primeiro plano a situação religiosa das pessoas envolvidas nos episódios narrados. Designa-a por cegueira e vai dizendo de quem: das autoridades, do mundo/multidão, dos discípulos. Mc 1, 21-28. 
Elabora um texto emblemático, com as cenas ocorridas na sinagoga onde Jesus, como bom judeu, tinha ido em dia de sábado e começou a ensinar. A primeira, refere a reação das pessoas à sua “homilia”. “Ficaram admiradas com o seu ensinamento” porque “ensinava como quem tem autoridade”. A segunda, relata o exorcismo feito a um possesso que ali se encontrava e bradava: “Eu sei quem Tu és: Tu és o Santo de Deus!”. Jesus responde-lhe: “Cala-te e sai dele”. E assim acontece. A assembleia fica assombrada e pergunta-se: “O que é isto? Um ensinamento novo, dado com autoridade. Ele manda até nos espíritos maus e eles obedecem”. E Marcos acrescenta: “A sua fama espalhou-se por toda a parte, em todas as redondezas da Galileia. 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

COVID-19: Situação dramática em Portugal

Da mensagem  ao país do Senhor Presidente da República 


«O que verdadeiramente importa nestes momentos mais difíceis, e mesmo mais dramáticos, é não perder a linha de rumo, não perder a determinação, não perder a capacidade de resistir, de melhorar e de agir.
Se for verdade que, desta vez, a vaga começou a Ocidente e Portugal é dos primeiros e não dos últimos a sofrer a pandemia, então é preciso agir depressa e drasticamente.
É esse o sentido das medidas, hoje, mesmo, tomadas ao abrigo do decreto que assinei logo após a autorização da Assembleia da República.
Temos de ser mais estritos, mais rigorosos, mais firmes no que fizermos e no que não fizermos – ficar em casa, sair só se imprescindível e com total proteção pessoal e social. Só assim será, efetivamente, viável testar a tempo e rastrear os possíveis infetados. Diminuindo a disseminação do vírus.
Temos de continuar a vacinar sempre melhor e ainda mais depressa. E sem criar especulações que nos enfraqueçam.»

Ler toda a mensagem aqui

Cada dia nos dê o nosso pão



Cada dia nos dê o nosso pão
e comê-lo nos abra aquela casa
de inteligência e coração
onde sentar-se é mesa rasa
de ver quantos não estão
sentados nessa casa.
E comer se ilumina, e abre-se portão,
ou qualquer coisa de brasa
entra no movimento e na palavra,
como se cada gesto e cada som
fosse uma leitura que se abra
dentro da história de não haver senão
a de estarmos à mesa da palavra,
transparentes, à luz de se partir o pã
o.

Fernando Echevarría

In “Obra Inacabada”, 
Afrontamento, 2006

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Dia Internacional do Vinho do Porto




Celebra-se hoje, 27 de Janeiro, o Dia Internacional do Vinho do Porto, porventura o mais renomado vinho de Portugal e até de muitas outras terras do mundo. Estou a falar do que ouço e tenho lido porque não sou, nem de perto nem de longe, pessoa abalizada para classificar bebidas alcoólicas.
Esta celebração tem por finalidade convidar as pessoas a provar um cálice de Vinho do Porto, de preferência acompanhado por familiares e amigos, sem descurar as restrições impostas pela pandemia.
A data foi estabelecida em 2012 pelo Center for Wine Origins, uma instituição dos Estados Unidos da América, da qual o IVDP (Instituto dos Vinhos do Douro e Porto) faz parte, segundo li no Google.
Curiosamente, a 10 de setembro também se comemora o Dia do Vinho do Porto (Port Wine Day), desde 2014, uma vez que foi a 10 de setembro de 1756 que foi criada pelo Marquês de Pombal aquela que é considerada a primeira região demarcada e regulamentada do mundo, o Douro Vinhateiro.
Vamos então comemorar o Dia Internacional do Vinho do Porto, com a certeza de que saborearemos um néctar único no mundo.
Eu vou beber um cálice do vinho da garrafa aqui exibida com décadas de vida em nossa casa. Não posso convidar ninguém porque mal chega para a família.

