Estou convicto de que parar é morrer, sobretudo quando se entra na idade avançada, que é o meu caso. Habituei-me a essa ideia quando há anos, em conversas com idosos, ouvi deles que o trabalho, físico ou outro, alimenta ideias e estimula o sentido da criatividade e do amor à vida. Por vezes duvidava, mas hoje estou plenamente convencido de que é verdade. O trabalho, realmente, obriga-nos a pensar e a refletir sobre o que podemos fazer de útil para a comunidade em que estamos integrados, nem que seja para dar sugestões e apresentar propostas de ação de que todos possam beneficiar. Nessa linha, tenho apostado e tenho de continuar a apostar, olhando para o futuro. Ficar encostado a um canto sem responsabilidades familiares ou sociais gera apatias e indiferenças pela vida e pelo mundo.
Em tempo de férias sinto que toda a gente anda agitada com os projetos de passeios e destinos. Nós ficámos por casa, tendo por companhia um animal sempre atento. Uma gata, a nossa Nina. Sempre silenciosa, mas fixando-nos nos olhos como que a dizer: Olha que eu estou aqui, não te sintas sozinho. A nossa Nina merece mesmo esta referência por uma questão de justiça. De vez em quando passa pelas brasas, é certo, mas logo, mal acorda, nos procura com o seu olhar penetrante, mas tranquilo.
F. M.