quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Bernardo Santareno - Nos mares do fim do mundo

Bernardo Santareno 



 Nota: Clicar no texto para ler melhor.

Nas minhas horas de ócio, que também as tenho, dei comigo a procurar registos feitos ao longo do tempo e dei com este texto de um livro de Bernardo Santareno - Nos mares do fim do mundo. Vale a pena lê-lo. 

Farol da Barra - Inaugurado há 130 anos


Farol em construção






O nosso farol celebra hoje 130 da sua inauguração, data que nunca poderá ser por nós esquecida. Esta idade, redonda como se diz, merecia ser celebrada, mas não sei se alguém se lembrou. De qualquer modo, aqui fica o meu registo, com datas que fazem parte integrante da sua história.

1808 — Abril, 3 … Abertura da Barra de Aveiro;

1812 — Documentação diversa atesta a falta de um farol;

1856 — Janeiro, 28 … O Ministro das Obras Públicas, Fontes Pereira de Melo, ordenou a escolha do local para a construção de um farol, entre o Douro e o Mondego;

1862 — Julho, 4 … José Estêvão, na Câmara dos Deputados, solicitou ao Governo a construção de um farol na nossa costa;

1863 — Setembro, 15 … A Câmara Municipal de Aveiro apresentou a El-Rei D. Luís I uma exposição, impetrando a edificação de um farol ao sul da Barra;

1863 — Setembro, 26 … Portaria governamental ordenando que se fizesse o projeto e o orçamento;

1884 — Abril, 5 … Conclusão do projeto;

1885 — Março … Início dos trabalhos da construção;

1893 — Agosto, 31… Inauguração oficial do farol;

O Conselheiro Bernardino Machado, Ministro das Obras Públicas, ido de Aveiro, onde chegara na véspera, procedeu à inauguração do Farol da Barra: «subindo à lanterna, aí se lavrou o auto de inauguração, acendendo-se nessa ocasião pela primeira vez o mesmo farol». (Marques Gomes, Subsídios para a História de Aveiro). In Calendário Histórico de Aveiro.

1893 — Outubro, 15 … Aceso definitivamente o aparelho iluminante que funcionava a petróleo;

1936 — Montagem de grupos eletrogéneos;

1951 — Rede de distribuição de energia elétrica;

1958 — Ascensor;

1987 — O Farol da Barra de Aveiro foi escolhido para figurar numa exposição filatélica; Sobre ele foi publicado um artigo no n.º 4 do mesmo ano do Boletim da Associação Internacional de Sinalização Marítima, que o ostenta na capa.


Fernando Martins

Férias em Serrazes


Quando abri um pc fora de uso, encontrei uma foto que logo me trouxe à memória férias de outros tempos, desta vez em Serrazes, aldeia perto de São Pedro do Sul. O campismo estava na moda e nós íamos atrás de outros. Tenda comprada no Porto com todos os apetrechos fundamentais, e assim iniciámos férias ambulantes de tenda às costas, durante bons anos.
Serrazes foi-nos sugerida por um casal amigo e tanto gostámos do ambiente que perdi a conta às férias que por ali vivemos em pleno contacto com a natureza pura e dura.
Quando acampávamos, normalmente em aldeias, a minha preocupação centrava-se em descobrir o que haveria de histórico por ali à volta para iniciar as  minhas buscas, com compra de literatura adequada.
Em Serrazes soube da Pedra da Escrita, desconhecida de muita gente dos arredores. Foi um camponês que lá me levou, atravessando o matagal que me deixou marcas no corpo, que as silvas não perdoam. E a foto exibe a nossa alegria em férias, de tempos que não voltam.

Uma manhã na Praia da Barra...

Há 10 anos 



Os meus amigos e leitores já devem ter percebido que não sou um gafanhão que aprecie pisar as areias das praias. Mete-me impressão, pronto! Porquê? Não sei. Mas gosto de passear pelos acessos empedrados, de respirar o ar iodado, de sentir o sol forte no corpo, de ver as pessoas que correm, saltam e mergulham. Na Praia da Barra montaram um biblioteca, no afã de dar prazer aos leitores. Não vi por ali ninguém a ler a sério. O pessoal queda-se mais numas revistas ligeiras, daquelas que não dão muito que pensar. Também, quem é que se dá ao luxo de pensar muito numa praia? Mas não reprovo, antes aprovo, a possibilidade dada às pessoas que gozam com boas leituras.

