terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Morreu George Steiner aos 90 anos


Morreu ontem, em Cambridge, George Steiner. Tinha 90 anos e foi um dos mais influentes intelectuais da segunda metade do século XX, conforme li no PÚBLICO. Crítico literário, professor, linguista, filósofo, ficcionista e melómano disse um dia que podia prescindir de tudo na vida, menos da música. E considerou, em entrevista que concedeu à revista LER, que Lobo Antunes «era um gigante e o maior escritor português da actualidade». 
Citando de cor, lembro-me que lhe perguntaram se alguma vez se tinha encontrado com ele... que não, respondeu, porque não ousaria perturbar o seu labor. E a revista LER conseguiu levar Lobo Antunes a Inglaterra para o primeiro, e porventura único, bate-papo entre os dois grandes intelectuais. A fotografia mostra um momento desse encontro. A revista LER dedicou-lhe dois números.

Para ler é preciso silêncio:

«Para ler seriamente é preciso silêncio. Não ponha música, tire a rádio e a televisão do quarto. Tem de saber viver, e conviver, com o silêncio. (Cada vez menos jovens querem viver com o silêncio. Na realidade, têm-lhe medo. O silêncio tornou-se, de resto, muito caro. Uma casa como esta, com um jardim sossegado, é uma exorbitância para um casal jovem, que vai possivelmente viver para um prédio, com paredes tão finas, que é possível ouvir tudo! Vivemos num inferno de ruído constante.)»

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A zona da Igreja é a mais completa centralidade da nossa terra


A nossa igreja matriz foi construída e inaugurada em 14 de janeiro de 1912 no centro da freguesia, por decisão, feliz, da comissão constituída para o efeito, liderada pelo Pe. João Ferreira Sardo, que veio a ser o nosso primeiro prior. Decisão acertada, como veio a comprovar-se e está hoje patente aos olhos de todos. 
Com o decorrer dos anos, tudo se conjugou para que outras instituições e serviços optassem pelo mesmo espaço, equidistante dos diversos lugares da freguesia, nomeadamente, Chave, Cale da Vila, Cambeia, Bebedouro e Marinha Velha. E pouco tempo depois, o cemitério é implantado no sítio certo. 
Posteriormente, outros decisores, também com visão, avançaram com a sede da Junta de Freguesia, os CTT, a Igreja Evangélica, um banco, o posto do Serviço Nacional de Saúde e o Centro Cultural, mais tarde rebatizado com o nome de Fábrica das Ideias, com ofertas de um anfiteatro, Rádio Terra Nova,  polo da Biblioteca de Ílhavo e apoio a jovens. 
Nesta centro, não faltam cafés, pastelarias, restaurantes, supermercados, lojas diversas, farmácia e parques de estacionamento. E até o mercado, com estrutura própria, ali serviu os gafanhões, e não só, até ser transferido para uma zona mais ampla, com estruturas funcionais e modernas, adequado ao desenvolvimento demográfico e económico da nossa terra. 
A estabelecer a unidade, como ponto de chegada ou de partida para os diversos serviços, o Jardim 31 de Agosto, nome que homenageia a criação da paróquia pela ereção canónica do Bispo de Coimbra, D. Manuel Correia de Bastos Pina, honra, com estátua, nosso primeiro prior, Pe. Sardo. 
Sem sombra de dúvidas, esta é, realmente, a mais completa centralidade da Gafanha da Nazaré, nascida pela determinação de quem através dos tempos teve poderes para isso. E na sombra da memória ficaram alguns centros de convívio de tempos idos. 

