Para quebrar a monotonia do dia, nada melhor do uma foto que me conduza à nossa ria. O marinheiro espera a maré para seguir viagem rumo a novos pesqueiros. Ali, as três canas de pesca não dão sinal de peixe, mas o marinheiro não desespera. A sua hora há de chegar.
sábado, 23 de maio de 2020
sexta-feira, 22 de maio de 2020
ACOLHE A MISSÃO QUE JESUS TE CONFIA
Reflexão de Georgino Rocha
para a Festa da Ascensão do Senhor
“Ide e ensinai”, ordena Jesus, com toda a sua autoridade, na declaração final que precede a sua Ascensão. Os discípulos vivem um “feixe” de sentimentos que vão da dúvida ao reconhecimento e à adoração. Acolhem a ordem/envio com docilidade e “temor” pois os horizontes da missão são desproporcionados às suas forças e capacidades. Ir por todo o mundo, ensinar todas as nações, fazer discípulos de todos os povos, baptizar os que acreditam, constituem expressões que configuram a amplitude da sua nova responsabilidade. E eles, seres humanos frágeis e hesitantes, limitados nas capacidades e nos conhecimentos, marcados e formatados pelos hábitos de trabalho duro e da cultura judaica, eles a sentirem a desproporção do que lhes é incumbido e a realidade das suas forças, sem contar com a adversidade de certas e surpreendentes circunstâncias. Mt 28, 16-20.
Quem se atreveria a aceitar tal mandato ou, pelo menos, não pediria algum esclarecimento? Quem não sentiria a tentação da debandada, deixando o lugar vago à espera que outros viessem fazer o que era da sua responsabilidade? Quem não hesitaria em fazer “ouvidos moucos” a tal imperativo, ainda que se retardasse o ritmo do que estava planeado? Estas e outras interrogações trespassariam qualquer coração humano que contasse apenas com os seus recursos. A probabilidade do fracasso era grande.
Mas os discípulos não dão sinais de reagir desfavoravelmente, não manifestam qualquer temor e dispõem-se a tudo. Reconforta-os, sem dúvida, a promessa/garantia de Jesus: “Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos” e ainda: Enviar-vos-ei o Espírito para que esteja em vós e habite convosco.
terça-feira, 19 de maio de 2020
PONTO DE VISTA: VERÃO SEM FESTAS
Está visto e revisto que o próximo
verão vai ser muito monótono, sob o ponte de vista festivo: Os programas oficiais não contemplam
festas. E sem elas, teremos de recorrer à imaginação de cada um e
das famílias. Mesmo que as condições de saúde pública se alterem
para melhor, o que será desejável mas difícil de prever, não haverá
possibilidades de organizar as tradicionais festas, tanto de âmbito
particular como de freguesia e concelhia como regional e nacional.
Nesse pressuposto, temos à nossa
disposição e imaginação tempo para recrearmos os nossos lazeres
de férias e de convívios, porque nem só de trabalho vivemos nós.
Dentro do que será permitido, podemos enveredar por passeios, perto
ou mais longe, viagens que nos permitam contemplar outros ambientes,
pessoas e culturas, recorrendo aos nossos próprios meios para
registar o que mais nos sensibilizou, porque não faltam plataformas
digitais para tudo partilhar, numa troca frutuosa de gostos, os mais
diversos e até acessíveis.
Por aqui darei conta do que fizer e
daquilo que mais me há de marcar no próximo verão.
F. M.
CONFINAMENTO
Falhei no confinamento. No princípio, fiquei confuso sem saber que fazer. Pensei num diário, que não vingou. Tentei e atirei ensaios para a reciclagem. Para não cair na tentação, limpei o que lá estava. Olhando para trás, vislumbrei recordações carregadas em período de exceção: pessoas, gestos, visões de cidades, do mar, da ria, de jardins e caminhos... senti vontade de transgredir, notei olhares magoados, dramas, ameaças, medos. E nas conversas, sem hora marcada, planeei que haveria de fugir do nada. Viajei pelo meu interior, sozinho ou acompanhado. E na viagem lá estavam horizontes escondidos, e quis voltar onde já estive, e imaginei futuros sem horas da saída, e quis saber quando recomeçar, e percebi que estou a caminho.