Nota: Texto e fotos publicados há 10 anos. Não alterei nada. Votos de saúde para todos os veraneantes.

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Beco dos Carpinteiros na Gafanha da Nazaré

Em muitas localidades da região aveirense a toponímia homenageia profissões que marcaram as respetivas localidades, como acontece na Gafanha da Nazaré com este “Beco dos Carpinteiros”. Nesta cidade ilhavense, os carpinteiros tiveram grande relevância não só na construção civil e na produção de mobiliário, como também na construção naval, desde a construção das embarcações tradicionais da ria a navios de alto mar. C.F.

NOTA: O Correio do Vouga tem uma rubrica interessante para divulgar curiosidades sobre a toponímia de diversas localidades. A Gafanha da Nazaré tem sido contemplada. Desta vez, o jornalista Cardoso Ferreira apresenta o Beco dos Carpinteiros.

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Parar é morrer

Estou convicto de que parar é morrer, sobretudo quando se entra na idade avançada, que é o meu caso. Habituei-me a essa ideia quando há anos, em conversas com idosos, ouvi deles que o trabalho, físico ou outro, alimenta ideias e estimula o sentido da criatividade e do amor à vida. Por vezes duvidava, mas hoje estou plenamente convencido de que é verdade. O trabalho, realmente, obriga-nos a pensar e a refletir sobre o que podemos fazer de útil para a comunidade em que estamos integrados, nem que seja para dar sugestões e apresentar propostas de ação de que todos possam beneficiar. Nessa linha, tenho apostado e tenho de continuar a apostar, olhando para o futuro. Ficar encostado a um canto sem responsabilidades familiares ou sociais gera apatias e indiferenças pela vida e pelo mundo.
Em tempo de férias sinto que toda a gente anda agitada com os projetos de  passeios e destinos. Nós ficámos por casa, tendo por companhia um animal sempre atento. Uma gata, a nossa Nina. Sempre  silenciosa, mas fixando-nos nos olhos como que a dizer: Olha que eu estou aqui, não te sintas sozinho. A  nossa Nina merece mesmo esta referência por uma questão de justiça. De vez em quando passa pelas brasas, é certo, mas logo, mal acorda,  nos procura com o seu olhar penetrante, mas tranquilo.

F. M. 

sábado, 26 de agosto de 2023

Dia do Cão


É bom que haja dias para celebrarmos tudo e mais alguma coisa. Hoje é o Dia do Cão, razão suficiente para eu evocar cães que viveram connosco como se da família fossem. O Toti e a Tita marcaram as nossas vidas para sempre. Hoje lembramo-los de maneira especial, mas no dia a dia vêm sempre à nossa memória pela lealdade com que lidavam connosco. Um cão e uma cadela, o Toti e a Tita vieram para a nossa casa quando eram pequeninos. Aqui cresceram e aprenderam como se vivia em família. E todos  se deliciava com as suas brincadeiras.

Francisco: Peço-vos em nome de Deus (2)

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias



Continuamos com os pedidos em nome de Deus feitos pelo Papa Francisco.

4. Em nome de Deus peço uma política que trabalhe para o bem comum.

Penso que a Política, com maiúscula, como diz Francisco, constitui um dos serviços mais prestimosos e também mais exigentes, que quase requer a santidade. Por isso, quando vejo tantos, tantos, tantos... na corrida para um lugar na política, prestando-se até a comportamentos por vezes ridículos, se me perguntam se eu acredito que a maior parte o faz para prestar esse serviço ao bem comum, respondo sinceramente: não. Há outros motivos; disse-o quem sabe, Henry Kissinger: "O poder é o maior afrodisíaco".
Francisco escreve que acredita numa política que "nunca perde de vista o bem comum, o seu verdadeiro e primordial objectivo", mas que também sabe que para alguns "a política se escreve com minúscula e se transformou numa má palavra": "Pensa-se nas vantagens", no "quanto me dá", e aí está "um dos males que mais a danificam - a corrupção". "Não é ilegal que um ser humano se sinta atraído pelo dinheiro, as viagens em primeira classe, as mansões, mas convoco a que na Política se envolvam só os que podem viver com sobriedade e austeridade no seu dia a dia."

