terça-feira, 14 de abril de 2020

TRANQUILIDADE



Às vezes imagino-me a gozar uma tranquilidade como a que este meu registo sugere. Tranquilidade, em dias agitados, deve ser assim, longe do bulício dos nossos quotidianos. Envolvido pelo silêncio, embalado pelo arvoredo, um bom livro para enriquecer o espírito com uma história bem urdida, o chilrear da passarada que por ali ciranda e que mais precisaria eu?

AS MÁSCARAS



Está decidido: Temos todos de usar máscaras. Só falta o decreto para regulamentar o seu uso. Quando e onde ou sempre. Sem ela, pelo que ouço, jamais. Mais vale prevenir que remediar. E se é certo que o Covid-19 continua por aí, então todo o cuidado é pouco. Realmente, temos que nos habituar à ideia de que a vida tem de prosseguir a marcha, pois parados não chegaremos a lado nenhum. Com a pandemia o mundo parou. Comeu-se e bebeu-se o que se poupou... e se não arrepiarmos caminho teremos como meta um fim sem honra nem glória. Todos precisamos de trabalhar. As indústrias e comércios têm de abrir portas.Têm de produzir. E nós necessitamos de comprar. As escolas têm de preparar para a vida os que estão com idade para isso. O futuro do mundo está nos que as frequentam hoje. E se a máscara nos pode defender de alguns perigos, por que razão as havemos de rejeitar? Perigoso é andar sem ela... Quem me dá umas dicas para fazer as minhas máscaras?

domingo, 12 de abril de 2020

A MORTE NÃO PODE SER A ÚLTIMA PALAVRA

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

"Não vale a pena repetir que o ser humano não tem conserto. Estamos sempre a tempo, em qualquer idade, de nascer de novo."

1. Não há liturgia cristã que suspenda as leituras do Antigo e do Novo Testamentos, por vezes acompanhadas pela grande música e integradas numa celebração ritual. Na Semana Santa são, por regra, muito mais abundantes. Exigem o auxílio de uma boa cultura bíblica, bastante ausente da maioria das assembleias. Não se deve confundir uma celebração litúrgica com uma imaginária reconstituição do passado, do mundo que já não existe. É certo que algumas homilias tentam situá-las no presente mediante considerações e aplicações, muitas vezes de pendor pietista e moralizante que amortecem a imaginação em vez de a incendiar. Existem e sempre existiram belas excepções.
O mundo desses textos, a história turbulenta e dilacerada da Cristandade em que foram acolhidos, pensados, celebrados, traídos e retomados como fonte de luz, não fazem do Cristianismo uma religião do Livro como acontece, por exemplo, com o Islão.
Não pode haver culto da Sagrada Escritura. Sagrado é Aquele de quem elas testemunham, Aquele que se fez “carne”, isto é, fragilidade humana. O Verbo de Deus não se fez Livro.

O CALVÁRIO DO MUNDO E A SANTA ESPERANÇA

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

1. Pascal, um dos maiores matemáticos e cristãos de sempre, tinha prevenido nos Pensamentos: "Jesus estará em agonia até ao fim dos tempos. É preciso não dormir."
Na Paixão de Jesus, estamos todos, pois os figurantes são exactamente os mesmos: Judas que não percebeu Jesus (esperava um messianismo de poder político) e o entregou; os sacerdotes do Templo, Herodes, Pilatos, que o condenaram à morte e morte de cruz; Pedro, o homem generoso, mas que, por cobardia, o negou; os discípulos que, apavorados, fugiram; os soldados que o torturaram, cumprindo ordens; o Cireneu que, embora um pouco forçado, o ajudou; os dois, talvez "terroristas", que o ladearam na cruz: um continuou a blasfemar, o outro compreendeu e Jesus prometeu-lhe o Paraíso com ele naquele próprio dia; o centurião reconheceu:"Verdadeiramente este homem era Filho de Deus"; as mulheres nunca o abandonaram e ali estiveram em pé. E Jesus, que, no Getsêmani sentiu pavor e pediu, em lágrimas e suando sangue, a Deus, seu Pai, que, se fosse possível, o libertasse daquele horror, talvez, transportando a cruz, o tenha assaltado a dúvida: valeu a pena?; morreu, perdoando a todos; sentindo-se abandonado e só, gritou aquela oração que ecoa através dos séculos: "Meu Deus, meu Deus, porque é que me abandonaste?", mas continuando a confiar: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito".

A HUMANIDADE RESSUSCITARÁ PARA UM ESTILO DE VIDA RENOVADOR

O grupo com a Cruz que nos visitou em 2017 (foto dos meus arquivos)

Neste Domingo de Páscoa, que hoje se celebra no recolhimento interior e no confinamento por força do COVID-19, levantei-me mais cedo. Quis aproveitar o dia todo para o saborear em plenitude, evocando pessoas, familiares e não só, que foram e ainda são, algumas, companheiras de jornada, nos caminhos de oito décadas. Como num filme a cores, ouço as suas vozes e os seus cantares, recordo conversas com histórias que perduram na minha já cansada memória e revivo tradições que se foram alterando no tempo até caírem em desuso. 
No Domingo de Páscoa, logo de manhã, era preciso assinalar que em nossa casa morava gente cristã do rito católico à espera da visita pascal. Uns verdes na porta de entrada que dá para a rua assinalava o desejo de receber a Cruz com o Cristo enfeitado com flores. Já não era o Cristo do Calvário. A Ressurreição, que a Páscoa celebra festivamente, era sinal de alegria e de fé para quem acredita que o Mestre se tornara no Salvador. Este ano, porém, o coronavírus veio ditar leis impensáveis há umas semanas. A visita das Boas Festas anunciadas pela campainha não terá lugar. As famílias não se reúnem, as inquietações abafam convívios tão enriquecedores, os temores fecham portas à alegria, os afilhados não podem visitar os padrinhos, o almoço festivo passa a almoço sem risos e sem expressão. Nuvens negras ameaçam o futuro de todos. Resta-nos a certeza de que a humanidade ressuscitará para um estilo de vida renovador. 

Fernando Martins

sábado, 11 de abril de 2020

QUEM FOI O PINTOR QUE TAIS TINTAS USOU?


Quem foi o pintor que tais tintas usou? E quem o inspirou? A natureza fez tudo.

