William e Kate
De tão preocupados ou ocupados com a crise que envolve Portugal, os portugueses ficaram hoje um pouco anestesiados com a pompa que envolveu o casamento do herdeiro ao Trono de Inglaterra com uma plebeia. Se o casamento durar o tempo suficiente, esta jovem simpática poderá ser a futura rainha dos ingleses. Centenas de milhares em Londres vibraram de alegria e, tanto quanto se diz, mais de dois mil milhões de pessoas puderam seguir, via TV, por todo o mundo, as cerimónias do matrimónio. Que sejam muito felizes, como eu também fui, pelo menos.
Penso que o povo precisa destas festas que alimentam sonhos, a maioria dos quais irrealizáveis. Sonhos de príncipes e princesas, sobretudo se a princesa nasceu na plebe, longe dos palácios, onde a vida, se calhar, não passa duma seca, de tão pesado ser o protocolo. E a válvula de escape, para muita gente que vive com dificuldades, aconteceu à volta de sorrisos, de fardas lustrosas, de chapéus porventura incómodos, de fraques que se usam raramente (penso eu), de coches e cavalos, de carros que nem estacionar poderiam em ruas normais, cá por estas bandas. E na Abadia, onde se celebrou a cerimónia, nada faltou: orquestra e coros a condizer, arcebispos e bispos com paramentos de gala, convidados de todo o mundo. E cá fora, muitos jovens a sonhar com um casamento assim… Mas para estes, que são tão filhos de Deus como os que hoje se casaram num ambiente de gala, não haverá nada disto. É pena, não acham?
FM