Convívio Paroquial - hoje, a partir das 11 horas




Convívio de Angariação de Fundos para a Paróquia

 26 de agosto| a partir das 11h
 no Jardim 31 de agosto
Convidamos toda a população a participar nesta iniciativa de angariação de Fundos para a Paróquia! Será um dia recheado de gastronomia e animação!

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Flor ampliada


 O gosto de ampliar fotografias, sobretudo relacionadas com a natureza, vem do desejo de realçar pormenores que escapam a quem as contempla.

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Fogos Florestais

Os fogos florestais são uma constante no nosso país, mas também noutros. A seca e a falta de chuva, com o calor a produzir os seus efeitos, geram incêndios todos os anos, sobretudo no verão.
As populações do interior e os bombeiros já sabem que o ataque aos fogos é uma constante que faz parte da vida do nosso povo, sobretudo o que vive e convive, em época de altas temperaturas, em regiões florestadas E isto repete-se desde que me lembro.
Vou sabendo que há estudos e conselhos dirigidos aos proprietários de pinhais e espaços baldios, no sentido de prepararem os seus terrenos para se evitar a propagação do fogo, criando zonas de acesso e vigilância, mas a verdade está à vista de todos. Fogos mais ou menos dominados e tudo regressa à normalidade. Nos anos seguintes, tudo se repete sem se vislumbrar qualquer solução. E os fogos florestais vão continuar. É fatal. Não poderia ser criada a nível governamental, com bombeiros e técnicos, uma comissão capaz de encontrar soluções que pudessem minimizar a propagação dos fogos?

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

António Gedeão - Poema das coisas


Amo o espaço e o lugar, e as coisas que não falam.
O estar ali, o ser de certo modo,
o saber-se como é, onde é que está e como,
o aguardar sem pressa, e atender-nos
da forma necessária.

Serenas em si mesmas, sempre iguais a si próprias,
esperam as coisas que o desespero as busque.

Abre-se a porta e o próprio ar nos fala.
As cortinas de rede, exactamente aquelas,
a cadeira onde a memória está sentada,
a mesa, o copo, a chávena, o relógio,
o móvel onde alguém permanece encostado
sem volume e sem tempo,
nós próprios, quando os olhos indignados
nas pálpebras se encobrem.

Põe-se a pedra na mão, e a pedra pesa,
pesa connosco, forma um corpo inteiro.

Fecha-se a mão, e a mão toma-lhe a forma,
conhece a pedra, entende-lhe o feitio,
sente-a macia ou áspera, e sabe em que lugares.
Abre-se a mão, e a mesma pedra avulta.

Se fosse o amor dos homens
quando se abrisse a mão já lá não estava.

António Gedeão

Nota: Do livro "Rosa do Mundo" - 2001 poemas para o futuro. 

Tempo quente, pois então



Cumprindo a tradição, logo ao levantar fui informar-me sobre o tempo. Vamos ter uma semana de Agosto como nós todos merecemos. Quentinha como desejamos nesta altura do ano. Fui espreitar e bate tudo certo. O ventinho, por estas bandas, tem de nos incomodar um pouquinho e a Ria encarrega-se de temperar o ambiente. Com isto tudo até parece que vivemos num paraíso com a ajuda das flores que elevam o nosso astral.
Ainda só espreitei pela janela, mas não tarda a confirmação do que desejamos. É bom. Para inverno teremos os outros meses do ano, se Deus quiser.
Eu sei que a vida é mesmo assim. Seria mau hábito sonharmos o impossível, isto é, um verão todo o ano. E se calhar até fazíamos procissões pelas ruas da Gafanha a pedir chuva. Não se riam! Eu com minha mãe participei em algumas pelas ruas da nossa terra. Confesso, porém, que não sei se Deus nos ouviu ou não.

