quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

A felicidade por uma janela

João Gonçalves 
«Por uma janela, nem que seja estreito postigo, limitado por qualquer grade ou desgosto, queremos sempre deixar e proporcionar a entrada da Luz, da Vida e da Esperança... Janelas com horizonte, donde se espreite e criem, com o auxílio de mãos e de corações, certezas de Felicidade!» 

Há dias, num encontro internacional da Pastoral Penitenciária Católica, realizado em Roma, e onde Portugal também se fez presente, o Papa Francisco lançou um forte convite às Pessoas em privação de liberdade, convidando-as a que não desistam de aproveitar o vidro das janelas para espreitar horizontes de liberdade!
Todos sentimos e vivemos a certeza de que não é possível mudar de vida, para melhor, se não se vê um horizonte que aponte caminhos de mais felicidade, de melhor e maior realização pessoal e social.
Nunca temos como exagerada a referência frequente, e sempre necessária, do "código da Felicidade", tão bem desenvolvido e concretizado no capítulo das Bem-aventuranças, onde o Mestre chama Felizes a todos os que aceitam fazer percursos por caminhos muito contestados por tantos...
A missão do Pastor - e da Igreja, na sua bela tarefa de Mãe e de Pastora - não é empurrar nem forçar o rebanho a prosseguir caminhos nem critérios; oferece e aponta, e pode apresentar provas do que traz melhores resultados. Ainda assim, as fragilidades do barro que somos nem sempre deixam a liberdade suficiente para uma actuação correcta e consentânea com o Evangelho, aceite como critério de vida.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

O coronavírus até pode ser bom?

«O coronavírus “até pode ter consequências bastante positivas” para as exportações portuguesas do setor agroalimentar para os mercados asiáticos. A afirmação  é da ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque.» 

Li aqui 

Confesso que não gostei desta afirmação da nossa ministra da Agricultura... Soa-me mal pensar e dizer que a morte ou doença  dos outros até podem ser boas para as nossas exportações. Francamente... Mais valia ficar calada.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Morreu George Steiner aos 90 anos


Morreu ontem, em Cambridge, George Steiner. Tinha 90 anos e foi um dos mais influentes intelectuais da segunda metade do século XX, conforme li no PÚBLICO. Crítico literário, professor, linguista, filósofo, ficcionista e melómano disse um dia que podia prescindir de tudo na vida, menos da música. E considerou, em entrevista que concedeu à revista LER, que Lobo Antunes «era um gigante e o maior escritor português da actualidade». 
Citando de cor, lembro-me que lhe perguntaram se alguma vez se tinha encontrado com ele... que não, respondeu, porque não ousaria perturbar o seu labor. E a revista LER conseguiu levar Lobo Antunes a Inglaterra para o primeiro, e porventura único, bate-papo entre os dois grandes intelectuais. A fotografia mostra um momento desse encontro. A revista LER dedicou-lhe dois números.

Para ler é preciso silêncio:

«Para ler seriamente é preciso silêncio. Não ponha música, tire a rádio e a televisão do quarto. Tem de saber viver, e conviver, com o silêncio. (Cada vez menos jovens querem viver com o silêncio. Na realidade, têm-lhe medo. O silêncio tornou-se, de resto, muito caro. Uma casa como esta, com um jardim sossegado, é uma exorbitância para um casal jovem, que vai possivelmente viver para um prédio, com paredes tão finas, que é possível ouvir tudo! Vivemos num inferno de ruído constante.)»

Ler mais aqui  e aqui 

A zona da Igreja é a mais completa centralidade da nossa terra


A nossa igreja matriz foi construída e inaugurada em 14 de janeiro de 1912 no centro da freguesia, por decisão, feliz, da comissão constituída para o efeito, liderada pelo Pe. João Ferreira Sardo, que veio a ser o nosso primeiro prior. Decisão acertada, como veio a comprovar-se e está hoje patente aos olhos de todos. 
Com o decorrer dos anos, tudo se conjugou para que outras instituições e serviços optassem pelo mesmo espaço, equidistante dos diversos lugares da freguesia, nomeadamente, Chave, Cale da Vila, Cambeia, Bebedouro e Marinha Velha. E pouco tempo depois, o cemitério é implantado no sítio certo. 
Posteriormente, outros decisores, também com visão, avançaram com a sede da Junta de Freguesia, os CTT, a Igreja Evangélica, um banco, o posto do Serviço Nacional de Saúde e o Centro Cultural, mais tarde rebatizado com o nome de Fábrica das Ideias, com ofertas de um anfiteatro, Rádio Terra Nova,  polo da Biblioteca de Ílhavo e apoio a jovens. 
Nesta centro, não faltam cafés, pastelarias, restaurantes, supermercados, lojas diversas, farmácia e parques de estacionamento. E até o mercado, com estrutura própria, ali serviu os gafanhões, e não só, até ser transferido para uma zona mais ampla, com estruturas funcionais e modernas, adequado ao desenvolvimento demográfico e económico da nossa terra. 
A estabelecer a unidade, como ponto de chegada ou de partida para os diversos serviços, o Jardim 31 de Agosto, nome que homenageia a criação da paróquia pela ereção canónica do Bispo de Coimbra, D. Manuel Correia de Bastos Pina, honra, com estátua, nosso primeiro prior, Pe. Sardo. 
Sem sombra de dúvidas, esta é, realmente, a mais completa centralidade da Gafanha da Nazaré, nascida pela determinação de quem através dos tempos teve poderes para isso. E na sombra da memória ficaram alguns centros de convívio de tempos idos. 