COM JESUS RESSUSCITADO, VENCER AS SITUAÇÕES DE MORTE

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo da Páscoa

"A Páscoa de Jesus, afirma o bispo de Aveiro, é uma ocasião propícia para pensarmos a sociedade e a nossa vida cristã de uma forma diferente"

A manhã de Páscoa desperta serena com Madalena agitada a correr para o túmulo de Jesus. Era ainda escuro. Mas já raiava o clarão da aurora que se avizinha. Corre para sintonizar com o ritmo do seu coração, com o desejo de prestar os últimos cuidados ao cadáver de Jesus, com a vontade de certificar mais uma vez o sucedido, com o “pressentimento” de que algo de novo pode acontecer, pois o amor é mais forte do que a morte. A saudade revela-se um bom caminho para o encontro da verdade. Jo 20, 1-9.
Chegada ao local, depara-se com o sepulcro vazio e tudo arrumado “a preceito”. Pelo seu espírito perpassa a certeza afirmada: Levaram o Senhor e não sabemos onde O puseram, certeza que transmite a Simão Pedro e ao discípulo amado. Estes partem imediatamente para confirmar a notícia, seguindo cada um a cadência do seu passo. Chegam, aproximam-se, observam, entram no sepulcro e vêem que a realidade condizia com o que lhes havia dito Maria Madalena.

A UM CRUCIFIXO

Cristo que muda de expressão (Museu de Aveiro)
1

Abençoada a morte que sofreste...

Mil vezes santo, Jesus.
o peso da Tua cruz
e santa a esponja de fel
que Te chegaram aos lábios...
E os pregos que Te pregaram as carnes...
Ah!, que eu bendiga todos os insultos,
todas as troças e todas
as pedradas...

Como saber de Deus e amá-Lo, sem ter visto
esse olhar de piedade e de perdão
por tudo que Te fizeram?

2

Em que sítio, em que tempo,
tive eu assim um Irmão
Que olhava assim como Tu?

Mas em que longe,
em que tão longe dia.
que, se não fosse agora o Teu olhar
a despertar
minha memória adormecida,
nunca mais me lembraria
de que tivera um Irmão?

         -  Abençoada vida,
          abençoada a morte que sofreste...


Sebastião da Gama
in “Serra-Mãe”
Poemas

sexta-feira, 10 de abril de 2020

NÃO É NADA FÁCIL O MOMENTO QUE ESTAMOS A VIVER

Não é nada fácil o momento que estamos a viver. Não tanto pelo isolamento que nos foi imposto, mas pelas incertezas que pairam sobre nós. Sabemos como tudo começou, mas nada sabemos sobre o fim do pesadelo. 
Já disse por aqui que até gosto de silêncios, de refúgios e de alguma solidão, desde que me não sejam impostos. A liberdade de ser e estar, de poder escolher e decidir, de ficar isolado e de sair faz parte da minha real independência. Nunca gostei de ser agrilhoado, dependente, menorizado. Contudo, nesta altura da pandemia sinto-me triste por não vislumbrar no horizonte saída para este estado de alma. 
Leio e ouço pregar que depois deste pico nas curvas incertas dos atingidos pelo COVID-19, provavelmente ou garantidamente, como já ouvimos, outras se seguirão sem datas marcadas. E o medo que nos assalta a toda a hora, com notícias de terror, qual filme macabro para apreciadores, não deixam dúvidas de que a pandemia está para durar. 
Para já, prometo que tenciono reduzir ao mínimo a informação sobre a guerra provocada por um vírus mais poderoso que todas as bombas atómicas e outras que a humanidade já sofreu. 

Fernando Martins

quinta-feira, 9 de abril de 2020

PAPA ELOGIA PROXIMIDADE SACERDOTAL

Papa Francisco na Missa da Ceia do Senhor
Participei hoje, em espírito, via televisão, à Missa da Ceia do Senhor, presidida pelo Papa Francisco, na Basílica de São Pedro, sem a participação do povo. As imposições do COVID-19 determinaram que assim fosse, mas não quebraram o simbolismo da cerimónia. Talvez por isso, até me senti mais concentrado, fixando a postura do Papa Francisco com muito respeito e grande admiração. 
Na homilia, proferida de improviso, o Santo Padre homenageou todos os sacerdotes que «ofereceram a vida pelo Senhor». «Nestes dias, morreram mais de 60 padres, na Itália, ao serviço dos doentes, nos hospitais», disse o Papa Francisco. 
O Santo Padre salientou a necessidade de estarmos mais atentos aos «santos da porta do lado», aos padres que «deram a vida» e aos médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, cuja entrega aos outros tem estado bem patente no contexto da pandemia devastadora, sem fim à vista. 
Depois de sublinhar que «todos somos pecadores», recordou os capelães prisionais, os missionários que morreram longe da sua pátria, os sacerdotes anónimos, os padres das aldeias, que «conhecem as pessoas» pelo nome, num elogio à «proximidade sacerdotal», que todos reconhecemos como fundamental nos tempos atuais.
Francisco recordou ainda os sacerdotes que são «caluniados», insultados na rua, por causa da crise dos abusos sexuais de menores; os padres que sofrem com alguma crise interior; os sacerdotes «pecadores», para que não se esqueçam de «pedir perdão».

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A BELEZA E O SEU CONTRÁRIO



Para a história do Moliceiro: A beleza do ex-líbris da ria e o seu contrário.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

A FÉ NÃO É COISA ADQUIRIDA

“Muitas vezes pensamos que a fé é uma coisa adquirida, uma espécie de assentimento da alma que permanece intocado, sem variações, ou então que é um bem que nos foi transmitido e que transmitiremos a outros ou então é um elemento de cultura que nós herdamos, como se a fé nunca atravessasse o drama, como se a fé não fosse o que ela é: um palco onde, no estremecimento, o sim ou o não se decidem, o seguimento ou a recusa de Jesus podem e estão sempre a acontecer” 

Cardeal  José Tolentino

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terça-feira, 7 de abril de 2020

ESTOU EM DIA NÃO...


Estou em dia não. Deduzo isso pela falta de vontade de fazer seja o que for. Também ainda não consegui ler nada de jeito. Muito menos escrever e falar. Há dias assim... e o coronavírus nada tem a ver com isto. Se fosse supersticioso, diria que adivinho coisa ruim. Como não sou, admito um certo cansaço. 
Teimando comigo, insisto em escrevinhar estas linhas para demonstrar a mim mesmo, se é que tal é preciso, que a nossa força de vontade tem de superar sempre alguma tendência para o nada fazer. Se pudesse, faria como o cidadão da foto. Fica para outro dia.
Boa preparação para a Semana Santa. 

F. M. 

JUNTOS PODEMOS FAZER GRANDES COISAS


«Eu posso fazer coisas que tu não podes, tu podes fazer coisas que eu não posso; juntos podemos fazer grandes coisas.» 

Madre Teresa de Calcutá 
(1910-1997), religiosa 

In Escrito na Pedra do PÚBLICO de hoje

segunda-feira, 6 de abril de 2020

FAROL DEBAIXO DO GUARDA-CHUVA...


Sem contar, fotografei o nosso Farol e por pouco não o abriguei da chuva que caía. Fica para a próxima...

O TEMPO QUE AÍ ESTÁ!