domingo, 20 de agosto de 2023

Para me abrir o apetite


 Queria assinalar o dia de forma diferente, mas quis o destino que gostasse desta foto. E ela aqui está, com votos de bom domingo e sonhos felizes.

sábado, 19 de agosto de 2023

Em jornada pelos valores da união e partilha

XIII Convívio de Crismados 



Os crismados de 1982, da Paróquia da Gafanha da Nazaré, reuniram em convívio anual no Jardim Oudinot, onde as famílias presentes partilharam mais um ano de crescimento, vida e saudade.
O (re)encontro foi no dia 30 de julho e nele estiveram presentes os elementos crismados e respetivas famílias, numa confraternização muito animada e rica de saudáveis memórias dos anos de caminhada na fé, entre diferentes vocações e destinos.
Os presentes não esqueceram os restantes amigos de grupo, que não puderam comparecer, uns por motivos profissionais e outros por não residirem em Portugal, em virtude da procura de melhores condições de vida familiar.
Foi mais um momento marcante para avivar boas recordações e renovar o espírito jovem de partilha de experiências tão diversas e de garantia de uma amizade consolidada pela força do espírito, recebido em cerimónia há 41 anos.
Inspirados por Nossa Senhora da Nazaré, esta foi a nossa jornada de juventude, porque mantemos os laços de um grupo unido, no compromisso de novo encontro no próximo ano.

Texto de Hélder Ramos

Foto de Paula Magueta

NOTA: Pessoalmente, considero  muito interessante este convívio que evoca uma cerimónia religiosa vivenciada por um grupo de jovens católicos há 41 anos. Num mundo, mesmo a nível religioso, que tudo esquece ou é relegado para o canto das coisas inúteis, é pertinente realçar este iniciativa, como exemplo a seguir. Os meus parabéns pelo vosso testemunho. 

F. M.


Francisco: Peço-vos em nome de Deus

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias 

Na sequência da Jornada Mundial da Juventude, ficam aí algumas reflexões a partir de um livro de Francisco, Os ruego en nombre de Dios. Por un futuro de esperanza (Peço-vos em Nome de Deus. Por um futuro de esperança). Soube que, entretanto, foi traduzido para português, na Editorial Presença: O Que Vos Peço, em Nome de Deus. São dez pedidos.

Francisco, antes de referir esses pedidos, começa por apresentar a sua relação pessoal com Deus: "Uma relação como a de qualquer homem, muito humana", acrescentando: "Uma relação com Deus é boa quando avança de acordo com a idade, quando não se fica na infância e é aberta." Confessa que nem sempre entende e há momentos de obscuridade: "Por vezes estou calado e deixo que Ele fale, que se faça sentir. É uma relação de convivência. Por vezes não o compreendo, tem os seus modos de proceder." Mas o que sente é amor por Deus, acrescentando: "Não podes amar a Deus, se não te sentes amado."

Dia Mundial da Fotografia - Evocando um amigo

Neste dia quero, em especial, evocar um amigo, Ângelo Ribau, que me sensibilizou para a arte fotográfica. O Ângelo apaixonou-se pela fotografia nem sei como. Sei que, seguindo literatura porventura dos seus tios já falecidos (Padre Diamantino e Dr. Josué Ribau), começou a fazer experiências, revelando fotos em vidro que nos exibia entusiasmado. O Ângelo era um apaixonado pela inovação. E o seu prazer passou para mim, que nunca dei grande importância às técnicas que ele manobrava.
Feita esta evocação com a oportunidade que me veio do dia que hoje se celebra, permitam-me a ousadia de evocar uma tarefa jornalística que muito me entusiasmou. Na qualidade de Director de o Correio do Vouga, o semanário da Diocese de Aveiro, habituei-me à ideia de fotografar os meus entrevistados e cenas alusivas a reportagens. Tarefa que sempre levei a cabo com prazer.
Sinto que as fotografias valem por mil palavras, com o dom de nos levarem a reviver momentos importantes das nossas vidas. E mesmo sabendo que não sou artista, nunca me cansei de fotografar.

