sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Gafanha da Nazaré - Rua Viana da Mota

José Viana da Mota nasceu em São Tomé e Príncipe, a 22 de abril de 1868. Era filho de José António Viana da Mota, farmacêutico e músico amador, e de Inês de Almeida e Mota. Reconhecendo o grande talento que o filho demonstrava, em 1874, o seu pai levou-o a uma audição na Corte. Com apenas 6 anos impressionou de tal forma os monarcas portugueses que logo o colocaram sob a sua proteção. 
Concluído o curso no Conservatório de Lisboa em 1882, prosseguiu os estudos em Berlim, onde teve como professores Xaver Scharwenka e Carl Schaeffer. Em 1885 passou uma temporada em Weimar, tendo sido um dos últimos alunos de Frank Liszt. Em 1887 frequentou o curso de interpretação de Hans von Büllow. 
A partir de 1900 dedicou-se ao ensino, sobretudo em Berlim, onde fixou residência, porém, o eclodir da I Guerra Mundial levou-o a mudar-se para Genebra onde lecionou na Escola de Superior de Música. 
Em 1917 regressou definitivamente a Portugal, tendo assumido a direção do Conservatório de Música de Lisboa, cargo que ocupou até 1938. Nesta instituição foi um dos autores das reformas de 1919 e de 1930, sendo, em 1936, nomeado presidente da comissão encarregue das novas secções de música e de teatro. Entre 1918 e 1920 assumiu também a Direção Musical da Orquestra Sinfónica de Lisboa e fundou, em 1917, a Sociedade de Concertos de Lisboa. 

Frio com sol luminoso



Para começar o dia, permitam-me que vos ofereça uma imagem da praia em tempo de muito frio. Um sol luminoso dá um ar da sua graça, mas só aquece a alma. O corpo fica com o frio. Bom fim de  semana. 

Baptizados em Jesus para sermos como Ele

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Baptismo do Senhor



A festa do baptismo de Jesus que, hoje, celebramos, vem mostrar-nos Jesus como predileto Filho de Deus Pai sobre o qual desce o Espírito Santo. Narrada por São Marcos é colocada como “festa ponte” entre o Natal e a vida quotidiana de Nazaré, e pretende dar relevo à manifestação de Jesus no nosso dia-a-dia. Vamos contemplar alguns passos dessa narração e deixar-nos interpelar por interrogações que ela suscita. 
Sozinho, deixa Nazaré e dirige-se ao rio Jordão onde João está a baptizar. Encontra uma multidão vinda de várias partes por querer responder ao apelo de conversão e mudar o estilo de vida que a pregação de João suscitava. Também lá estavam fariseus  e saduceus,  mas por fingimento hipócrita, a ver o que acontecia. A estes, João lança invetivas tremendas: raça de víboras, sois como árvores a abater. Mc 1, 7-11. 
Chega também Jesus vindo de Nazaré da Galileia. O narrador não apresenta mais dados sobre a sua procedência. É ele e só ele. Interessa-lhe não tanto o passado, mas o presente que se abre ao futuro: mostrar que Jesus é o Filho de Deus que vem salvar-nos. E de facto, o seu evangelho vai dando sinais claros desta verdade e, quase a terminar, apresenta a profissão de fé explícita do oficial do exército romano: “Verdadeiramente, este homem era mesmo o Filho de Deus”. 
Mas de Nazaré, pode sair coisa boa? – pergunta de Natanael deixando perceber a baixa “cotação” social da terra de residência de Jesus ou o forte pendor político reivindicativo dos seus habitantes. Seja como for, Jesus traz consigo a experiência sofrida do povo “periférico” e as esperanças de transformação social e religiosa. Traz consigo algo muito superior que vai revelar-se após o batismo e culminar no Calvário e na Páscoa da ressurreição. É urgente mudar! 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Dia de Reis





O Dia de Reis, da tradição cristã, celebra-se no dia 6 de Janeiro. É também conhecido como Festa da Epifania, que na Igreja Católica tem lugar no próximo domingo. O Cortejo dos Reis, tradicional entre nós, este ano foi cancelado por razões compreensíveis, mas o seu espírito jamais será esquecido por quem tantas vezes o vivenciou. 
Como é por demais sabido, esta festa está associada ao nascimento de Jesus na humilde gruta de Belém, onde os pastores o adoraram como o Salvador anunciado pelos profetas. Depois, uns Reis ou Magos, também procuraram o Menino a quem ofereceram ouro, incenso e mirra, como é sabido pelos cristãos.
A história desta festa está viva no espírito das nossas gentes das Gafanhas e de outras terras. E é de tal modo expressiva que congrega muita gente que aprecia os autos apresentados durante o cortejo, ao ritmo de cânticos natalícios. No final, há a cerimónia do beijar do Menino, na Igreja Matriz, e o leilão dos presentes. 
Permitam-me que esclareça  o pormenor do  leilão dos presentes. Realmente, esta foi a forma de a comunidade paroquial conseguir algum dinheiro para as múltiplas despesas a que não pode escapar, por não ter rendimentos próprios, ao contrário do que alguns possam pensar. Por isso, os que desejarem contribuir poderão  fazê-lo entregando os seus donativos no cartório paroquial. 

NOTA: Fotos do  cortejo do ano passado.

Um trocadilho para pensar


"Muito me reprovo e o aprovo tanto quanto outrora aprovei o que hoje reprovo"

Agostinho da Silva (1906-1994)

Em Escrita na Pedra do PÚBLICO de hoje

O fascínio da ria


Nem o frio nos rouba o fascínio da nossa Ria.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Natal e Ano Novo - Evocações

 

Rabanadas 

Lá se foram dois dos mais bonitos e vividos dias do ano. Natal e Ano Novo, ambos a fechar o ano, já passaram à história. Esperados ansiosamente e vividos com azáfama à medida de cada um, sempre cheios de tradições, conciliadores e festivos, desta feita suportámos inquietações. Uns respeitando as normas da pandemia e outros, mais afoitos ou irresponsáveis, pondo o pé na argola armados em espertos.
Ficaram aqueles dias  como registo de ameaças reais e possíveis, mas  logo retomámos a vida a sonhar com os horizontes arejados e saudáveis. Outros Natais e Anos Novos hão de vir para serem gozados em pleno.
Olhando para trás, a minha  memória levantou o pano do palco da nossa presença no mundo. Os brinquedos à medida das posses dos pais, os doces mais apetecidos do que os atuais, feitos a granel, ou, melhor dizendo, com outros sabores, os convívios sem televisões e a monotonia das rádios de então, sobrava tempo para as histórias, lendas e adivinhas, regadas, sobriamente, com um cálice de Vinho do Porto, mais para os adultos, que à malta juvenil até provocava tosse. 
Recordo, com que saudade, o chá de folhas de laranjeira que a minha saudosa mãe fazia, para desenjoar da doçaria da época, ainda sem bolo rei. Eram rabanadas, filhós,  bilharacos,  aletria ou arroz doce, mais uma espécie de pão de ló que não faltava nos dias de festa na então aldeia da Gafanha da Nazaré da minha meninice. 
Outros tempos, outras vidas, outros ares, outras formas de conviver há uns 80 anos. Daqui a uns tempos como será?

Fernando Martins