F. M.
segunda-feira, 18 de maio de 2020
A VIDA VAI CONTINUAR
Ontem, domingo, parte significativa da minha família reuniu-se para um almoço-convívio, o primeiro da nova era das nossas vidas, sob a lupa atenta de todos, não fosse o danado coronavírus atacar-nos sem dó nem piedade. Estava patente na mente e nos gestos de todos o respeito rigoroso pelas regras ditadas pelas leis em vigor e pelo bom senso de quem, desde que a crise se instalou no mundo, sem olhar a políticas, etnias e horizontes, sentiu as ameaças e as angústias de milhões de pessoas.
Ao ar livre, no relvado e no coberto anexo, duas mesas à distância necessária, comes e bebes bem acondicionados e divididos, nada de abraços e beijos, conversas e alegrias partilhadas, máscaras prontas para entrar em ação… E assim se passou o primeiro dia das nossas vidas de família alargada, ao ar livre, dia soalheiro, sem o vento incomodativo, sem pressas, com os receios postos de lado, que deles andávamos todos fartos e ansiosos de procurar a natureza.
Nos meus silêncios habituais, que deles por temperamento não consigo fugir, lembrei os que não puderam vir, que tudo aconteceu por acaso, por parte dos que desejavam libertar-se por umas horas da grande cidade que é o Porto e porque as saudades eram muitas.
Tenho para mim que a vida vai continuar. As autoridades já escancararam os portões com regras à mistura a partir de hoje, segunda-feira. Ontem, fizemos em família o primeiro ensaio. Correu bem porque quisemos que assim fosse. Assim toda a gente queira fazer o mesmo.
Fernando Martins
domingo, 17 de maio de 2020
AINDA O VOCÁBULO GAFANHA
Tem-se falado e escrito muito sobre a origem do vocábulo Gafanha, com repetições sem conta. Publico hoje, para encerrar por minha conta a abordagem da questão, a digitalização do que foi escrito na Etnografia Portuguesa, III Volume, de José Leite de Vasconcelos, edição de 1942. Esta é a teoria mais erudita e mais consistente, na minha modesta opinião.
NOTA: Digitalizei a partir do livro para traduzir mais fielmente o que então foi elaborado.
CONVERSÃO ECOLÓGICA E DO DESEJO DISTORCIDO
Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO
"Esta crise obrigou-nos a parar. Mas suspeito que este medonho susto ainda não conseguiu alterar, em profundidade, a mentalidade geral"
1. Chegam-me de vários lados, com propósitos diferentes, notícias e comentários sobre o comportamento lamentável de algumas correntes do alto e baixo clero unidas no afrontamento das medidas recomendadas pela OMS e que a DGS e os governos impõem para evitar o contágio da covid-19. Unidas também no declarado incitamento ao seu desrespeito, a nível nacional e internacional.
Essas movimentações ressurgem quando muita gente já se sente desesperada entre o apertado confinamento, o emprego perdido, a ronda da pobreza, a ameaça da morte e um futuro de pouca esperança. A agitação de algumas tendências do clero revela, no entanto, outra conhecida e renovada motivação: atacar a pastoral do Papa Francisco para que as linhas mais inovadoras do seu pontificado e do seu estilo morram e sejam enterradas com ele.
Procura-se fazer acreditar que Bergoglio é um instrumento das forças que desejam acabar com a prática religiosa, já muito enfraquecida, numa Europa laicizada. É preciso estar em sintonia com maçónicos, comunistas e ateus para proibir missas abertas ao público e impedir as grandes e tradicionais manifestações da fé católica. Este Papa, dizem os seus adversários, acaba sempre por fazer o jogo dos inimigos da Igreja, transformando-a numa banal associação filantrópica com igrejas de portas fechadas.
Para a grande maioria dos católicos, a relevância do exibicionismo desse clero, com mitra ou sem mitra, depende, em grande parte, do acolhimento que lhe é dado em certos meios de comunicação e não pela sua real representatividade.
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