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Festa de Nossa Senhora da Nazaré


Nos dias 26 e 27 de agosto, a Paróquia celebra a festa da nossa Padroeira, Senhora da Nazaré. No sábado, durante todo o dia, haverá um convívio de angariação de fundos, organizado pela Paróquia com auxílio da Junta de Freguesia e das nossas associações, com tasquinhas, feira de artesanato e animação durante todo o dia pelos grupos musicais Sequência, Aura Band e Universidade Sénior. Podemos almoçar e jantar no local, Jardim 31 de Agosto.

No domingo haverá missa solene às 10H30 e procissão às 16h30. Convidam-se os elementos da Irmandade, os movimentos, o CNE, as crianças da Comunhão solene e todos os crentes.

Confesso que gostei de conhecer o programa, com o qual concordo perfeitamente. Há convívios e animação, comes e bebes ao nosso estilo, simples e partilhado, e conjuntos que o nosso povo aprecia. E também não falta a procissão. Haverá despesas? Certamente. Porém, nada que se pareça  com as das festas de antigamente, uma dor de cabeça para os mordomos. Parabéns.  


Em maré de recordar - Costa Nova

 

Não sei a data desta fotografia que "mora" nos meus arquivos. Vê-se bem que é muito antiga, mas não deixa de ser interessante. Aqui a deixo para meditação e para nos lembrar que vivemos num século muito diferente. Para melhor, julgo eu.

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Em maré de recordar - De uma viagem pelo Douro

O DOURO FICA SEMPRE NA ALMA DE QUEM O VISITA





“Nenhum outro caudal nosso corre em leito mais duro, encontra obstáculos mais encarniçados, peleja mais arduamente em todo o caminho…


Beleza não falta em qualquer tempo, porque onde haja uma vela de barco e uma escadaria de Olimpo ela existe.”

Miguel Torga, in “Portugal”

Ler mais aqui 

Em maré de recordar

 

Gosto imenso de recordar tempo idos. Esta foto transportou-me à minha juventude. E ali estou eu, penso que já curado da tuberculose que me afetou, daí o agasalho a que estava sujeito. Do lado direito está o Ângelo Ribau e do outro lado está o seu irmão Plínio. Ambos falecidos. o Ângelo era o tal amigo que me visitava todos os dias. Com que saudades os recordo!

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Jaime de Magalhães Lima - Vale de Lafões

Se me fossem necessárias provas da perversão ou debilidade dos costumes e da educação nacionais, tê-Ias-ia na ignorância, no abandono e na geral indiferença dos portugueses que ou não conhecem ou não querem conhecer, ou mesmo desprezam, depois de o conhecerem, esse delicioso cantinho da nossa terra chamado o Vale de Lafões. Percorri-o durante três dias e em todas as direcções, e lá encontrei empregados públicos e médicos e advogados e proprietários e gente de toda a condição e toda possuída dum mesmo enfado, maldizendo a sua sorte e suspirando por terras melhores. Encontrei também muitas vezes estradas desertas, palácios escalavrados e aldeias misérrimas. O que, porém, em parte alguma encontrei, foram viajantes jornadeando por simples interesse e curiosidade de conhecerem aquelas terras, que são nossas e que são belas; nem gente que as procurasse corno um lugar de tranquilidade salutar onde recuperasse as forças perdidas no ar empestado das cidades; nem habitações, não de luxo ou de recreio, que as não cobiço para o meu país, mas significando um amor consciente da natureza, um carinhoso aferro ao silêncio e à majestade das montanhas, à contemplação das coisas em que a grandeza da vida se revela na serenidade plena da sua harmonia, cativando a nossa alma e depurando-a. Nada disso lá encontrei, e nem sequer quaisquer leves vestígios de semelhante tendência me autorizaram a sonhá-la.
Porquê?!... Será que o português não viaje? Será que lhe faltem meios económicos para despender alguma coisa em um repouso duplamente sadio, moral e fisicamente, longe do bulício das cidades e da sua diversa corrupção? Com certeza, não. Não faltam portugueses que tenham percorrido as montanhas da Suiça, e os seus lagos e os Pirinéus e o Reno e a Escócia. Não falta quem nos assegure que viu lá paisagens magníficas e não falta quem esteja disposto a ir vê-las. As viagens de portugueses ao estrangeiro multiplicam-se e amiúdam-se constantemente. E até não falta quem de lá nos traga e praticamente nos mostre a poder de dinheiro e com um zelo digno de melhor sorte, chalets, jardins arrelvados e muita outra coisa linda que do estrangeiro importou como  nota da civilização.