Fernando Martins

Só à volta da fogueira


Diz-se que falamos do tempo quando não temos mais nada para falar. Porém, eu tenho o tempo por tema somente quando ele me agrada muito ou me desagrada. No caso de hoje, tenho mesmo de falar dele porque sofro  muito com o frio. Talvez seja pela idade que tenho dito e redito, cá por casa, que nunca senti tanto frio na minha vida como este ano. É facto que já sou octogenário e isso deve ser a causa do frio que me tolhe os movimentos.
Contudo, não será novidade para ninguém que há imensa gente no nosso país e até à nossa volta que tem de suportar as consequências do mau tempo, sem meios para se defender. Enquanto eu e muitos outros temos possibilidades de recorrer a diversas formas de criar condições para debelar o frio, muitíssimas famílias têm mesmo que sofrer as consequências deste  e doutros invernos agrestes. E que fazemos nós? Só à volta da fogueira, se houver lenha para manter a chama acesa. 

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Recanto da Colónia Agrícola da Gafanha

 
Escola Municipal de Educação Rodoviária para recreio e formação. Um espaço limpo e arejado. 

Aproveitar o confinamento saudavelmente

Eu e a Lita na zona da muralha 
Três filhos com a Lita junto à Estátua de D. Afonso, 
Conde de Barcelos e Duque de Bragança 
Nas termas, a Lita prova a água com a Aidinha e o Paulinho

O desânimo não leva a parte nenhuma de sentido positivo. Em maré de confinamento necessitamos veementemente de optar pela via positiva. E como é preciso variar, hoje voltei-me para as  fotografias antigas de muitas que tenho por aqui, algumas em caixas e muito poucas em álbuns. O tempo para as arrumar tem escasseado ao longo dos anos. Mas hoje consegui rever umas tantas, que me trouxeram bastantes e agradáveis recordações. 
Começo por Chaves onde passei férias em casa de amigos e no parque de campismo, banhado pelo Tâmega com cidade à vista. Foram tempos de descoberta não apenas da cidade de Chaves, com montras vocacionadas para turistas espanhóis, mas com restaurantes a apostar no que é regional. Pastéis de Chaves e presunto eram reis para os flavienses, para os aquistas e para os veraneantes. Eu engrossava a lista dos dois últimos grupos. 
Com alguma frequência dávamos um salto a Espanha, clandestinamente, que a União Europeia ainda nem sequer sonhada estava. Não ousávamos passar a fronteira, mas seguíamos tranquilamente por carreiros entre terras agrícolas. Chegámos, contudo, a ir de carro com a concordância dos guardas fronteiriços. E na cidade de Chaves, com a sua ponte romana entre outros sinais que atestavam a sua antiguidade, sempre soubemos apreciar o passado no meio do presente que nos envolvia.

Fernando Martins

Rua Eng. Luís Gomes de Carvalho





O Eng.º Luís Gomes de Carvalho nasceu na Atalaia (Vila Nova da Barquinha), a 15 de abril de 1771. Frequentou a Real Academia de Fortificação, onde foi um aluno laureado. Este Engenheiro militar ingressou depois no Real Corpo de Engenheiros, figurando na toponímia ilhavense devido ao seu papel na abertura da Barra de Aveiro, a 3 de abril de 1808, e pelas obras do Porto. 
A abertura da Barra foi uma obra de extrema importância, uma vez que o seu assoreamento estava a causar elevadíssimos prejuízos às salinas da ria e à agricultura da região. Assim, e após diversos apelos das autoridades locais, em 1802, o Ministro do Reino, D. Rodrigo de Sousa Coutinho, encarregou os Engenheiros Coronel Reinaldo Oudinot e o Capitão Luís Gomes de Carvalho de procederem a estudos para abertura da nova Barra. Estes revelaram-se muito semelhantes entre si, tendo sido aprovados pelo Príncipe Regente D. João VI. 
Em dezembro de 1803, o Eng.º Oudinot foi destacado para a Madeira, ficando a obra a cargo do seu genro, o Eng.º Luís Gomes de Carvalho, mantendo-se este até 1823, devido a divergências políticas. 
Luís Gomes de Carvalho foi membro da Real Sociedade Marítima, Militar e Geográfica. Além das obras que possibilitaram a abertura da Barra, foi também responsável por diversos estudos e obras de elevada importância. Destas destacam-se os levantamentos topográficos de Trás-os-Montes, que deram origem à Carta Topographica da parte da provinicia de Trás os Montes compreendida entre o Douro e o Sabor até Bragança, e o plano de melhoramento das condições de acesso à Barra do Douro, chegando mesmo a dirigir as obras do dique na extremidade norte do Cabedelo. 
Faleceu a 17 de junho de 1826, em Leiria. 

