O drama do primeiro emprego é terrível nos tempos que vivemos. Os jovens, na ânsia de conseguirem alguma independência económica, passam às vezes por situações difíceis.
Nas últimas férias grandes, um desses jovens lá foi em busca de trabalho. Bateu a diversas portas e todas se mantiveram fechadas. Mas uma abriu-se. "Que sim, que podia começar no dia seguinte, para substituir um empregado em férias. O ordenado via-se depois. Teria alimentação na própria casa (café-bar dos arredores da Gafanha) e o horário de trabalho seria o normal." Tudo certo.
Ao fim do primeiro mês, foi informado de que seria melhor receber no fim do contrato verbal, nunca oficializado. E assim aconteceu.
- Muito obrigado pelos teus serviços. Foste um trabalhador dedicado - disseram-lhe os patrões. Toma lá 30 contos pelos três meses.
- Fiquei desolado, senhor professor. Fui competente, dedicado, trabalhei em média 12 horas por dia e no fim recebi por três meses o que esperava receber por cada um. Eu comia, é verdade, mas também trabalhava 12 horas ou mais por dia. E sabe uma coisa? Na sua freguesia são tidos por gente de respeito, cristã e honesta.
Fernando Martins
TIMONEIRO, Fevereiro de 1990