Jaime de Magalhães Lima

Nota. Excerto de texto publicado em Aveiro e o seu Distrito

terça-feira, 15 de agosto de 2023

Férias cá dentro


Cada vez me convenço mais de que vale a pena passar férias cá dentro. Portugal, que é um país pequeno, tem ainda muito por descobrir e cabe a cada um de nós divulgar cantos e recantos porventura ignorados, mas dignos da nossas admiração.
Não sendo muito viajado, ainda gosto de saber mais sobre o nosso país, pelo que me encanto quando alguém me descreve, com minúcia, paisagens e monumentos de aldeias, vilas e cidades de recantos do nosso país. Um dia destes, um familiar,  que andou pela raia de Portugal com Badajoz à vista, "fez-me sair de casa", descrevendo, com minúcia, o que viu, sentiu e saboreou nestas férias de 2023. E com que apetite fiquei eu de o imitar, coisa difícil ou mesmo impossível, dada a minha dificuldade em sair de casa. Ficarei, contudo, com a imaginação muito mais rica.

  

sábado, 12 de agosto de 2023

Miguel Torga nasceu neste dia


ANIVERSÁRIO

Mãe:
Que visita tão pura me fizeste
Neste dia!
Era a tua memória que sorria
Sobre o meu berço.
Nu e pequeno como me deixaste,
Ia chorar de medo e de abandono.
Então vieste, e outra vez cantaste,
Até que veio o sono.

Miguel Torga - Gerês, 12 de Agosto de 1948

No livro - Miguel Torga -  Poesia  Completa - 2.ª edição

Nota: O poeta completaria hoje 116 anos.

Festival do Bacalhau – 2023





Cumpri hoje a devoção de visitar o Festival do Bacalhau no Jardim Oudinot, sala de visitas da nossa terra. Saboreei feijoada de samos, pataniscas e bolos de bacalhau regados por vinho branco fresquinho. Serviço rápido a cargo de gente jovem, filhos de amigos. Sobremesa e café completaram a refeição. Olhares furtivos  para identificar pessoal que não via há muito.
A Lita e o Fernando, comigo à ilharga, também se mostravam compostos à saída para a volta da praxe, apreciando o pessoal que começa a encher o Jardim Oudinot para uma tarde aberta ao calor deste Verão que convida ao lazer. Animação diversa e comércio próprios destes festivais.
O pavilhão do artesanato exibia a habilidade de mãos de muita gente. Peças de arte muito variada, que a Lita não se cansa de apreciar e lá vai comprando segundo os seus gostos. Atrás dela vou pagando, mas não me assustei nem se assustem que ela contenta-se com peças bonitas e baratinhas. Regressámos quando o Oudinot começava a ficar repleto. A festa vai continuar até o sono convidar ao descanso. Amanhã termina o festival, mas o bacalhau, por estas bandas, continua presente nas mesas de quem o sabe apreciar.