NOTAS:

1. Este trabalho foi elabora pelo CDI, no âmbito do projeto "Se esta rua fosse minha";
2. A Rua Eng.º Luís Gomes de Carvalho situa-se mesmo à entrada da Praia da Barra. Foi uma proposta da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, a 20 de junho de 2013, na Comissão Municipal de Toponímia (Ata nº. 12/2013); 
3. Em 1947 foi editado pelo Arquivo do Distrito de Aveiro a Memória Descritiva ou notícia circunstanciada do plano e processo dos efectivos trabalhos hidráulicos empregados na abertura da barra de Aveiro segundo as ordens de S. A. R. o príncipe regente nosso senhor: ou notícia circunstanciada do plano e processo dos efectivos trabalhos hidráulicos empregados na abertura da barra de Aveiro.  Esta obra é prefaciada por Francisco Ferreira Neves. Nela podemos encontrar não só o estudo para a abertura da Barra de Aveiro, como diversa correspondência do Engenheiro. Destacamos o Mapa da Ria de Aveiro que acompanha a obra;
4. Se alguém possuir ou souber da existência de alguma busto em monumento ou registo fisionómico de Luís Gomes de Carvalho, agradeço informação. 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

ATO ELEITORAL: Servidores da democracia

O ato eleitoral decorreu neste edifício escolar, na Alameda Prior Sardo 

Ontem, domingo, foi dia de eleições para a Presidência da República. Apesar do confinamento, não faltei ao cumprimento de um dever cívico, atitude que assumi desde a instauração da democracia em Portugal. Receoso de qualquer contacto físico com pessoas infetadas ou em situação de assintomáticas, cuidei-me mentalmente. 
À chegada percebi que havia um movimento normal, bom sinal, em resposta às perspetivas de grandes abstenções. À entrada, com os devidos distanciamentos, foi-me indicado o caminho para a minha mesa de votação. Caminhos bem definidos e com setas bem visíveis, mas nunca faltaram colaboradores da organização, com predominância de jovens, na ajuda a quem ia chegando. Exercido o cumprimento do meu dever, enquanto cidadão, regressei a casa. 
Este meu escrito tem por finalidade agradecer aos responsáveis pela organização, nomeadamente à Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, mas ainda a todos os que colaboraram neste ato democrático, e muitos foram, pela forma gentil, eficiente e disponível como serviram a nossa comunidade. 
Um bem-haja a todos. 

F. M. 

O Presidente Marcelo foi reeleito



Marcelo Rebelo de Sousa venceu as eleições presidenciais. Era o esperado e desejado pela maioria dos portugueses. Sem se preocupar muito com a campanha eleitoral, sem despesas de maior, sem cartazes nem preocupações e muito tranquilo deixou a léguas os outros candidatos. Ganhou muito mais poder para a sua intervenção política e mais simpatias para voltar ao seu mundo de afetos. Há quem não goste, mas eu gosto bastante de um Presidente que sabe, como poucos, viver a proximidade. 
O Presidente Marcelo é um homem bom, culto, solidário, inteligente, humanista, sensível ao sofrimento, capaz do diálogo a toda a hora, espontâneo nos afetos, natural nos relacionamentos institucionais  e em representação de Portugal, no estrangeiro, dignifica o país e a nossa gente. 
Deste meu recanto, desejo ao Presidente Marcelo as maiores venturas com muita saúde. 

Fernando Martins 

domingo, 24 de janeiro de 2021

A força de um boletim de voto

"Um boletim de voto tem mais força que um tiro de espingarda."