O tempo que aí está! Chuva e frio em plena Primavera. Triste como o Inverno rigoroso que não queremos aceitar. É como a tristeza da Semana Santa que nos abre as portas à alegria da ressurreição. Ressurreição que é vida renovada na fé dos crentes e na natureza que floresce para frutificar nas épocas próprias.
Boa Semana Santa para todos.

domingo, 5 de abril de 2020

TECER REDES DE ESPERANÇA

Crónica de Bento Domingues 


«A morte não podia ser a última palavra porque, na sua morte, Jesus deu futuro àqueles que o matavam.»

1. Li comovido e meditei a homilia do Papa Francisco, do dia 27 de Março, na praça vazia de S. Pedro, cheia do mundo inteiro. Dou graças a Deus pela presença activa desta voz que congrega as energias de todas as pessoas que tecem redes de esperança, neste tempo ferido de guerras, fomes, exclusões e agora pelo devastador covid-19.
Essa voz de um corpo fragilizado reúne, no mesmo cuidado, os povos do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, crentes e não crentes, a começar pelos mais pobres, doentes e desprotegidos, acompanhados pelas pessoas que arriscam a própria vida para não deixarem esse vasto mundo sem protecção e consolo.
São estas pessoas que estão a incarnar, de forma heróica, nestes meses de Março e Abril – e não sabemos por quanto tempo ainda serão indispensáveis – a ética samaritana a que me referi nesta coluna [1].
Esta pandemia está a precisar de muitas redes de cirineus que ajudem a levar a cruz das suas inumeráveis vítimas, agora e no futuro. Também elas precisam da manifestação da solidariedade agradecida de todos os cidadãos de alma magnânima.
Hoje, é Domingo sem Ramos das muitas comunidades cristãs de todos os continentes. Pode-se falar de Semana Santa por causa do infinito perdão pedido por Jesus Cristo, do alto da cruz, para todos os que colaboraram no seu assassinato legalizado com apoio popular. É uma celebração que nasce das narrativas do Novo Testamento, acerca das quais dispomos de excelente produção de crítica histórica, exegética, teológica e litúrgica, bastante ignorada [2].
Como escreveu Frederico Lourenço, na sua introdução aos Evangelhos, é provável que estes quatro textos nem merecessem, ao leitor culto da época, o alto estatuto de literatura. No entanto, estes textos conquistaram o mundo antigo, tanto grego como romano.

A SABEDORIA DE VIVER. 2

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias


Como prometido, dou continuidade à crónica da semana passada, com pensamentos, estórias, contos..., a partir das “sabedorias do mundo”. 
Atendendo à situação de confinamento em casa, resumo, numa segunda parte, dez conselhos do dominicano Frei Betto, que, durante a ditadura brasileira, esteve detido em celas de isolamento. 

I. A sabedoria de viver (continuação) 

4. Paciência inteligente 

4.1. “A paciência é um remédio universal para todos os males”. (Provérbio nigeriano). 
4.2. “Um adolescente japonês foi ter com um mestre de artes marciais e perguntou-lhe quanto tempo seria necessário para aprender esta arte. 
— ‘Dez anos’, disse-lhe o mestre. 
— ‘Dez anos? É demais. Nunca terei força para esperar!’. 
— ‘Então, vinte anos’, disse-lhe o mestre.” (Conto japonês). 
4.3. “Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que agora consagrava a sua vida a ensinar o budismo zen aos jovens. Apesar da sua idade, murmurava-se que era ainda capaz de enfrentar qualquer adversário. Um dia chegou um guerreiro conhecido pela sua total falta de escrúpulos. Era célebre pela sua técnica de provocação: esperava que o seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência rara para aproveitar-se dos erros cometidos, contra-atacava com a rapidez do raio. Este jovem e impaciente guerreiro nunca tinha perdido um combate. Como conhecia a reputação do samurai, tinha vindo para vencê-lo e aumentar a sua glória. 
Todos os estudantes se opunham a esta ideia, mas o velho mestre aceitou o desafio. Reuniram-se todos numa praça da cidade e o jovem guerreiro começou a insultar o velho mestre. Atirou-lhe pedras, cuspiu-lhe na cara, gritou dizendo todas as ofensas conhecidas, incluindo ofensas contra os seus antepassados. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível. Ao cair da noite, esgotado e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.

sábado, 4 de abril de 2020

ACHEI AS PÉROLAS QUE TINHA PERDIDO



Em 7 de maio de 2008, registei, no Forte da Barra, esta imagem que guardei num recanto qualquer dos meus caóticos arquivos. Não sei se a publiquei. Só sei que a perdi, mas dela me lembrei algumas vezes. Na hora do batismo dei-lhe o nome de pérolas, penso que com oportunidade. Hoje reencontrei-me com ela, partilhando-a agora com os meus amigos,  com desejos de uma Páscoa sem o bicho horrendo que dá pelo nome de COVID-19.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

PRÉMIO ÁRVORE DA VIDA PARA EDUARDO LOURENÇO

«O ensaísta Eduardo Lourenço foi distinguido com o Prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes 2020, atribuído pela Igreja católica, através do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, para destacar um percurso ou obra que, além de atingirem elevado nível de conhecimento ou criatividade estética, refletem o humanismo e a experiência cristã.
«Numa atenção compreensiva e crítica aos problemas culturais e sociais emergentes no mundo contemporâneo e numa renovadora mitografia do ser lusíada, desde há meio século Eduardo Lourenço constituiu-se no mais reputado pensador português da atualidade», destaca a justificação do júri, que atribuiu o Prémio por unanimidade (texto integral nos artigos relacionados).»

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RAMAL DO PORTO DE AVEIRO CELEBROU ANIVERSÁRIO


A institucionalização do Dia do Porto de Aveiro ocorreu a 3 de abril de 2006, data que evoca a abertura barra naquele dia e mês de 1808, graças ao saber e arte de Luís Gomes de Carvalho. Na altura, o acontecimento foi considerado por ele como o 2.º Dia da Criação, como se lê na carta que endereçou ao príncipe regente D. João, futuro rei D. João VI, que se encontrava no Brasil para aí manter as chaves do poder, ameaçadas pelos tropas napoleónicas. 
Desde então e até aos nossos dias, o Porto de Aveiro tem contribuído para o desenvolvimento da região e do país com projeção em vários quadrantes mundiais, movimentando mercadorias e apoiando pescas, com registos que não param de crescer. 
Presentemente, o Porto de Aveiro já ocupa um honroso 4.º lugar no ranking dos portos nacionais, depois de Lisboa, Leixões e Sines, sendo justo salientar que o nosso porto tem quatro grandes valências: Porto Comercial, Industrial, Pesca Costeira e Pesca Longínqua. 
No passado mês de março, no dia 27, cumpriram-se dez anos da inauguração do Ramal Ferroviário que nos liga à Europa, depois de um moroso processo de mais de três décadas que fez parte integrante do Plano Diretor de Desenvolvimento e Valorização do Porto e Ria de Aveiro, elaborado em 1974. 
A APA (Administração do Porto de Aveiro) refere, em nota alusiva à efeméride, que nesta década circularam pelo Ramal 6225 comboios, tendo chegado a atingir o valor de quatro composições diárias no período de um ano, o que equivale a uma cota modal de 30% para a exportação e 15% para o total do tráfego. Sublinha a mesma nota que a eletrificação do Ramal do Porto de Aveiro ficou concluído em 2015, o que permite a mudança para locomotivas elétricas, que potenciam o desempenho ambiental daquela via. 
Refere ainda que estimativas de meados de 2016 apontavam para perto 5900 veículos (50 por dia) e uma redução de cerca de 90% de CO2, tendo em conta o padrão de veículo normalmente utilizado para o trânsito de mercadorias em causa. 
É oportuno frisar que o Porto de Aveiro tem dialogado com autarquias e instituições voltadas para as questões ambientais, nomeadamente a ADIG (Associação para Defesa dos Interesses da Gafanha) e departamentos estatais, no sentido de preservar a qualidade do ar, no respeito pelas pessoas das freguesias vizinhas das áreas portuárias. 