Fernando Martins 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

«A morte digna não é a que encurta a vida»


«Desde que assumiu a presidência do Conselho Pontifício para a Família, o arcebispo italiano Vincenzo Paglia tem apostado na recuperação, pela positiva, da defesa da família e da vida. Nesse sentido, defende que «a morte digna não é a que encurta a vida», e está convicto de que os Estados «promovem a eutanásia por cegueira cultural». Por isso, afirma que «a Igreja nunca dirá sim à eutanásia e ao suicídio assistido». Entrevista ao responsável, a três semanas da discussão e votação da eutanásia no parlamento português, prevista para 20 de fevereiro, depois de na legislatura passada a sua legalização ter sido chumbada por cinco votos.»

Ler mais aqui 

domingo, 2 de fevereiro de 2020

De incendiário a bombeiro

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

S. Tomás de Aquino sustentava que, de Deus, tanto mais saberemos 
quanto mais nos dermos conta de que não sabemos.

1. Comecei esta crónica a 28 do mês passado, dia da festa litúrgica de S. Tomás de Aquino. Este dominicano nasceu em 1224/1225 e morreu a 7 de Março de 1274. Era este, aliás, o dia tradicional da sua festa.
Foi condenado no terceiro aniversário da sua morte, pelo Bispo de Paris, E. Tempier, canonizado por João XXII em 1323 e declarado Doutor da Igreja a 28 de Janeiro de 1567 por Pio V.
Leão XIII, em 1892, atreveu-se a dizer que “se se encontram doutores em desacordo com S. Tomás, qualquer que seja o seu mérito, a hesitação não é permitida: sejam os primeiros sacrificados ao segundo”. O Concílio Vaticano II aconselhou que S. Tomás seja seguido nos Seminários e nas Universidades católicas. Paulo VI, comentando esse facto, disse: “é a primeira vez que um Concílio Ecuménico recomenda um teólogo e este é, precisamente, S. Tomás de Aquino”.

2. Umberto Eco fez uma tese sobre a estética de S. Tomás de Aquino e nunca mais esqueceu esse revolucionário que, “em quarenta anos, mudou toda a política cultural do mundo cristão”. Desconstruiu, com ternura e humor, o rol de sufocantes e vazios panegíricos eclesiásticos. Não considerou que a desgraça de frei Tomás de Aquino tenha sido a sua condenação por Tempier nem pelas condenações que se seguiram em Oxford até 1284. O que arruinou a sua carreira aconteceu em 1323, dois anos depois da morte de Dante, precisamente quando João XXII o canonizou. Fez dele “São” Tomás de Aquino! Aventura ingrata. É como receber o Prémio Nobel, entrar na Academia de França, ganhar um Óscar. Passa-se a ser como a Gioconda: um cliché. É o momento em que um grande incendiário é nomeado bombeiro [1].

Religiosidade, Sagrado, Religiões. 1

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias

Quando, no domínio religioso, não há conceitos claros, entra-se inevitavelmente em confusões deletérias, que impedem a mútua compreensão e o autêntico diálogo inter-religioso. 
Será, pois, necessário, em primeiro lugar, perguntar: qual é o critério decisivo para determinar o que é realmente a religião? 
Há hoje acordo entre os especialistas no sentido de verem esse critério na referência e relação com uma realidade última salvífica. São fundamentais estes dois elementos: entrada em contacto com a ultimidade, que se apresenta como dando sentido último e salvação. Ao contrário da ideia corrente, no domínio religioso, Deus não é figura primeira e determinante a não ser para um determinado tipo de religião: a religião monoteísta. Deus, no quadro do monoteísmo, apareceu tarde. O conteúdo central da religião é o absoluto, o transcendente, o abrangente, o numinoso. O homem religioso depara-se com o Sagrado, o Mistério. 
Para os fenomenólogos da religião, como J. Martín Velasco, por exemplo, o homem religioso é aquele que assume uma determinada atitude face ao Sagrado, entendendo-se por Sagrado aquele âmbito de realidade que se traduz por termos como “o invisível”, “a ultimidade”, “a verdadeira fonte do valor e sentido últimos”, “a realidade autêntica”. A religião não é em primeiro lugar ordo ad Deum (relação com Deus), mas ordo ad Sanctum (relação com o Sagrado). Antes da sua configuração como deuses e Deus, o “objecto” da religião é o Sagrado, que também dá pelo nome de Mistério, que é ao mesmo tempo absolutamente transcendente e radicalmente imanente.

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue