quarta-feira, 16 de março de 2016

Gestos com sentido

Editorial de Querubim Silva,
Diretor do Correio do Vouga


Querubim Silva
«Saber gerar sorrisos com arte, com delicadeza 
e elevação, não é para todos. 
Ele sempre foi mestre, e nobre mestre, 
nesta tarefa de abrir os corações e os espíritos 
ao sol do otimismo e da esperança»

O País toldou-se de cinzenta tristeza: Nicolau partiu sem avisar! E o seu humor vai fazer falta a muita gente. Saber gerar sorrisos com arte, com delicadeza e elevação, não é para todos. Ele sempre foi mestre, e nobre mestre, nesta tarefa de abrir os corações e os espíritos ao sol do otimismo e da esperança. Com critérios e pautado por princípios de um respeito assinalável pela dignidade da pessoa humana. E fê-lo com pontaria cirúrgica, com o seu sarcasmo político e social, denunciando vícios, ridicularizando comportamentos…, sempre de uma forma divertida e alegre. 
Vários dos comentários à morte deste ator, produtor e realizador, a quem a cultura portuguesa tanto fica a dever, sublinharam a sua condição de católico praticante, seguramente inspiradora da sua constante alegria, da sua amabilidade e afabilidade sem fronteiras. Pressentiu-se em alguns desses comentários o efeito do testemunho de fé deste insigne português, com uma afirmação, mesmo que hesitante, da convicção de que ele continua connosco e, porventura, a beneficiar-nos com a sua arte, agora junto de Deus.

terça-feira, 15 de março de 2016

Aldeias históricas

Crónica de Maria Donzília Almeida

Contemplação
Arco
Casa restaurada


Cegonhas 
Sortelha

«Se você deseja viajar longe e rápido, viaje leve. 
Deixe para trás todas suas invejas,
 ciúmes, incapacidade de perdoar, 
egoísmo e medos.»

Glenn Clark

"Por Terras de Portugal” é o título de um livro arrumado na estante, há já longos anos. “À Descoberta de Portugal” foi sempre o meu desiderato, tantas vezes adiado, por motivos profissionais. A minha ânsia de conhecer os lugares recônditos deste nosso torrãozinho natal, que encerram tanta beleza, começa a concretizar-se agora, nesta nova etapa da vida. Quando temos amigos a ajudar à festa… o sonho aproxima-se mais da realidade.
O projeto de fim de semana encaminhou-nos para terras do interior, com passagem pela cidade dos cinco “F’s”, cuja designação sempre me intrigou. Fiquei finalmente a conhecer o seu significado:
FORTE: a torre do castelo, as muralhas e a posição geográfica demonstram a sua força;
FARTA: devido à riqueza do vale do Mondego;
FRIA: a proximidade à Serra da Estrela explica este F;
FIEL: porque Álvaro Gil Cabral – que foi Alcaide-Mor do Castelo da Guarda e trisavô de Pedro Álvares Cabral – recusou entregar as chaves da cidade ao Rei de Castela durante a crise de 1383-85. Teve ainda fôlego para combater na batalha de Aljubarrota e tomar assento nas Cortes de 1385 onde elegeu o Mestre de Avis (D. João I) como Rei;
FORMOSA: pela sua natural beleza;

domingo, 13 de março de 2016

O gosto perverso de acusar

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO

«Ainda persiste o gosto 
de novas formas de apedrejar 
"suspeitos" em praça pública


1. Bergoglio, desde que foi nomeado bispo de Buenos Aires, empenhou-se em transfigurar, a partir da sua prática, o imaginário religioso do confessionário. Viu que era preciso fazer dos lugares de tortura psicológica e moral espaços e tempos de festa, mediante a manifestação da misericórdia infinita de Deus no comportamento dos confessores.
O sacramento de reconciliação tem e teve muitos nomes, até o de "tribunal". Numa aula de teologia dos Sacramentos, um estudante, ao ouvir tal designação, exclamou: só podia ser um tribunal fascista! Para o Papa Francisco, o confessionário tornou-se um dos lugares da prática mais profunda da sua teologia da libertação e da sua actuação pastoral.
No passado dia 9 de Fevereiro, na celebração da Eucaristia, rodeado de franciscanos Capuchinhos, disse-lhes directamente: "a vossa tradição é a do perdão, oferecer o perdão". Só aquele que se sente pecador pode ser um grande perdoador no confessionário. Os que se julgam puros e mestres sabem apenas condenar.

sábado, 12 de março de 2016

Bem-aventurados os ricos!