Fernando Martins 

O MEU LUGAR NA PAIXÃO DE JESUS

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo de Ramos

Aproximam-se os dias da Páscoa e Jesus procura um local condigno para a sua celebração. Encarrega os discípulos desta tarefa e dá-lhes instruções precisas. Vão à cidade, encontram a pessoa indicada, (possivelmente amiga), transmitem-lhe o desejo de Jesus e esta aceita ser hóspede do grupo. Lc 22, 14-23.56.
A celebração da ceia pascal acontece, fruto desta colaboração generosa, em que muitos intervêm, sobretudo Jesus que realiza a suprema maravilha da Eucaristia, antecipa para “sinais” o que vai suceder e abre horizontes de esperança aos limites do tempo.
Timothy Radcliffe, teólogo dominicano, no artigo intitulado “No isolamento, dar vida a gestos de comunhão”, afirma: “No coração da fé cristã há um homem morto em total isolamento. Foi erguido sobre a cruz e, acima da multidão, sem qualquer contacto, transformado em nu objeto. Parece até que se sentiu separado do Pai, e as suas últimas palavras, segundo os Evangelhos de Marcos e de Mateus, foram: «Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste?». Naquele momento, Ele não só abraçou as nossas mortes. Ele fez totalmente sua a solidão que todos nós, por vezes, suportamos, e que milhões de pessoas estão hoje a viver”.

terça-feira, 31 de março de 2020

O COVID-19 E OS MAIS VELHOS


Ser velho é um dom para quem lá chega, sobretudo se mantiver lucidez. É sinal de que viveu, passou por imensas experiências e pode transmitir saberes. Todos percebemos que, por razões diversas, muitos se desinteressam da vida ou são levados a isso por pressões, dificuldades, incapacidades ou descuidos dos que os rodeiam no dia a dia. Os velhos necessitam, tão-só, de se sentir úteis, ativos, interessados pela vida e envolvidos em atividades compatíveis com as suas situações de saúde. 
Vem isto a propósito do que nos tem mostrado a calamidade provocada pelo coronavírus (COVID-19), com destaque para os que vão morrendo. Fragilizados, porventura desmotivados, não tiveram tempo nem forças para sobreviver dignamente. 
Todos sabemos que há lares e famílias que cuidam dos seus idosos com muito amor, proporcionando-lhes razões para se sentirem úteis, dando-lhes tarefas motivadoras e criativas, onde cada um possa sentir-se como agente ativo de uma sociedade integradora. Há idosos com sensibilidades desaproveitadas, com artes nunca exibidas, com conhecimentos camuflados, com saberes por partilhar. 
Não ignoramos que há pessoas que vão perdendo capacidades físicas e mentais com o passar dos anos, mas também sabemos que a vida agitada das sociedades vai descartando os mais velhos, como quem descarta coisas inúteis. E se é verdade que o envelhecimento é fruto dos avanços da medicina e da qualidade de vida que a nossa sociedade tem permitido, também é certo que todos teremos de dar o nosso contributo para a dignificação dos que tanto nos deram. 

Fernando Martins

O QUE OS PRENDE ALI?


Pelo jeito, é um casal de rolas. Macho mais emproado e fêmea mais tímida. O que os prende ali? Hora de descanso em tarde friorenta? Pensativos quanto ao futuro? Filhos que desapareceram? Temerosos pelas tempestades anunciadas? Fome? Sonhos de uma primavera que tarda em chegar? Algum milhafre à vista? 

F. M.

PERMANECER EM CASA...

A cadeira está à minha espera
O Governo, através dos meios de comunicação social, lembra o que foi decretado para evitar a propagação do coronavírus. Os resultados ainda não são conhecidos porque os números teimam em chegar mais alto, estando longe o cume da montanha. Só quando se iniciar a descida é que poderemos respirar de alívio. Para já, persistem todas as dúvidas sobre uma pandemia como nunca se viu na minha geração. 
Permanecer em casa será doloroso para muitos, quer por conviverem mal com o isolamento quer por necessitarem da natureza, da brisa refrescante e do contacto com vizinhos e amigos. 
Eu sou dos que apreciam estar em casa para ler tranquilamente, conversar com quem chega, ouvir a música que me devolve a harmonia e atualizar as notícias sobre o maldito bicho, na esperança de mais dia, menos dia, me congratular com a sua derrota. 
Os estragos estão a ser medonhos, de tão inesperados e mortíferos estarem a ser, mas depois, quando voltarmos à vida normal, se é que poderemos considerar uma vida normal a que se seguir, outras catástrofes se esperam. A economia do país, das empresas, das famílias e dos trabalhadores há de mostrar os rastos da passagem do coronavírus. 

F. M. 

domingo, 29 de março de 2020

NASCER DE NOVO

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

É o ser humano que, ao desumanizar-se, corrompe a natureza. As dimensões da questão ética são globais.

1. Se, como foi noticiado, o cardeal Burke tiver dito, perante as ameaças da covid-19, “que devemos poder orar nas nossa igrejas e capelas, receber os sacramentos e participar em actos de oração pública”, espero que alguém o convença a despir-se das pompas cardinalícias, a envolver-se em saco e cinza para pedir perdão, através dos meios de comunicação social, a crentes e não crentes por essa pouca vergonha [1].
Passemos ao título desta crónica. É a proposta mais séria para não alimentar ilusões para depois do presente pesadelo colectivo. Antes, porém, importa lembrar algumas evidências esquecidas para nos situarmos, com lucidez, neste tempo de agendas suspensas ou alteradas.
O ser humano surgiu na terra como um dos menos equipados e mais desarmados do reino animal. Os seus instintos são rudimentares e parcas as suas defesas.
Essa situação escondia um tesouro único no seu corpo revelado pela palavra que o singulariza. É o tesouro da inteligência emocional, da razão discursiva, do afecto desinteressado, da liberdade criadora e destruidora, da imaginação, a louca da casa para o bem e para o mal.
São recursos inesgotáveis. A partir de elementos preexistentes, possibilitam o gosto de estabelecer conexões mentais surpreendentes, de inventar, de inovar, de criar e recriar. Como escreveu Einstein, a criatividade é a inteligência a divertir-se [2].