F. M.
Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias



1. Só uma cegueira maldizente não reconheceria que a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa foi um êxito. Houve muitas críticas à Igreja, umas justas, outras não, e ela só tem de reflectir, pois há imensos buracos negros na sua história - para mim, a maior tragédia são a Inquisição e a pedofilia do clero. Houve, por vezes, referências críticas aos gastos públicos, e é bom que se reflicta, mas, desde já, é fundamental pensar no retorno, e, quando se reflecte sobre o retorno, não se trata apenas de pensar que, por exemplo, o próprio altar servirá para eventos futuros e que o país acabou por ser publicitado por todo o mundo, pois impõe-se pensar também no retorno imaterial do evento: pense-se no que significa a vivência dos grandes valores, como a alegria, a amizade, a solidariedade, toda a mensagem transmitida pelo Papa, a fé. Por vezes, invocou-se uma possível agressão ao Estado laico. Penso que, evidentemente, é preciso estar criticamente atento, pois a laicidade enquanto Estado não confessional é essencial para garantir a liberdade religiosa de todos, incluindo a liberdade de não ter religião, mudar de religião - aliás, o Papa fez questão de receber representantes de várias religiões, pois o diálogo inter-religioso é essencial para a promoção da consciência da fraternidade universal e a paz -, mas, por outro lado, é preciso prevenir que não se pode confundir laicidade com laicismo, que pretenderia reduzir a religião à esfera privada, sem lugar no espaço público.

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Férias em Agosto

Vou aproveitar este mês de Agosto para descansar um pouco nesta azáfama diária de alimentar os meus blogues. Arrumados que estão os aspetos gráficos dos blogues (Pela Positiva, Memórias Soltas e Galafanha), só voltarei a eles esporadicamente durante o mês de Agosto. É que, como é sabido, em tudo na vida temos de ser criativos.
Espero agradar aos meus habituais seguidores e mesmo aos que, pelas suas buscas na internet, encontram nas suas pesquisas textos elaborados por mim e oferecidos ao mundo do ciberespaço.
Depois retomarei o trabalho e o prazer de estar no mundo.

sábado, 5 de agosto de 2023

Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e sempre nova

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias




Naquela tarde, foi o esplendor do pôr-do-sol! O horizonte em chamas, o Sol que baloiça no horizonte ao mesmo tempo que brinca e se banha no mar e se despede... E se nunca mais voltasse?!... Mas, na manhã seguinte, cá estava outra vez, resplandecente, e novo, novo como na manhã primeira do mundo. Tudo está reconciliado, tudo é perfeito, não há cisão de sujeito e objecto. E é tal o êxtase que até podíamos morrer. Porque aí não há morte. Tudo é apenas um instante. Mas trata-se daquele instante em que a eternidade tange o tempo, e, aí, nesse instante, o que há é a pré-vivência da vida eterna, plena.
Também há os rostos. E o que há de mais "instante" do que um rosto? Nele, o que vem é o Infinito a visitar-nos. Como alguém escreveu: "Cada um, único, é um mistério. Em síntese, o mistério de Deus."
Depois, há a arte. Que vai do canto à poesia e à escultura, da dança à pintura e à música.

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Tempo de Férias - 1


Olho pela janela e vejo o sol acalentador a chamar-me para sair de casa porque a natureza está à minha espera. Agosto está exuberante e se o não sentir na pela, jamais o espírito acordará para a vida.
Sempre, desde que tenho memória, vivi Agosto em pleno: roupa mais leve, calçado a condizer, alma mais disponível e tempo para refletir. Pelos vistos, vamos ter um verão há muito esperado. Não haverá pandemias assustadoras, temporais incómodos e o astro-rei estará convidativo.
É com este espírito que desafio os meus amigos a aproveitarem em pleno o mês de Agosto de 2023.

FM

Dia Internacional da Cerveja



O Dia Internacional da Cerveja é celebrado na primeira sexta-feira do mês de agosto, que é precisamente hoje, dia 4. Para festejar o dia é muito fácil, basta passar por um qualquer café, bar, taberna ou tasca e pedir uma lourinha bem fresca.
Não sei se sabem que a cerveja é a bebida alcoólica mais consumida pelos portugueses, sendo preferida nos meses mais quentes. Porém, há quem  a beba em qualquer situação, quer chova ou faça sol.
Em Portugal, as alcunhas mais conhecidas para aquela bebida são: fino, imperial, mini e média.
Na Europa realizam-se vários festivais da cerveja, especialmente em países como a Bélgica e a Alemanha.

