segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

O Inverno já chegou



No dia aprazado pelos astros, chegou o Inverno, que se prolongará até Março. Nesta quadra, a chuva, o vento e o frio são reis. Reis que abusam da nossa paciência, embora a natureza precise deles, se vierem comedidos. Não é verdade que noutras estações do ano o tempo tantas vezes não agride gente e natureza? 
Com o Inverno estou mais por casa e como eu muitos outros da minha idade. Será um tempo de opções voltadas mais para dentro e para os que nos estão mais próximos. O crepitar do lume na salamandra ou no salão de sala, que aquece a alma e o corpo, dá um certo prazer à vida, suscitando conversas que a dispersão dos dias quentes e luminosos nem sempre nos permitem estar, falar e ouvir. No fundo, será uma compensação natural que devemos aproveitar. 
Estar dentro de casa no sossego dos dias invernosos tem o seu quê de poético que nos alimenta o dia a dia e nos faz sonhar com a Primavera que já está a fazer as malas para se pôr a caminho. 
Um dos meus passatempos preferidos assenta na leitura, que, sendo hábito diário, se torna mais apetecida em dias desagradáveis. E como tenho tanto que ler, posso estar tranquilo. Nem saídas nem despesas estão nas minhas preocupações neste momento escuro e chuvoso. 
Bom Inverno para todos, isto é, que chova quanto baste, que haja frio com moderação e até que o vento zuna para nos dizer que existe, afastando a pandemia que espreita a hora de nos atacar.

Fernando Martins

Natal de Esperança


Este ano, temos pela frente um enorme desafio: Viver um Natal de Esperança imposto por um confinamento carregado de ameaças, temores, dores e angústias. O Covid-19 surpreendeu tudo e todos com o seu insidioso e camuflado ataque em todo o mundo, não respeitando rico ou pobre, poderoso ou débil, culto ou inculto, sábio ou ignorante. Sem olhar a fronteiras, até parece que tem predileção especial pelos homens e mulheres do nosso tempo, novos e velhos, estando todos nos seus horizontes de destruição e morte. E os cientistas, cuja missão e trabalhos não podemos deixar de louvar, empenham-se desde que o vírus surgiu e foi identificado, dando-lhe luta, tenaz e sem tréguas, no sentido de o dominar e aniquilar, já lá vão uns dez meses. 
Do mesmo modo, louvamos todos os profissionais de saúde que diariamente defendem os atingidos com os meios de que dispõem, sabendo que estão na linha da frente dos que podem vir a ser contaminados. E é neste ambiente de pânico, luto e dor, que chegamos ao Natal, a festa do nascimento do Menino-Deus que veio para nossa salvação, à consoada das famílias que procuram a paz, ao encontro sempre ansiado para quem vive um ano de trabalho a todos os níveis, ao convívio entre gerações nem sempre possível durante meses e meses, à partilha de lembranças, por mais simples e simbólicas que sejam, à troca de sorrisos gratificantes. Condicionados pelas máscaras que nos roubam a identidade mas nos protegem do contágio, pelos confinamentos e distanciamentos que a pandemia impõe, o Natal deste ano não tem paralelo no mundo das últimas gerações. 
As cerimónias natalícias foram limitadas ao mínimo, preservando o essencial litúrgico, mas o povo, que espontaneamente vibra com a chegada do Menino, desta feita não poderá dar asas espontaneamente à sua alegria em ambiente de partilha comunitária e familiar. Tudo tem de ser comedido, mantendo distanciamentos, sem beijos nem abraços, sem mesas cheias de convivas e com proximidades bloqueadas. Ninguém sabe quem está infetado ou quem está livre desse perigo, que o vírus pode estar à espreita. 
Como cristãos, que alimentamos no dia a dia o sentimento da esperança, vamos viver o Natal e a Consoada dentro das normas estabelecidos pelas leis gerais do nosso país e pela prudência bem medida pelas nossas consciências. No próximo ano será diferente. Deus será a razão da nossa esperança. 

Fernando Martins

domingo, 20 de dezembro de 2020

Natal da amizade

O Menino, quando passamos, fixa-nos com ternura

NATAL 

Lá na gruta de Belém
onde nasceu o Redentor
houve falta de agasalho
que sobrou em Paz e Amor
Apoio humano e divino
prendas singulares do mundo
foram presença marcante
nesse Presépio fecundo
cuja pobreza na grandeza
e desamparo era bondade
e que simplesmente deu
rumo à Humanidade.
Que nesta época de Natal
de já rara fraternidade
que ao menos, depois da festa,
Possa celebrar-se a Amizade.

M. Cerveira Pinto

(Um poeta de banca meu companheiro)

Deus não precisa de um templo

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO



Não se procura um templo para Deus, mas uma casa que reúna a comunidade cristã aberta ao mundo, para que não se esqueça do verdadeiro Natal, Deus-connosco, Deus com os pobres e abandonados pelo nosso egoísmo, pelas desigualdades aberrantes entre os seres humanos, nossos irmãos.