A SABEDORIA DE VIVER

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Num número especial de “Philosophie magazine” passa-se em revista as “sabedorias do mundo” e refere-se concretamente a Índia, a China, o Japão, as Américas e a África. Dele retirei alguns provérbios, contos, estórias..., que levam a pensar. Aliás, grandes pensadores europeus, como Schopenhauer e Heidegger, foram beber a essas sabedorias, sobretudo às sabedorias orientais, inspiração para a sua filosofia. 
Em tempos de imediatismo consumista e alarve, quando a banalidade impera e o prazer e o ter são corrosivamente tudo, é bom parar e ouvir, no silêncio, a voz da sabedoria e do sentido. É esse o propósito simples do que aí fica.

1. A sabedoria

“Um dia, um homem veio ver um sábio e perguntou-lhe: Mestre, que devo fazer para adquirir a sabedoria?” O sábio não respondeu. Tendo repetido várias vezes a pergunta sem resultado, o homem retirou-se. Mas regressou no dia seguinte e fez a mesma pergunta: “Mestre, que devo fazer para adquirir a sabedoria?” Não recebeu resposta. Veio de novo no terceiro dia: “Mestre, que devo fazer para adquirir a sabedoria?” Por fim, o sábio dirigiu-se a um lago e, entrando na água, pediu ao homem que o seguisse. Chegado a uma profundidade suficiente, agarrou-o pelos ombros e manteve-o debaixo da água, apesar dos esforços que ele fazia para se libertar. Ao cabo de uns instantes, o sábio largou-o e, quando o homem voltou, com grande dificuldade, a respirar, o sábio perguntou-lhe: “Diz-me, quando estavas metido dentro da água, qual era o teu maior desejo?” Sem hesitação, o jovem respondeu: “Ar! Ar! Precisava de ar!” – “Não terias preferido a riqueza, os prazeres, o poder, o amor? Não pensaste em nenhuma destas coisas?” – “Não, Mestre, eu precisava era de ar e só pensava nisso.” – “Pois bem, continuou o sábio, para adquirir a sabedoria, é preciso desejá-la tão intensamente como há pouco desejaste ar. É preciso lutar por ela, excluindo toda e qualquer outra ambição na vida. Ela deve ser a única aspiração, noite e dia. Se procurares a sabedoria com esse fervor, encontrá-la-ás um dia.” (Conto filosófico).

sábado, 28 de março de 2020

E A MISSA?

Igreja mais aberta a novos horizontes


Há um velho ditado que ouvia em pequeno e que levava a sério: “Não há sábado sem sol, domingo sem missa e segunda-feira sem preguiça.” Era recordado com frequência pela minha mãe… E eu acreditava piamente. 
Com o tempo, fui dando conta de que não era bem assim. Só batia certo o que dizia respeito ao domingo. Quando experimentei um sábado sem sol, com chuva torrencial e vento ciclópico, lembrei o caso à minha mãe que logo adiantou tratar-se de um sábado muito raro, mas mesmo muito raro. Deu-se o mesmo com uma segunda-feira em que eu acordei com vontade de a ajudar na lida da casa. Mas ela voltou à carga: Mas conheces algum domingo sem missa? — questionou-me a minha saudosa mãe. Realmente, o que dizia respeito ao domingo era verdade indiscutível. 
Com o coronavírus (COVID-19), aconteceu, pela primeira vez na minha vida, com mais de oito décadas, a suspensão das Eucaristias e outras cerimónias comunitárias, mantendo-se as privadas, isto é, sem participação das pessoas. 
A Missa é a celebração fundamental da igreja católica, tornando presente o mistério da fé dos crentes assente na paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. E «Todos participavam fielmente no ensino dos apóstolos, na união fraterna, no partir do pão e nas orações», lê-se nos Atos dos Apóstolos». 
Ao longo do tempo, a celebração das missas estendeu-se aos doentes e outros via televisão e rádio, mas com o maldito vírus que está a causar estragos por todo o mundo, não se vislumbrando a sua morte nem cura para muitos dos que são atacados por ele, a Igreja alargou-as aos católicos, em geral, por diversas formas de comunicação oferecidas pelas novas tecnologias. Não é o mesmo, mas sempre é uma boa forma de manter viva a fé dos crentes. E talvez esta abertura mais alargada da Igreja aos meios de comunicação social seja um ponto de partida para novos horizontes. 

Fernando Martins 

NOTA: Reeditado em 1 de abril de 2020

A DANÇA DAS HORAS



Logo mais, pela madrugada do dia 29 de março, a dança das horas vai repetir-se. Depois da meia-noite, já pode adiantar uma hora, mudando para a hora de verão. Aconselho logo depois porque pode esquecer-se e baralha os seus compromissos para o domingo. Depois, talvez com alguma dificuldade, habituamo-nos e até gostamos. Há quem defenda que a chamada hora do verão é melhor. Eu também acho... mas quem manda é que sabe.

PAINEL CERÂMICO DE ZÉ AUGUSTO

Para recordar e apreciar 


Na rotunda da cintura interna, na Cale da Vila, foi inaugurado um painel cerâmico do artista aveirense Zé Augusto, para assinalar a ligação ferroviária ao Porto de Aveiro e as novas estruturas rodoviárias que lhe estão ligadas.
Sempre gostei de arte nas ruas da cidade. De qualquer cidade e mesmo das vilas e aldeias. É uma forma positiva de educar a sensibilidade artística do povo local e de quem por elas passa. Congratulo-me, por isso.
Acresce o facto de o painel ser da autoria de um dos mais expressivos artistas aveirenses desta área, já representado, também numa obra da responsabilidade da APA (Administração do Porto de Aveiro), no paredão da Meia-Laranja, na Praia da Barra. Aqui fica o convite aos meus amigos para que passem por lá para apreciar mais este trabalho de Zé Augusto.

F. M.

NOTA: Publicado no meu blogue há 10 anos 

sexta-feira, 27 de março de 2020

A SITUAÇÃO DE ESTARMOS EM CASA...


A situação de estarmos limitados às paredes da nossa casa, por mais cómoda que ela seja, cria em nós, por vezes, alguma angústia. Não é uma angústia capaz de nos atirar para a marquesa de um qualquer psiquiatra ou psicólogo, mas será uma espécie de fuga à obrigatoriedade imposta pelos nossos governantes e demais governantes dos Estados afetados pelo COVID-19. No meu caso, que até sou muito caseiro, aconteceu-me sonhar com uma saída para dar por aí umas voltas. Não fui pelo que isso poderia acarretar para a minha saúde e porque espero que esta situação, que atinge muitos milhares de portugueses e muitos milhões de pessoas espalhadas pelo mundo, se resolva a tempo de aproveitarmos os dias agradáveis com sol luminoso e noites tranquilas que devem estar a chegar. E depois, sim, poderemos sair para espairecer. 
Com estas cogitações e estados de alma, lembrei-me da ilha de São Miguel, Açores. E como gostaria de lá voltar. 

F. M.

UM POEMA DE SOPHIA PARA ESTE TEMPO


Para Atravessar Contigo o Deserto do Mundo

Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento

(Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Livro Sexto')[1]

Li aqui 

JESUS FAZ REVIVER LÁZARO MORTO

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo V da Quaresma

“Lázaro, sai para fora”, ordena Jesus com voz forte e determinada. E ele levanta-se e sai amortalhado, como havia sido colocado na sepultura. Jesus continua, dirigindo-se aos circunstantes: “Desligai-o e deixai-o ir”. E João, o narrador do sucedido, conclui: “Ao verem o que Jesus fez, acreditaram n’Ele”. Jo 11,1-45
A revivificação de Lázaro constitui um sinal, na sequência de outros, que visam manifestar quem é Jesus e provocar a adesão à sua pessoa e mensagem: a água transformada em vinho nas bodas de Caná; o pão abençoado e repartido pela multidão; a cura do paralítico junto à piscina e a do cego de nascença; a doação da própria vida como belo e bom pastor; a vitória sobre a morte, simbolizada em Lázaro, e realizada aquando da ressurreição. Estes e outros sinais credenciam um conjunto de ensinamentos sobre a acção inovadora do Messias e induzem as testemunhas a tomar posição, aceitando ou rejeitando o que presenciam e ouvem.
Qual a nossa atitude perante tantos sinais de novidade que a vida nos traz? Deixamo-nos interpelar e somos consequentes? Aproveitemos a oportunidade que a quaresma nos oferece e as interpelações que o coronavírus suscita.
Lázaro adoece. As irmãs, Marta e Maria, mandam recado a Jesus que, na sua missão, andava por longe de Betânia, terra desta família. Eram amigos. Querem que Ele saiba e mantêm o secreto desejo de que a amizade abra caminho à visita tão desejada.

quinta-feira, 26 de março de 2020

SEM SAIR DE CASA



Uns telefonemas deram-nos conta de que alguém pensou em nós. 
E não poderemos  fazer o mesmo? 

Sem me sentir doente, estou obrigado por leis ditadas pelo coronavírus a ficar em casa. À partida é coisa simples: levantar, preparar para o dia, tomar as refeições, ouvir ou ver as notícias, escutar uma ou outra análise, umas catastróficas e outras animadas pela pedagogia da esperança, arejar a cabeça, estimular os sentidos e pensar no dia em que poderei sair, livremente, sem medo de contágios. 
Perante o incerto, dou comigo a pensar nos dias que se adivinham muito difíceis para os sem trabalho e sem emprego, com cortes salariais, sem recursos para uma vida digna. Empresas que suspendem a laboração, negócios de portas trancadas, escolas e instituições encerradas, famílias sem dinheiro para as compras do dia a dia. 
Os números de infetados com o COVID-19 continuam a crescer e as mortes enlutam famílias pobres e ricas, com predominância dos mais idosos, os mais fragilizados, perante a nossa incapacidade. 
Uns telefonemas deram-nos conta de que alguém pensou em nós. E não poderemos  fazer o mesmo, contactando familiares, amigos e conhecidos…? 

F. M.

quarta-feira, 25 de março de 2020

QUANDO A ALMA DÓI...

Em momentos difíceis, é fácil cair no desânimo. Não vale a pena pregar que andamos sempre otimistas, quando a alma dói. Estamos todos a viver horas complicadas e incertas. Ninguém ignora que o COVID-19 tem sido uma caixa gigante de problemas ainda longe da compreensão da ciência. E muitos de nós, contudo, pregamos ânimo para quem nos ouve ou lê, na esperança de que, mais dia menos dia, se descubra a forma de enfrentar o vírus mais contagioso das últimas décadas. Não sei se outros o terão imitado. 
Todos assistimos à luta para o travar. Em quarentena, uns, e outros na frente da batalha, nomeadamente, médicos, enfermeiros, paramédicos, técnicos, auxiliares, pessoal que opera no silêncio nos vários setores dos hospitais e clínicas, recebem apenas, à distância, os nossos aplausos e sentidos agradecimentos. Que mais poderíamos fazer? 
E depois deste desabafo, cá vai uma palavra de amizade solidária para os que mais sofrem, os que foram infetados e estão em tratamento, os que aguardam os resultados das análises, os familiares dos que não resistiram. Que todos saibamos olhar para o lado, na esperança de que uma palavra, um sorriso ou um gesto tornem mais leve a dor dos sofredores.

F. M. 

terça-feira, 24 de março de 2020

SILÊNCIO ...



Em tempo de silêncio... O  silêncio do meu quintal com os pinheiros a quererem  chegar ao céu.

QUARESMA EM TEMPO DE COVID-19

Sem dificuldades, associo a Quaresma aos dramas provocados pelo COVID-19 nos tempos em curso. Tempos de medos e angústias, de silêncios e reflexões, mas também de esperanças, que depois da tempestade vem a bonança. 
O nosso mundo foi surpreendido por uma guerra ainda sem fim à vista, não com armas sofisticadas criadas pelo homem, mas por uma arma invisível capaz de aniquilar vidas sem conta, resistindo aos apelos dos sofredores, às orações dos crentes e à inteligência dos cientistas. Sucedem-se os medos, multiplicam-se as receitas e os conselhos médicos,  aceitam-se as decisões dos governantes e isolam-se as pessoas entre paredes das suas habitações, mas as tréguas teimam em surgir. 
Em casa, como milhões de pessoas de todo o universo, haverá razões para todos refletirmos sobre a Quaresma que temos em curso. Sobre a oportunidade que nos é dada para a partir dela reestruturarmos novos estilos de vida, em família e na sociedade, no sentido da construção de uma paz mais duradoira, mais solidária, mais voltada para a natureza e para Deus, que está em tudo e em todos, como cremos. 

F. M.

segunda-feira, 23 de março de 2020

A PANDEMIA: INCERTEZAS E O ESSENCIAL

Crónica de Anselmo Borges 
publicada no semanário SOL

1. Julgávamo-nos omnipotentes e navegávamos na arrogância. De repente, os nossos planos ruíram e percebemos que não dominamos tudo e que precisamos de humildade. E somos empurrados para o mais urgente: pensar, porque demos conta da nossa fragilidade e somos confrontados com o medo, também por causa da ameaça da morte, que se tinha tornado distante e até um tabu. 
Qual é o fundamento último e o sentido último da minha existência, da Humanidade, do universo? O que é que verdadeiramente vale? Estamos entregues à fatalidade, ao acaso, ou tudo assenta no Mistério último de bondade e de misericórdia, a que chamamos Deus, o Criador e Salvador? 

