domingo, 1 de maio de 2011

Homenagem justa ao professor Fernando Maria

A Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo celebrou o seu 92.º aniversário, distinguindo, com o descerramento de uma fotografia, o professor Fernando Maria da Paz Duarte, antigo provedor. Mais do que justa, esta homenagem perpetuará o seu labor em prol da Santa Casa, durante 12 anos, de canseiras e lutas, para levar por diante projectos de permanente adaptação daquela instituição às realidades presentes.
O professor Fernando Maria conseguiu, nos últimos anos, com o apoio da Câmara Municipal de Ílhavo, construir um hospital de cuidados continuados, numa altura em que se tornava premente oferecer mais um serviço, de qualidade insuperável, a quem precisa de se restabelecer de doenças difíceis e necessitadas de apoios especiais. Esta será, a meu ver, a valência que marcará indelevelmente a sua acção à frente da Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo. Daí as minhas sinceras felicitações ao meu bom amigo Fernando Maria.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 235

DE BICICLETA ... ADMIRANDO A PAISAGEM - 18

Marinha

MERGULHO NO POÇO DA MARINHA

Caríssima/o:

Dia do trabalhador!

E trabalhadores que apreciávamos nas nossas viagens para Aveiro eram os incansáveis e esforçados marnotos. Há imagens imperecíveis, de força e beleza impressionantes. 
Contudo, pedalar todos os dias, quer chovesse quer fizesse sol, era a nossa sina que a boa disposição teimava em pintar com tons de rosa. Quando chovia e ventava de tal forma que os fios de telefone assobiavam e as tramagueiras se inclinavam como que para “deixarem passar” os maçaricos, nesses dias era ver quem mais puxava para fugir à molha que nos deixava a pingar como pintainhos... 
Assim um ligeiro sorriso aflora e faz-nos franzir a testa com as recordações que correm velozes ao nosso encontro, lendo parágrafos soltos de propaganda às bicicletas: 

Um poema para este domingo



Paisagem com mar

Vinda de um fundo espesso e incompreensível
a lua pulsa como um coração negro pintado
A cada pulsação avança no écran da noite
até chegar a sobrevoar a esplendente superfície do mar
que assim finalmente entra em palco

Um milhão de fogos cintilantes e frios iluminam
essa cena — uma massiva queda de estrelas
que a mesma lua projecta
sobre a memória das grandes ondas oceânicas

Há depois um daqueles instantes
em que uma veloz cadeia de coincidências antecipa
para ti a leve e inconsequente saudação da morte:
A lua transforma as vagas nuvens que por baixo dela navegam
nos cumes nevados de grandes montanhas pálidas —
pedra branca e cinza — Uma neve
que irradiasse uma neblina azulada

Como se a lua, ecoando a terra
nos céus imitasse uma paisagem terrestre

Manuel Gusmão

Publicado ontem, sábado, no PÚBLICO, na rubrica “Poema ao sábado”

sábado, 30 de abril de 2011

Crónica de um Professor: para deliciar a vista com o movimento e colorido do cortejo nupcial


William e Kate

O “casamento” na Escola 

Mª Donzília Almeida 

Com a mediatização insistente, feita sobre o casamento do herdeiro da família real, é natural que a expectativa e a curiosidade se tenham exacerbado. O dia 29 de Abril fora anunciado com muito tempo de antecedência e todos os dias se ia levantando, um pouco, o véu, para aguçar o apetite e alimentar a curiosidade das pessoas. 
Quando cheguei à escola, nesse dia, o tema geral de todas as conversas era o casamento real. E aguentar na sala de aula, toda aquela efervescência e ansiedade para verem tão divulgado acontecimento? 
Para os manter minimamente atentos às actividades da aula, fiz-lhes a promessa que os deixaria sair uns minutos mais cedo, para poderem visualizar o evento, no ecrã de plasma, situado na sala dos alunos. 
Quando chegou a hora prometida, lá foram aqueles alunos, com o coração aos saltos, deliciar a vista com o movimento e colorido do cortejo nupcial. 
Os alunos chegavam e partiam em levas como as ondas do mar, tão próximo de nós, num movimento cíclico de vai vem.

