"Linguistas e políticos, havendo de ambos nos dois lados da disputa, vão terçando armas por causa do acordo ortográfico. Vasco Graça Moura, liderando os contra, entra pela via da impossibilidade imediata de aplicação, dizendo que é necessário dar formação aos professores, substituir a maioria dos títulos nas bibliotecas escolares e ainda que o Governo assuma que vai pôr em causa a substituição dos manuais não de seis em seis anos como pretende, mas a meio da sua vigência. Em boa verdade, os argumentos a favor do acordo parecem mais consensuais. Ainda ontem, Fernando Cristóvão defendia que o acordo ortográfico valida a lusofonia e que ninguém é proprietário único da língua e esta pertence a todos que a falam. O acordo "é uma base comum de entendimento". Sem querer reduzir a discussão ao folclore dos exemplos, ocorre perguntar porque deixámos de escrever farmácia com ph ou por que razão hão-de os brasileiros continuar a colocar um trema em sequência?"
José Leite Pereira