A Rádio Terra Nova, 105 FM, foi alvo da fúria dos ventos fortes que caíram sobre a nossa região na noite de 14 para 15 de fevereiro. A queda da antena, base de sustentação para as emissões chegarem mais longe, cortou a voz à única rádio local a operar no concelho de Ílhavo e arredores, onde não falta espaço para o povo e suas instituições terem vez e voz que se faça ouvir, muito para além das fronteiras terrestres das suas origens. Graças às novas tecnologias, a RTN é ouvida praticamente em todo o mundo.
Não foi por acaso que, logo que foi notícia a queda da antena, através dos mais diversos órgãos de comunicação social, de âmbito local, regional e nacional, se elevou no éter uma onda de solidariedade para restituir voz à nossa rádio, numa ânsia de reerguer a antena, que todos, agora, admitem como indispensável à nossa maneira de ser e de estar no mundo, como cidadãos livres, responsáveis e atuantes nos processos democráticos e de progresso, com necessidades formativas, informativas e recreativas, base essencial da construção da cidadania a todos os níveis.
Apetece-nos sublinhar que a destruição da antena veio mostrar à saciedade o valor da RTN e quanto o povo e instituições sentiram que era preciso dar as mãos para a fazer renascer. As dádivas, as palavras de ânimo e os gestos de amizade e de solidariedade não faltaram e as verbas, milhares de euros, hão de chegar a tempo, para a direção reconhecer que não é em vão que se trabalha para a comunidade.
Permitam-nos que sublinhemos que foi preciso acontecer a destruição da antena para todos acordarmos para a real mais-valia que tem sido a RTN nas nossas vidas. Até parece que andávamos adormecidos, como se as suas dificuldades diárias não fossem de nossa conta. Se calhar, alguns até admitiam que a rádio era paga pelo Estado ou que havia mecenas para a sustentar. Como estava no ar, dia e noite, tudo parecia um mar de rosas, mas realmente não tem sido assim. Há muito tempo que a RTN luta pela sua sobrevivência com dignidade. Agora todos terão percebido que o nosso contributo é indispensável.
Não sabemos quem já contribuiu, mas queremos acreditar que as diversas entidades, particulares e oficiais, empresas, instituições de todas as áreas e o povo em geral não fugirão à responsabilidade de apoiar, em horas difíceis, a rádio que todos consideram sua, por ter estado com todos desde o primeiro dia de emissão, como “rádio pirata” e ainda sem batismo, na já longa data de 12 de julho de 1986.
Fernando Martins