Se admirei João Paulo II? Admirei e admiro

João Paulo II

Beatificação de João Paulo II

Anselmo Borges

Foi-me dado falar pessoalmente, no Vaticano, com o Papa João II. A impressão que me ficou foi a de um homem não propriamente afectivo, mas antes afirmativo e duro, ao contrário do cardeal Joseph Ratzinger, que me pareceu tímido e afável.
Se admirei João Paulo II? Admirei e admiro. Era um homem de convicções, corajoso, crente no Deus de Jesus; afirmou e reafirmou os Direitos Humanos; contribuiu para a queda do Muro de Berlim; escreveu uma grande encíclica sobre os direitos dos trabalhadores (Laborem exercens); perdoou àquele que quis assassiná-lo; reuniu em Assis os representantes das religiões mundiais para a oração; fez o possível para evitar a invasão do Iraque; foi um lutador incansável pelo que considerava ser a sua missão; viajou pelo mundo como mensageiro da Paz.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Casamento de William e Kate para fazer sonhar...

William e Kate


De tão preocupados ou ocupados com a crise que envolve Portugal, os portugueses   ficaram hoje um pouco anestesiados com a pompa que envolveu o casamento do herdeiro ao Trono de Inglaterra com uma plebeia. Se o casamento durar o tempo suficiente, esta jovem simpática poderá ser a futura rainha dos ingleses. Centenas de milhares em Londres vibraram de alegria e, tanto quanto se diz, mais de dois mil milhões de pessoas puderam seguir, via TV, por todo o mundo, as cerimónias do matrimónio. Que sejam muito felizes, como eu também fui, pelo menos.
Penso que o povo precisa destas festas que alimentam sonhos, a maioria dos quais irrealizáveis. Sonhos de príncipes e princesas, sobretudo se a princesa nasceu na plebe, longe dos palácios, onde a vida, se calhar, não passa duma seca, de tão pesado ser o protocolo. E a válvula de escape, para muita gente que vive com dificuldades, aconteceu à volta de sorrisos, de fardas lustrosas, de chapéus porventura incómodos, de fraques que se usam raramente (penso eu), de coches e cavalos, de carros que nem estacionar poderiam em ruas normais, cá por estas bandas. E na Abadia, onde se celebrou a cerimónia, nada faltou: orquestra e coros a condizer, arcebispos e bispos com paramentos de gala, convidados de todo o mundo. E cá fora, muitos jovens a sonhar com um casamento assim… Mas para estes, que são tão filhos de Deus como os que hoje se casaram num ambiente de gala, não haverá nada disto. É pena, não acham?

FM

Morreu o jornalista David Lopes Ramos

David Lopes Ramos 


«David Lopes Ramos, jornalista do PÚBLICO desde a fundação do jornal e um dos mais reputados críticos gastronómicos portugueses, morreu esta noite, no Hospital Curry Cabral, após complicações decorrentes de uma cirurgia aos intestinos. Tinha 63 anos.»
(...)

«Natural de Pardilhó, concelho de Estarreja, David Lopes Ramos frequentou o curso de Direito, na Universidade de Coimbra, mas acabou por escolher o jornalismo como profissão. Começou a carreira na revista Vértice em 1971, tendo passado pela redacção do Diário de Notícias, de onde foi suspenso no decorrer do 25 de Novembro de 1975, lembra o camarada de profissão e amigo, José Luís Fernandes ao PÚBLICO. "Encontrámo-nos ali no Verão de 1975. Pertencemos a uma geração de jornalistas de extracção política, que entra nos jornais por esta altura, vinham dos mais variados partidos", lembra.»


Ver Público online

E no EXPRESSO pode ler-se:


«O jornalista David Lopes Ramos, que morreu hoje, aos 63 anos, no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, era um dos mais respeitados críticos de gastronomia e vinhos do país - era "ouro de lei", nas palavras de José Quitério.
Nasceu a 26 de janeiro de 1948 em Pardilhó, Estarreja, terra a que manteve sempre uma tão profunda ligação que pediu que as suas cinzas fossem deitadas nas águas da Ria de Aveiro.
No final dos anos 1960, estudou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, em tempos de agitação estudantil na qual participou ativamente.
Residiu na república estudantil Ninho dos Matulões, ao lado do grande amigo de sempre, Domingos Lopes, e de Artur Jorge, Eugénio Alves, Ribeiro Cardoso e Osvaldo Castro. Foi membro do secretariado do Conselho das Repúblicas, que patrocinava o movimento estudantil.»

Ver aqui