Fernando Martins 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

«A morte digna não é a que encurta a vida»


«Desde que assumiu a presidência do Conselho Pontifício para a Família, o arcebispo italiano Vincenzo Paglia tem apostado na recuperação, pela positiva, da defesa da família e da vida. Nesse sentido, defende que «a morte digna não é a que encurta a vida», e está convicto de que os Estados «promovem a eutanásia por cegueira cultural». Por isso, afirma que «a Igreja nunca dirá sim à eutanásia e ao suicídio assistido». Entrevista ao responsável, a três semanas da discussão e votação da eutanásia no parlamento português, prevista para 20 de fevereiro, depois de na legislatura passada a sua legalização ter sido chumbada por cinco votos.»

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domingo, 2 de fevereiro de 2020

De incendiário a bombeiro

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

S. Tomás de Aquino sustentava que, de Deus, tanto mais saberemos 
quanto mais nos dermos conta de que não sabemos.

1. Comecei esta crónica a 28 do mês passado, dia da festa litúrgica de S. Tomás de Aquino. Este dominicano nasceu em 1224/1225 e morreu a 7 de Março de 1274. Era este, aliás, o dia tradicional da sua festa.
Foi condenado no terceiro aniversário da sua morte, pelo Bispo de Paris, E. Tempier, canonizado por João XXII em 1323 e declarado Doutor da Igreja a 28 de Janeiro de 1567 por Pio V.
Leão XIII, em 1892, atreveu-se a dizer que “se se encontram doutores em desacordo com S. Tomás, qualquer que seja o seu mérito, a hesitação não é permitida: sejam os primeiros sacrificados ao segundo”. O Concílio Vaticano II aconselhou que S. Tomás seja seguido nos Seminários e nas Universidades católicas. Paulo VI, comentando esse facto, disse: “é a primeira vez que um Concílio Ecuménico recomenda um teólogo e este é, precisamente, S. Tomás de Aquino”.

2. Umberto Eco fez uma tese sobre a estética de S. Tomás de Aquino e nunca mais esqueceu esse revolucionário que, “em quarenta anos, mudou toda a política cultural do mundo cristão”. Desconstruiu, com ternura e humor, o rol de sufocantes e vazios panegíricos eclesiásticos. Não considerou que a desgraça de frei Tomás de Aquino tenha sido a sua condenação por Tempier nem pelas condenações que se seguiram em Oxford até 1284. O que arruinou a sua carreira aconteceu em 1323, dois anos depois da morte de Dante, precisamente quando João XXII o canonizou. Fez dele “São” Tomás de Aquino! Aventura ingrata. É como receber o Prémio Nobel, entrar na Academia de França, ganhar um Óscar. Passa-se a ser como a Gioconda: um cliché. É o momento em que um grande incendiário é nomeado bombeiro [1].

Religiosidade, Sagrado, Religiões. 1

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias

Quando, no domínio religioso, não há conceitos claros, entra-se inevitavelmente em confusões deletérias, que impedem a mútua compreensão e o autêntico diálogo inter-religioso. 
Será, pois, necessário, em primeiro lugar, perguntar: qual é o critério decisivo para determinar o que é realmente a religião? 
Há hoje acordo entre os especialistas no sentido de verem esse critério na referência e relação com uma realidade última salvífica. São fundamentais estes dois elementos: entrada em contacto com a ultimidade, que se apresenta como dando sentido último e salvação. Ao contrário da ideia corrente, no domínio religioso, Deus não é figura primeira e determinante a não ser para um determinado tipo de religião: a religião monoteísta. Deus, no quadro do monoteísmo, apareceu tarde. O conteúdo central da religião é o absoluto, o transcendente, o abrangente, o numinoso. O homem religioso depara-se com o Sagrado, o Mistério. 
Para os fenomenólogos da religião, como J. Martín Velasco, por exemplo, o homem religioso é aquele que assume uma determinada atitude face ao Sagrado, entendendo-se por Sagrado aquele âmbito de realidade que se traduz por termos como “o invisível”, “a ultimidade”, “a verdadeira fonte do valor e sentido últimos”, “a realidade autêntica”. A religião não é em primeiro lugar ordo ad Deum (relação com Deus), mas ordo ad Sanctum (relação com o Sagrado). Antes da sua configuração como deuses e Deus, o “objecto” da religião é o Sagrado, que também dá pelo nome de Mistério, que é ao mesmo tempo absolutamente transcendente e radicalmente imanente.