2. É perante calamidades como a que estamos a viver que as pessoas revelam quem realmente são, no seu melhor e no seu pior. 
Pude constatar em directo, num hospital, por causa de um irmão meu, doente oncológico, a entrega competente e carinhosa de médicos e enfermeiros. E sabe-se da oferta solidária para ir às compras para idosos ou pessoas frágeis. E um telefonema a oferecer ajuda e a avançar para ela, mesmo correndo riscos iminentes e graves. É o dever e a caridade verdadeira... 
Mas também há quem se aproveite da fraqueza e da miséria. Os burlões. Até apareceram falsos padres que se ofereceram para ir a casa dar a comunhão ou ouvir em confissão pessoas idosas. E o presidente dos Estados Unidos queria ficar com o monopólio de uma futura vacina. E estúpidos perversos espalham, através dos média e das redes sociais, fake news e as suas alarvidades. 

A MINHA QUARENTENA

Por razões conhecidas, estou de quarentena em minha casa. Não tenho programas predefinidos, vivo ao sabor da maré, sem horários limitadores das minhas liberdades e estou em paz, tanto quanto é possível, nesta hora de imensos sofrimentos para tantos. Apenas colaboro numa ou noutra tarefa, ouço as notícias sobre a evolução do COVID-19, escolho as músicas que me acompanham, escrevo e leio o que me apetece. Também converso sobre a situação por que estamos a passar, tentando compreender os efeitos do coronavírus num futuro próximo, que prevejo devastadores para a economia já frágil em muitos países do mundo, a começar pelo nosso, para além das mortes que provoca. E tenho dificuldades em perceber como é que, com tantos e tão estrondosos sucessos científicos e tecnológicos, não é possível enfrentar e vencer um vírus, capaz de paralisar o universo, qual guerra de armas demoníacas que tudo destrói, sem dó nem piedade. 

F. M.

O EXPRESSO

Leio o EXPRESSO desde o número um. Já lá vão muitos anos, é certo, mas foi para mim um jornal de referência, como costuma dizer-se. Era o semanário com fontes mais credíveis, na opinião de muito boa gente. Dizia-se, decerto com alguma razão, que tinha as portas abertas dos ministros e ministérios, sendo apetecido por artistas, empresários e figuras públicas de todos os quadrantes. Não posso garantir, mas intuía isso mesmo pelas informações, entrevistas e reportagens oportunas e variadas, que se traduziam em grandes lições para mim. Também apreciava os colunistas e críticos das artes, ciências e espetáculos. Enfim, era o meu jornal dos fins de semana. 
Com o decorrer do tempo habituei-me a rejeitar ou dar apenas uma vista de olhos a cadernos que pouco o nada me diziam. E assim foram passando os anos. 
Em férias, muitas vezes andei de terra em terra à cata dele. Não o ter à mão era um problema. Sentia-me incomodado, mas acabava por encontrá-lo dias depois. E ficava satisfeito por me sentir bem informado. 
Um dia destes, fui levado a aceitar o digital. Já tinha o PÚBLICO online e o EXPRESSO entrou agora no mesmo caminho. Ainda estou a dar os primeiros passos, porque cada jornal tem os seus formatos e a suas opções tecnológicas, mas já poderei trazer no bolso o meu semanário de há tantos anos para o ler em qualquer canto. Os sacos cheios de cadernos e muita publicidade já não me pesam nem incomodam. 

Fernando Martins

domingo, 22 de março de 2020

Mãos que sustenham a alma do mundo



Uma reflexão de José Tolentino Mendonça,
poeta, pensador e cardeal,
publicada na Revista E do EXPRESSO
deste fim de semana

A necessidade de parábolas

Um dado curioso, no atual contexto, tem sido a necessidade de encontrar parábolas. Sem chaves interpretativas para lidar interiormente com a situação presente, assiste-se a uma corrida a alguns textos clássicos capazes não só, por comparação, de ilustrar aquilo que vivemos, mas também de nos fornecer ferramentas narrativas para podermos contar, a nós próprios e uns aos outros, o que está a acontecer. Que, de uma hora para outra, tenham voltado ao top dos livros mais vendidos, em alguns países, “A peste”, de Albert Camus, ou “Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago, não deixa de ser um elemento significativo.
O texto de Saramago, uma poderosa e escuríssima parábola moral, cuja escrita ele próprio descreveu como das mais dolorosas experiências por que passou (“são 300 páginas de constante aflição” ), está repleto de termos que se impuseram recentemente ao jargão dos nossos quotidianos: epidemia, infeção, quarentena, medidas de coerção, debate ético sobre o valor da vida, carência, medo e compaixão. Mas não só as palavras como que ultrapassaram o estrito campo da ficção e se infiltraram no nosso domínio histórico.
Saramago encena ali, com genial agudeza, os fantasmas e os pesadelos que temos de fazer tudo para evitar. Porque, não nos enganemos, tudo pode ser sempre pior. Nesse sentido, o seu romance permite uma leitura preventiva em relação à realidade.

Ler todo o texto aqui

DIA MUNDIAL DA ÁGUA - ASSUNTO PARA REFLETIR

Bica de água em São Pedro do Sul

O Dia Mundial da Água celebra-se neste dia, 22 de março, com um desafio fundamental: preservar e poupar este recurso natural. A celebração desta data nasceu no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento e Ambiente, que decorreu no Rio de Janeiro, em 1992. Nessa altura, como presentemente, os países foram convidados a implementar medidas, tendo em vista a poupança deste recurso natural, promovendo a sua sustentabilidade. 
Todos sabemos que se têm multiplicado os alertas sobre a importância da água na vida de toda a gente, sendo certo que, em diversas zonas do mundo, a água começa a escassear. Luta-se e sofre-se para conseguir um jarro de água pura em regiões áridas, quando noutras se esbanja este precioso líquido. Ao mesmo tempo,  por todos os cantos, nos rios e fontes, mares e lagos, não falta quem contamine a água com lixos e outras substâncias tóxicas, provenientes de indústrias e comércios dirigidos por pessoas sem escrúpulos. Daí a necessidade de estarmos atentos para denunciar os infratores às autoridades competentes. 
Urge, também, sensibilizar toda a gente, a começar pelos alunos dos diversos graus de ensino, para a premência de nos tornamos vigilantes ativos na defesa da água.

Fernando Martins

Ética samaritana

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

No âmbito religioso, a imaginação não pode ficar paralisada pela restrição imposta às grandes manifestações.