Abraham Lincoln (1809-1865), 
16.º Presidente dos Estados Unidos

Publicado em Escrito na Pedra no PÚBLICO de hoje

Nota: Por esta razão, mas não só, hoje saí de casa para votar, apesar de levar à risca a norma do confinamento. A ideia de alguns candidatos vencerem as eleições para ocuparem o mais alto cargo da hierarquia do Estado justificou o meu esforço.

Vivemos no tempo, não na eternidade

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO


«É na Igreja, a comunidade dos baptizados, que tanto homens como mulheres podem ser convocados para determinados serviços e encargos. Não são nem as mulheres nem os homens que podem atribuir-se, a si próprios, essas funções como se fosse um direito.»

1. Algumas pessoas telefonaram-me para dizer que o 3.º ponto da minha crónica do Domingo passado não respeitava nem o Papa Francisco nem João Paulo II. Chamava bilhetinho desnecessário e, por isso, irónico à Carta Apostólica, Spiritus Domini, do Papa Francisco. Insinuava que Bergoglio recorria a esse estilo por causa da Carta Apostólica de João Paulo II, Ordinatio Sacerdotalis (22.05.1994), da qual deixei apenas a conclusão: “A ordenação sacerdotal, mediante a qual se transmite a função confiada por Cristo aos apóstolos, de ensinar, santificar e reger os fiéis, foi reservada sempre, na Igreja Católica, exclusivamente aos homens.”
Poderia ter sido útil avisar que esta referência se inscreve nas declarações de Paulo VI, de João Paulo II e nos comentários dos Prefeitos da Congregação para a Doutrina da Fé, J. Ratzinger e L. Ladaria. No entanto, o sentido eclesial das minhas intervenções exige o exercício responsável da liberdade, sem o qual o debate teológico não tem qualquer sentido.
Exprimi uma preocupação que é também um desafio. As mulheres lutam, na sua diferença, por um estatuto igual ao dos homens na vida familiar, profissional, cívica, cultural e política. Muitas queixam-se de que, no interior da Igreja católica, a sua diferença é afirmada pela exclusão. Por serem mulheres não são chamadas para exercer os ministérios ordenados que, na organização actual, resultam do sacramento da Ordem e do qual dependem os diáconos, os presbíteros e os bispos.

sábado, 23 de janeiro de 2021

Um sábado para esquecer


Este sábado é um dia para esquecer. O tempo até parece que me bloqueia o cérebro, deixando-me obviamente apático, mas não indiferente à vida. Tenho os pés assentes na terra e estou compenetrado sobre as minhas obrigações cívicas, mas não só. Amanhã, apesar de confinado, quero contribuir para a eleição do Presidente da República (PR). E face à campanha eleitoral que já acabou, felizmente, não terei dúvidas sobre a importância do meu voto. 
Confesso que fiquei muito incomodado com o baixo nível do comportamento de alguns candidatos. Não quero perder tempo com o que alguns exibiram de falta de educação, de ódios pessoais, de desconhecimento das funções do PR, de promessas utópicas, de irrealismo quanto ao país que somos e que desejamos mais desenvolvido a todos os níveis, sem descurar o apoio urgente aos mais desfavorecidos. 
A abstenção elevada pode ser um trampolim para os menos capazes, a serem eleitos,  nos representarem com dignidade e saber. Eu, por isso, quero mesmo votar. 

Fernando Martins

Prior João Ferreira Sardo

Ruas e alamedas da Gafanha da Nazaré


Homenagem do Povo ao seu  primeiro Prior,  
no Jardim 31 de Agosto



João Ferreira Sardo nasceu na Gafanha da Nazaré, filho de João Ferreira Sardo e Clara de Jesus, a 1 de setembro de 1873. 
Frequentou o Seminário Maior de Coimbra, onde, segundo o Padre José Fidalgo, seu sobrinho-neto, foi um aluno notável. Ordenado, a 30 de julho de 1898, foi logo nomeado Capelão da comunidade da Gafanha da Nazaré, funções que exerce até 10 de setembro de 1910, data em que é nomeado Pároco Encomendado da nova freguesia da Gafanha da Nazaré. Esta comunidade pertencia a S. Salvador, tendo a ação e o grande empenho do Prior Sardo sido fundamentais no processo de criação da nova freguesia. 
A sua ação evangelizadora não se ficava pelo plano meramente espiritual, desempenhando um papel fundamental no progresso da vida quotidiana da sua comunidade. São inúmeros os testemunhos que encontramos nos sermões religiosos, onde incitava a hábitos de vida mais saudáveis por parte da população, fundamentando que uma casa limpa significava uma alma purificada. 
Para auxiliar nesta missão de construção de uma Gafanha próspera fundou, em 1902, a Irmandade de Nossa Senhora da Nazaré e, em 1904, o Apostolado da Oração. 
A sua ação ao serviço da Gafanha e da sua população não se restringiu unicamente ao serviço religioso, sabemos que era proprietário e gerente de uma empresa de bacalhau e que foi autarca. 
Politicamente, exerceu o cargo de Vice-presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, tendo mesmo assumido a Presidência interinamente nos períodos de 27 de março de 1909 a 2 de janeiro de 1910 e depois de 4 de julho de 1910 a 4 de setembro de 1910. Neste seu período, enquanto autarca, é de notar a construção da antiga estrada que ligava o Matadouro Municipal da Gafanha de Aquém à Cale da Vila, tendo assumido o pagamento desta obra quando esteve à frente da edilidade. 
Em 1910, inicia a dinamização da construção da Igreja Matriz da Gafanha da Nazaré, que, segundo a sua opinião, deveria ocupar o centro geográfico do lugar. Esta será inaugurada a 14 de janeiro de 1912. 
Antes do seu falecimento, a 25 de julho de 1921, benzeu o Cemitério, onde veio a ser sepultado, após a sua morte a 20 de dezembro de 1925.

Informação Memorial sobre o Topónimo

O Prof.º Fernando Martins, refere num artigo que assina no blog da Paróquia da Gafanha da Nazaré, que a «A Alameda Prior Sardo é uma justa homenagem ao primeiro gafanhão que concluiu um curso superior e que desempenhou, nesta sua e nossa terra, um papel relevante a nível religioso, social, cultural, administrativo e até político».


Informação Histórica do Topónimo


1. Trabalho elaborado pelo CDI (Centro de Documentação de Ílhavo), integrado no projeto "Se esta rua fosse minha";

2. Na Gafanha da Nazaré, uma das muitas homenagens que encontramos ao primeiro pároco da freguesia, é a Alameda Prior Sardo. Encontra-se referida no Plano Geral de Urbanização das Gafanhas (1984).

O Papa Francisco e o desporto. 3

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

'Mais vale uma derrota limpa do que uma vitória suja.' Desejo isto para toda a gente, não só para o mundo do desporto. É a forma mais bela de jogar a vida com a cabeça erguida. Que Deus nos conceda dias santos. Por favor rezem por mim, para que não desista de treinar com Deus."


Os jornalistas da Gazzeta dello Sport perguntaram-lhe se tinha pensado em escrever uma encíclica sobre o desporto. Francisco: "Explicitamente não, mas há muitos elementos dispersos nas minhas intervenções, sugerindo, por exemplo, como o desporto pode ajudar ou pelo menos dar um contributo para a globalização dos direitos. A cada quatro anos há os Jogos Olímpicos, que podem servir de farol para os navegantes: a pessoa no centro, a pessoa orientada para o seu desenvolvimento, a defesa da dignidade de todas as pessoas. Contribuir para a construção de um mundo melhor, sem guerras nem tensões, educando os jovens através do desporto praticado sem discriminações de nenhuma espécie, num espírito de amizade e de lealdade."
Jogos Olímpicos. "O lema olímpico Citius, Altius, Fortius (Mais veloz, Mais alto, Mais forte) é belíssimo. Com os cinco círculos e a chama olímpica é um dos símbolos dos Jogos. Não é um convite à supremacia de uma equipa sobre a outra, ainda menos a uma espécie de incitamento ao nacionalismo.
É uma exortação aos atletas, para que tendam a trabalhar sobre si mesmos, superando de modo honesto os seus limites, em ordem a construir algo de grande, sem se deixar bloquear por eles. Tornou-se uma filosofia de vida: o convite a não aceitar que alguém assine a vida por nós."

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