1. Com a minha idade, já vi e senti tantas voltas e reviravoltas no mundo que nada me espanta. E de todas essas voltas e reviravoltas sempre aprendi e desaprendi tanta coisa, que não me canso de perceber que o povo, na sua felicidade e na sua revolta, terá motivos para mostrar que é ele quem manda. Tão depressa vive a democracia como de repente, por raiva, ameaça e leva à prática dar o seu voto a malandros e a eventuais ditaduras. O mundo até parece que está a virar de escota, porventura sem norte seguro. Temos de exercer um papel pedagógico no sentido de alertar para os inconvenientes de políticas racistas, xenófobas e antidemocráticas? Temos.
2. A tempestade que esta noite nos assustou, entre as 23 horas e as quatro da manhã, motivada por fenómenos raros neste recanto à beira mar plantado, no dizer do poeta, deixou devastações dolorosas com prejuízos ainda incalculáveis. Dizem os entendidos, que ouvi durante a noite, que as profundas ofensas ao ambiente, provocadas pela ganância industrial e por comportamentos humanos desregrados, estão na origem desta revolta da natureza. E como restabelecer a harmonia neste mundo em correria desenfreada para o abismo?
3. Ontem à noite participei num encontro-convívio promovido pela ADIG (Associação para a Defesa dos Interesses da Gafanha), que muito me agradou, fundamentalmente pela participação de diversas associações da nossa terra. Na hora certa, o presidente daquela associação, Humberto Rocha, frisou a importância da união de todos na luta pela qualidade de vida das nossas terras e gentes. A união faz a força, disse. Mas desse encontro-convívio hei de escrever um dia destes.
Fernando Martins