1. Há quem se aventure a calcular as consequências previsíveis e imprevisíveis da guerra imposta pela covid-19 a curto, a médio e a longo prazo, em vidas humanas e na reinvenção de novos estilos de vida colectiva, a nível local e global. Não disponho nem dessa ciência nem desses poderes de adivinhação. Todos devemos ir aprendendo com quem sabe e a obedecer a quem legitimamente manda. Ninguém está dispensado de procurar aprender a descobrir novos modos de responder à pergunta fundamental da condição humana: em que posso e como posso ajudar?
Na comunicação que o primeiro-ministro fez ao país, além das medidas que tomou, em consonância com todos os partidos, tocou no essencial: “O primeiro dever de cada uma e de cada um de nós é cuidar do próximo. É o de evitar que, por negligência, por desconhecimento, ponhamos em risco a saúde do outro. Cada um de nós julga estar numa situação saudável, mas a verdade é que nenhum de nós sabe se não é portador de um vírus que, involuntariamente, está a passar a outro.”
Na situação presente, em muitos casos, a boa proximidade é a de encontrar modos e meios de proximidade sem o contacto físico. É um desafio à imaginação solidária que já teve e tem manifestações admiráveis. Os caprichos individuais, ou de grupo, que não têm em conta os avisos e as normas das autoridades legítimas são criminosos.

Coronavírus Covid-19: Saúde, Ciência, Religião, um Retiro

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Ao contrário do que normalmente se pensa, não controlamos totalmente a nossa vida. Uma pequena prova disso está neste texto: eu tinha prometido continuar a crónica da semana passada, mas solicitaram-me um texto urgente sobre o coronavírus covid-19, adiando o prometido para mais tarde. E é o que vou tentar, com alguns apontamentos. 

1. Para nós, vivendo na normalidade, tudo nos parece claro e evidente. Só quando perdemos algo ou estamos na ameaça de perdê-lo é que damos pela sua importância, que pode ser decisiva, essencial. 
É o que acontece com a saúde. Haverá bem maior, mais importante do que a saúde? Reparo que em todas as línguas que conheço, quando as pessoas se encontram ou, sobretudo, se reencontram, se cumprimentam perguntando pela saúde: “Como estás?, Como vais?, Como tens passado?” E, na despedida: “Passa bem, cuida de ti e dos teus. Passai bem”. E “saudamo-nos” (saudar: vem do latim: salutem dare, dar saúde, desejar saúde) e temos “saudades”, com o mesmo étimo, e escrevemos a alguém, terminando: “Saudades”. 
“Vale!”: esta era a saudação romana, com o sentido de “passa bem”, e, por outra via, reencontramos de novo a saúde. É de “vale” que vem “valor e valores”. E qual é o valor da saúde? Valor essencial, porque com saúde vamos para a vida e com esforço faremos algo, conquistaremos a nossa vida e a nossa realização com outros. Porque a saúde não é só física, implica também uma dimensão psicológica (se não me der bem comigo, sinto-me mal, sem saúde), a relação com o outro, dar-se bem com o outro (se eu só de ver alguém com quem não posso fico doente, é prova de que não estou com boa saúde), uma boa relação com a natureza, uma relação boa com a transcendência... 

sábado, 21 de março de 2020

Universidade Sénior celebra aniversário num espaço humanizado






O envelhecimento é um processo natural no ciclo da vida, com mudanças na estrutura física, psicológica e social da pessoa. 
No sentido de atrasar ou minimizar o declínio das capacidades física e cognitiva, a sociedade civil foi-se organizando, para dar resposta a esses problemas. Nasceram assim as universidades seniores que proliferam um pouco por todo o país. 
No concelho de Ílhavo, temos a Universidade Sénior da Gafanha da Nazaré (USGN) que completa este ano, uma década de existência. Tendo passado por várias vicissitudes, tem-se mantido, apesar das dificuldades no que concerne às instalações. 
No seu 10.º aniversário mudou-se, para um espaço amplo, com condições excelentes para acolher a instituição. A transição para a nova sede foi gradual, mas resultou com valor acrescentado. Para isso foi inestimável o contributo dos utentes, nomeadamente o núcleo das artes. Hoje, é um regalo para a vista, contemplar as árvores vestidas com cachecóis coloridos e ajardinamento original. O toque estético de mãos meticulosas transformaram o Centro de Recursos Mãe do Redentor (CRMR) num espaço humanizado. um lugar aprazível, acolhedor, localizado em plena natureza que dispõe de condições físicas excelentes, para a prática de atividades lúdicas e cognitivas. Respira-se ar puro com cheirinho a pinheiros e quando o sol está de bom humor, é ver os seniores a caminhar, correr ou saltar agradecendo à vida o dom de a saborear em comunidade. Socializar é um dos benefícios da frequência de uma US. Na nossa, não faltam os pretextos para o concretizar. Sinto-me aqui, como peixe na água, tal como os peixinhos que habitam no lago. 
A ponte dos laços que abraça o laguinho é o culminar da celebração da vida! 

MaDonA

Dia Mundial da Poesia




Poesia depois da chuva

Depois da chuva o Sol - a raça.
Oh! a terra molhada iluminada!
E os regos de água atravessando a praça
- luz a fluir, num fluir imperceptível quase.

Canta, contente, um pássaro qualquer.
Logo a seguir, nos ramos nus, esvoaça.
O fundo é branco - cai fresquinha no casario da praça.
Guizos, rodas rodando, vozes claras no ar.

Tão alegre este Sol! Há Deus. (Tivera-O eu negado
antes do Sol, não duvidava agora.)
Ó Tarde virgem, Senhora Aparecida! Ó Tarde igual
às manhãs do princípio!

E tu passaste, flor dos olhos pretos que eu admiro.
Grácil, tão grácil!... Pura imagem da tarde...
Flor levada nas águas, mansamente...

(Fluida a luz, num fluir imperceptível quase...)

Sebastião da Gama


Um livro para este tempo - Uma beleza que nos pertence



Nestes dias de isolamento e recolhimento, não faltarão momentos de silêncios reconfortantes e estimulantes para um dia destes voltarmos à vida normal. José Tolentino Mendonça, poeta e cardeal, abre-nos a porta a novos desafios.

"O silêncio é um caminho. Não basta, por exemplo, estarmos calados para estar em silêncio. Podemos estar calados e o rumor ser ensurdecedor. Há uma qualidade de silêncio que é uma conquista, que é um processo em que nós entramos."

sexta-feira, 20 de março de 2020

A PRIMAVERA ESTÁ DE VOLTA



Por estranho que possa parecer, a primavera chegou. Melhor dizendo, bateu à porta, mas não teve coragem de entrar por causa da chuva. Ou foi o coronavírus que a proibiu de se manifestar ou fomos nós que, a pensar nas consequências do “bicho”, fatais para muitos, nos escondemos em casa. Também admito a hipótese do isolamento a que fomos aconselhados ou obrigados por determinação legal ou por medo de contágio. Ou por tudo o que está a acontecer a nível global com mortes e números aterradores. 
A primavera virá, disso estou certo, mas a alegria não será como dantes, para já. Contudo, ficamos com a certeza de que, mais tarde ou mais cedo, o Covid-19 será vencido.

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