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Ver o Papa foi um momento único



Vália Lopes, natural da Guiné-Bissau, considera que a cerimónia de acolhimento da Jornada Mundial da Juventude, realizada hoje em Lisboa, foi “emocionante” e “gratificante”, porque jovens “de todo o mundo dividiram o mesmo espaço e a mesma fé”.
“Ver o Papa foi um momento único” e depois a mensagem foi “muito motivadora”, sublinhou Vália Lopes à Agência ECCLESIA.
Considerando que a Igreja está a ser “muito perseguida”, a mensagem do Papa Francisco dá aos jovens “mais força e coragem” para “seguirem Jesus Cristo”.
Bárbara Melo, jovem portuguesa, disse não ter “palavras para descrever a emoção” de estar perto do Papa e de jovens “de muitas nacionalidades”.
Para esta jovem, Francisco representa a Igreja “que nós lutamos e ambicionamos”, disse à Agência ECCLESIA.

Grandes Veleiros

 

O FB lembrou-me hoje uma foto que publiquei e que veio em boa hora. Foi uma oferta do meu "velho" amigo Carlos Duarte que saúdo com estima e votos de saúde e otimismo.

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Papa Francisco está feliz

“Estou feliz por me encontrar no meio de vós não só para viver, juntamente com muitos jovens, a Jornada Mundial da Juventude, mas também para partilhar o vosso caminho eclesial com as suas canseiras e esperanças”, disse o Papa Francisco. E acrescentou: "Mergulhei na beleza do vosso país, terra de passagem entre o passado e o futuro, local de antigas tradições e de grandes mudanças, embelezado por vales viçosos e praias douradas debruçadas sobre o imenso e fascinante oceano, que banha Portugal”.

FÉRIAS - Vou andar por aqui

Em tempo de férias, que Agosto nos oferece, tenho a sorte de poder  andar por aqui, ao sabor das marés.  Prefiro as marés cheias de águas que refletem o céu e os arvoredos que as circundam. Já lá vai a azáfama de carregar a tralha para que nada faltasse nos parques de campismo, onde assentávamos arraiais para um viver  diferente e muito descontraído. Procurávamos chegar nos primeiros dias de Agosto porque a procura era grande. Presentemente, são raros os puros  campistas. 
Havia  vagar para descobrir as redondezas e para visitar monumentos, mas também para saborear os petiscos regionais. E agora?


PAPA FRANCISCO ENTRE NÓS

Assisti, via televisão, à chegada do Papa Francisco a Portugal, para participar na JMJ, onde deixará, decerto, mensagens concretas aos jovens, direta ou indiretamente, estimuladoras de vida nova para todos. Nem outra coisa seria de esperar, numa época em que ideologias confusas podem perturbar a formação integral de tantos jovens.
Os meus votos vão no sentido de que todos, jovens e menos jovens, saibam estar atentos às mensagens que o Papa Francisco nos deixará como fundamentais à construção de um mundo mais justo e mais fraterno.

Zeca Afonso nasceu neste dia

2 de Agosto de 1929

Nasceu, neste dia, 2 de Agosto de 1929, na Travessa do Passeio, freguesia da Glória, José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, mais conhecido por José Afonso, ou Zeca Afonso, que se notabilizou como cantor. Foram seus pais o Dr. José Nepomuceno Afonso dos Santos, natural do Fundão, e D. Maria das Dores Dantas Cerqueira, natural de Ponte de Lima. Faleceu em 23 de fevereiro de 1987.

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Férias, mas não só



Já começou o mês de férias por excelência. E começou bem com o muito falado, com razão, da JMJ, que envolve jovens de todo o mundo e o Papa Francisco, um pastor reconhecido e amado por homens e mulheres dos mais diversos quadrantes. Que tudo decorra conforme é desejo de todos.
Durante esta semana estarei por casa com o cuidado de estar atento ao que decorre em Lisboa, com mais de um milhão de jovens dispostos, decerto, a iniciar vida nova alicerçada nos valores do cristianismo, tendo  em conta todos os conceitos de paz, fraternidade e justiça social.. Só estes valores serão capazes de terminar com as guerras, de que, infelizmente, tenho sido testemunha desde que nasci.

F. M.

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