1. Calcula-se que o turismo religioso movimenta por ano, a nível mundial, entre 300 a 330 milhões de pessoas à procura de locais considerados sagrados e, sobretudo, daqueles que se tornaram mais significativos para a religião que cada um professa. São os templos monumentais ou santuários que nasceram de visões ou acontecimentos ditos milagrosos que atraem mais peregrinos.
Paulo Mendes Pinto deu a conhecer uma nova versão do fenómeno inter-religioso muito original e, ao que parece, único no mundo. Excede a pura curiosidade turística, mas com virtualidades que importa conhecer e estudar.
No dia 11 de Setembro de 2016, quando passavam 15 anos sobre os atentados de 2001, a Fundação ADFP, de Miranda do Corvo, inaugurou um equipamento que procura ser uma peça dinâmica e significativa na criação de pontes entre as religiões e na difusão de uma cultura de paz, um lugar onde todos são acolhidos, tratados como iguais, num ambiente onde o conhecimento e a quebra e abandono de todos os preconceitos é a única regra. É o Templo Ecuménico Universalista.
No Google, existe uma reportagem pormenorizada e muito ilustrada da significação das construções minimalistas dessa realização, no cume da serra da Lousã.
É uma bela ideia. Reunir pessoas de culturas e religiões diferentes, convocadas para viverem e exprimirem umas às outras as misteriosas fontes de paz, pode tornar-se mais um caminho de esperança, num mundo mergulhado em violências e guerras de todo o género.

sábado, 19 de dezembro de 2020

Natal: Deus sem máscara

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias



1. Ia eu na rua e uma jovem interpelou-me: “Já não se lembra de mim? Até me baptizou...”. E eu: “Puxa um pouquinho a máscara”, e ela puxou. “Continuas linda, Susana!...”. 
Se eu algum dia imaginei que havíamos todos de andar de máscara! Antes também havia muita gente mascarada, mas as máscaras eram outras... Agora, impomo-nos o uso da máscara a nós próprios, por causa de nós e dos outros: para nos protegermos a todos, ao mesmo tempo que nos desprotegemos, porque ficamos sem a presença dos outros. Como faz falta vermo-nos cara a cara, falar cara a cara, tocarmo-nos, sorrir, rir, colocar os sentidos todos alerta na presença viva dos outros. Passámos a vida a dizer às crianças: “Dá um beijo ao avô, um beijo à avó, um beijo à tia...”. Agora, de repente, é tudo ao contrário, como se os outros fossem inimigos, pois até viramos as costas... Apertávamos as mãos, porque apertar as mãos é um gesto de encontro na paz: as mãos livres de armas vão ao encontro do outro, sem medo. Abraçávamo-nos de alegria pelo reencontro ou chorando pelo luto ou antecipando a saudade pela despedida. Agora, não há proximidade, até nos mandam, e bem, manter a distância (e até se dizia: “a distância social”, mas eu espero que seja só a distância física, espero que a outra — a espiritual, a afectiva — se mantenha e aprofunde). 
Foi precisa a pandemia para que se nos tornasse inválida a afirmação de Sartre: “O inferno são os outros”. Afinal, é o contrário: a falta dos outros é que é o inferno, a solidão é um inferno. 

“A Caixa de Correio de Nossa Senhora”

Um livro de António Marujo 
para o nosso confinamento



António Marujo
“A Caixa de Correio de Nossa Senhora” de António Marujo é um livro que merece ser lido pelos devotos de Nossa Senhora de Fátima, mas não só. António Marujo é um jornalista especializado em temas de âmbito religioso, com prémios internacionais que reconhecem o mérito do seu labor numa área não muito apetecida pelo jornalista comum. Daí a sua colaboração em inúmeros programas da rádio e televisão, bem como na imprensa escrita, nomeadamente no PÚBLICO. Também escreveu diversos livros onde pode ser apreciado o seu trabalho metódico e rigoroso, todo vestido por uma escrita escorreita. Presentemente, entre outras tarefas jornalísticas, pode ser apreciado o que escreve e edita no jornal online Sete Margens
Neste livro, que surgiu no mercado depois de “Senhora de Maio”, António Marujo debruçou-se com cuidado e rigor sobre um tema abrangente que permite conhecer o povo português  devoto de Maria,  especialmente,  graças à correspondência que é dirigida ao Santuário de Fátima, claramente endereçada a Nossa Senhora. 
Debruçado sobre oito milhões de mensagens oriundas de todo o mundo, o autor oferece aos seus leitores e à história de Fátima um enorme conjunto de pedidos, súplicas, desabafos, dores, dramas, anseios e mistérios. Diz António Marujo, a abrir, que em cada carta há “a possibilidade de desabafar com alguém em quem se confia e com quem se tem uma relação de proximidade e intimidade”. 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Ceia de Consoada com Bacalhau

Na rotunda do centenário, o bacalhau não podia faltar


A ceia de consoada não pode prescindir do bacalhau. Na nossa região, em especial, mas julgo que em quase todo o país, o fiel amigo é rei. Sabe-se, contudo, que o polvo também marca presença noutras regiões. Em mesas pobres ou ricas, na consoada somos mais iguais uns aos outros. E nas palavras também. Boas Festas, Santo Natal, Paz, Fraternidade, Partilha, Mensagens e tantos outros sinais nos aproximam uns dos outros. Postais de Boas Festas caíram no esquecimento. As redes sociais, bem ou mal, ocuparam esse espaço.  Afinal,  somos todos amigos, talvez tocados pela educação que nos revestiu de um Menino que muitos aceitaram como Salvador da Humanidade. 
Voltemos ao bacalhau. A nossa terra  assumiu-se como capital do bacalhau quase desde os seus primórdios. Daqui partiam os lugres e arrastões e voltavam carregados. Aqui se preparava o fiel amigo e daqui partia, espalmado e seco, para as mesas de multidões de meio mundo. Até parece um petisco raro neste dia. 
Boa consoada para todos com bom bacalhau à mesa. Depois virão os doces tradicionais, com destaque para os bilharacos, rabanadas e mais o que houver.

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