Crónica de Anselmo Borges 

 "A raiz de todos os males 
é a paixão pelo Dinheiro"

1 Mais de mil milhões de pessoas têm de viver com menos de 1,14 euros por dia. A cada dia morrem de fome entre 30.000 e 40.000 pessoas (16.000, crianças). Em 2015, 6% apenas da população detinham metade da riqueza do mundo, mas neste ano de 2016 a situação agravar-se-ia, pois aquele número desceria para 1%, o que significa que a distribuição da riqueza seria a mais desigual de sempre, disse o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Nos últimos anos, tem-se assistido ao aumento da concentração da riqueza nos bolsos de uma elite cada vez mais restrita: entre 2010 e 2015, a fortuna dos mais ricos aumentou em cerca de 44%, mas o património dos mais pobres diminuiu. Os pobres, apesar de, em geral, estarem menos mal, são cada vez mais pobres. É o que acaba de confirmar o relatório da ONG Oxfam: o 1% dos mais ricos tem 50,1% da riqueza mundial. As 62 pessoas mais ricas do planeta possuem tanta riqueza como a metade mais pobre da população mundial: 3.600 milhões.
Os famosos "mercados", com a financeirização especulativa da economia, potenciados pelas novas tecnologias e pela falta de uma governança global, fazem, numa linguagem esotérica, inacessível ao leigo, jogos que causam crises em cadeia e que os mais pobres acabarão por ter de pagar. E também há trafulhice explícita, sendo um exemplo disso (só um exemplo) o construtor automóvel Volkswagen, que fez batota, ao falsear as emissões dos motores em caso de teste, derrubando assim, como lembrou A. Lacroix, a teoria de Max Weber, segundo a qual a Europa do Norte seria "mais séria e virtuosa" do que a do Sul.

Adúltera perdoada vai em paz

Reflexão de Georgino Rocha

«Todos possuidores 
de uma dignidade inalienável» 

Por que me trazeis apenas a mulher? Onde está o homem que a acompanhava quando foi apanhada em flagrante? Ninguém é adúltero sozinho. Sois cúmplices da sua fuga? Quereis sonegar a sua responsabilidade? Não sabeis ler o que Moisés prescreveu? “O homem que cometer adultério com a mulher do seu próximo tornar-se-á réu de morte, tanto ele com a sua cúmplice” (Lev 20, 10; cf Dt 22, 22).
Estas e outras questões decorrem do episódio protagonizado por escribas e fariseus que apresentam a Jesus uma mulher surpreendida em adultério e, em jeito de armadilha, querem saber o que fazer em tais situações. Cobrem-se com a autoridade de Moisés. Aguardam o parecer de Jesus que, parece, não tem alternativa. Ou diz pura e simplesmente: Cumpram a lei e negaria a misericórdia que tanto evidenciava na sua prática ou preferia esta e distanciava-se dos preceitos recebidos e religiosamente observados.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Um poema para amenizar a imaginação

Entrei no café com um rio na algibeira 

Entrei no café com um rio na algibeira 
e pu-lo no chão, 
a vê-lo correr
da imaginação... 

 A seguir, tirei do bolso do colete 
nuvens e estrelas 
e estendi um tapete
de flores 
— a concebê-las.

Depois, encostado à mesa, 
tirei da boca um pássaro a cantar 
e enfeitei com ele a Natureza 
das árvores em torno 
a cheirarem ao luar 
que eu imagino. 

 E agora aqui estou a ouvir 
a melodia sem contorno 
deste acaso de existir 
— onde só procuro a Beleza 
para me iludir
dum destino. 

José Gomes Ferreira 

NOTA: Poema da série "Café"

Onda de Solidariedade à volta da Rádio Terra Nova



A Rádio Terra Nova, 105 FM, foi alvo da fúria dos ventos fortes que caíram sobre a nossa região na noite de 14 para 15 de fevereiro. A queda da antena, base de sustentação para as emissões chegarem mais longe, cortou a voz à única rádio local a operar no concelho de Ílhavo e arredores, onde não falta espaço para o povo e suas instituições terem vez e voz que se faça ouvir, muito para além das fronteiras terrestres das suas origens. Graças às novas tecnologias, a RTN é ouvida praticamente em todo o mundo.
Não foi por acaso que, logo que foi notícia a queda da antena, através dos mais diversos órgãos de comunicação social, de âmbito local, regional e nacional, se elevou no éter uma onda de solidariedade para restituir voz à nossa rádio, numa ânsia de reerguer a antena, que todos, agora, admitem como indispensável à nossa maneira de ser e de estar no mundo, como cidadãos livres, responsáveis e atuantes nos processos democráticos e de progresso, com necessidades formativas, informativas e recreativas, base essencial da construção da cidadania a todos os níveis.

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