Dia Internacional das Zonas Húmidas - 2 de Fevereiro

Zonas Húmidas e Biodiversidade 


As zonas húmidas absorvem parte do CO2 da atmosfera, protegem as zonas costeiras de tempestades e da invasão das águas salgadas, atuam como um filtro purificador das águas doces, superficiais e subterrâneas e ajudam a preservar a biodiversidade, mantendo condições favoráveis e sustentáveis ao desenvolvimento da vida. 
Atualmente, Portugal possui 31 locais designados como Zonas Húmidas de Importância Internacional (Locais de Ramsar), com uma superfície de 132.487 hectares. (disponíveis em www.ramsar.org/wetland/portugal). As Alterações Climáticas afetam, direta ou indiretamente, a médio ou longo prazo, a saúde pública, causando, anualmente, segundo a Agência Europeia do Ambiente, 150 000 vítimas mortais em todo o mundo e, até 2040, segundo a Organização Mundial de Saúde, essas mortes aumentarão para 250 000. Os fenómenos meteorológicos extremos já figuram entre os principais impactes das alterações climáticas na saúde pública. 
Além disso, prevê-se um aumento da mortalidade causada pelas ondas de calor e pelas inundações, especialmente na Europa, e a alteração na distribuição das doenças transmitidas por vetores, nomeadamente doenças transmitidas por mosquitos, como a malária e o dengue, e por carraças, como a Doença de Lyme ou a Febre escaronodular, também conhecida como “Febre da carraça”. Veja-se a atual tragédia dos incêndios na Austrália com 500 milhões de mortes estimadas de animais e numerosas vítimas humanas. A nível europeu existe uma Estratégia de Ambiente e Saúde que visa reduzir as doenças provocadas por fatores ambientais, resultado do trabalho conjunto dos Comissários responsáveis pelo ambiente, saúde pública e investigação. 

Para saber mais, 
consulte o link: www.eea.europa.eu/ pt/sinais-da-aea/ sinais-2015/entrevista/ alteracoes-climaticas-e-saudepublica 

ACES Baixo Vouga - Unidade de Saúde Pública

Fonte: Agenda "viver em..." da CMI

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Forte da Barra de Aveiro já pode ser transformado num hotel

Reportagem de Maria José Santana no PÚBLICO



«Imóvel edificado no século XVII, e situado de frente para a ria, terá de ter utilização turística. Concurso público para a concessão a privados, no âmbito do programa Revive, acaba de ser lançado.

É o primeiro forte a ser alvo de concurso público para concessão ao abrigo do programa Revive. Edificado no século XVII, o Forte da Barra de Aveiro, situado na Gafanha da Nazaré, pode estar prestes a ser requalificado e a dar lugar a uma unidade hoteleira. Tudo depende, agora, do interesse que ele venha a suscitar junto dos privados. O concurso para a sua concessão - lançado esta quinta-feira pela secretária de Estado do Turismo, Rita Marques - prevê um prazo de 90 dias para a apresentação de propostas. E ainda que esta não seja a primeira vez que o imóvel é alvo de uma tentativa de alienação, as entidades envolvidas no processo mostram-se optimistas quanto ao seu desfecho.»

Ver texto completo no PÚBLICO

NOTA: Congratulo-me com esta decisão por me parecer a mais viável e atrativa. Muitos sugeriam mais um museu aquele espaço Seria mais um museu às moscas... Mas é óbvio que no projeto deveria ficar exarado a criação de um espaço museológico aberto a todos, incluindo os turistas. Hoje há muitas formas de expor o que temos de valioso, do passado distante e mais próximo. Assim espero.

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