Leio o EXPRESSO desde o número um. Já lá vão muitos anos, é certo, mas foi para mim um jornal de referência, como costuma dizer-se. Era o semanário com fontes mais credíveis, na opinião de muito boa gente. Dizia-se, decerto com alguma razão, que tinha as portas abertas dos ministros e ministérios, sendo apetecido por artistas, empresários e figuras públicas de todos os quadrantes. Não posso garantir, mas intuía isso mesmo pelas informações, entrevistas e reportagens oportunas e variadas, que se traduziam em grandes lições para mim. Também apreciava os colunistas e críticos das artes, ciências e espetáculos. Enfim, era o meu jornal dos fins de semana.
Com o decorrer do tempo habituei-me a rejeitar ou dar apenas uma vista de olhos a cadernos que pouco o nada me diziam. E assim foram passando os anos.
Em férias, muitas vezes andei de terra em terra à cata dele. Não o ter à mão era um problema. Sentia-me incomodado, mas acabava por encontrá-lo dias depois. E ficava satisfeito por me sentir bem informado.
Um dia destes, fui levado a aceitar o digital. Já tinha o PÚBLICO online e o EXPRESSO entrou agora no mesmo caminho. Ainda estou a dar os primeiros passos, porque cada jornal tem os seus formatos e a suas opções tecnológicas, mas já poderei trazer no bolso o meu semanário de há tantos anos para o ler em qualquer canto. Os sacos cheios de cadernos e muita publicidade já não me pesam nem incomodam.
Fernando Martins