domingo, 24 de maio de 2020

 DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS


Celebra-se hoje, Domingo da Ascensão, o 54.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que tem por tema, na Mensagem do Papa Francisco, «Para que possas contar e fixar na memória. A vida faz-se história». Na minha ótica, esta é uma boa oportunidade para todos refletirmos sobre a importância dos órgãos de comunicação nas nossas vidas. São eles que nos formam e informam, nem sempre com a oportunidade e a equidade necessárias à vida de todos, em geral, e de cada um, em particular, não dispensando, contudo, direta ou indiretamente, a nossa colaboração. 
A comunicação social (CS) é demasiado complexa e não pode deixar de o ser, ou não abrangesse o mundo inteiro, com as suas múltiplas formas de viver, de pensar e de agir. Ela reflete, logicamente, quem a concebe e a dirige, quem a faz e quem a procura, mantendo na sua base interesses económicos, sociais, políticos e religiosos, entre muitos outros, nomeadamente de pessoas de princípios sadios, de mistura com outras desonestas e de moral duvidosa. 
O leitor tem de se esforçar por descobrir onde está a verdade e a ética, onde residem os princípios sãos, as sugestões oportunas, enfim, tudo o que possa contribuir para a construção de um mundo onde valha a pena viver com dignidade, com alegria e com otimismo, recusando a mentira, as tiranias, os ódios, as vinganças e as raivas, que muita CS transporta. 
A todos, crentes e não crentes, aconselho a leitura da mensagem do Papa Francisco para este dia.

VIVER E AJUDAR A VIVER

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

«É tempo de acabar com todas as guerras: as guerras contra a natureza e as que nos destroem mutuamente. Há quem diga que têm proporcionado grandes avanços científicos e tecnológicos. Parece que ninguém está interessado numa vacina contra a guerra e ela existe: mudar de vida.»

1. Gostei muito, por várias razões, da entrevista a Ben Ferencz, o único procurador vivo do célebre tribunal de Nuremberga, publicada na Revista Expresso [1]. Quando participou nesse tribunal tinha 27 anos. Atingiu, agora, os 100, cheio de vigor, de humor e de esperança. Não resisto a deixar aqui, num breve apontamento, o eco deste testemunho.
Foi confiada a Ben Ferencz, pelo referido tribunal, a tarefa de investigar os crimes dos Esquadrões da Morte dedicados a procurar e matar todo o judeu que encontrassem – homem, mulher ou criança – e fazer o mesmo aos ciganos e a todos os inimigos do Reich.
Nesta entrevista, sem negar a importância do dever da memória, confessa que não quis ficar colado a esmiuçar o horror desse passado. Voltou-se para o futuro e dedicou a sua vida a lutar para erguer leis e tribunais, para que os crimes de guerra, crimes contra a humanidade, não possam ficar impunes.
Quem começa as guerras são pessoas e os crimes são cometidos por indivíduos que devem ser responsabilizados pelas suas acções. Quando foi procurador do tribunal de Nuremberga, o genocídio ainda não estava nos códigos. Usou esse termo, mas verificou que os nazis não podiam ser julgados por esse crime, enquanto tal, por falta de lei aplicável.
Não desistiu e, em 1948, a Convenção sobre Genocídio foi adoptada pelas Nações Unidas. Comenta: “É uma vergonha que os EUA tenham demorado 40 anos para assinarem essa Convenção. Só aconteceu em 1998.” Desde 2002, existe o Tribunal Penal Internacional, mas os EUA ainda não o reconheceram!
Adianta, no entanto, que Trump devia ser julgado nesse tribunal. Este Presidente dos EUA, no seu primeiro discurso, na ONU, atreveu-se a dizer acerca da Coreia do Norte: “Se nos ameaçarem, destruir-vos-emos totalmente.”
Como se atreve a ameaçar com a destruição um país inteiro e toda a sua população? Foi precisamente isso que os alemães fizeram com os judeus. Agora, ao levantar um muro nas fronteiras com o México, separa as mães dos seus próprios bebés! Não é isto um crime contra a humanidade?

CARÍCIAS DE DEUS

Crónica de Anselmo Borges no Diário de Notícias

«Estou convencido de que o bispo de Bragança não é caso único. Mas é um excelente exemplo da Igreja em saída, que olha para o Céu, com os pés assentes na Terra, distribuindo “carícias de Deus”. Para que se concretize um mundo melhor.»

1. Hoje celebra-se, na liturgia católica, a festa da Ascensão de Jesus ao Céu. Evidentemente, quando se fala em ascensão, não se está a fazer descrições geográficas; trata-se tão-só de tentar expressar simbolicamente que Jesus entrou na plenitude da Vida que é Deus. 
Antes da despedida, prometeu aos discípulos o Espírito Santo, o Espírito de Deus, que é Amor, aquela luz e força que ilumina, vivifica, dá ânimo, consolação, confiança, coragem. E disse-lhes, segundo os Actos dos Apóstolos, de São Lucas: “Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo.” Desapareceu da sua vista e “como estavam com os olhos fixos no céu, para onde Jesus se afastava, surgiram de repente dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: “Porque estais assim a olhar para o céu?” E observou-lhes que agora a sua missão era partir, para cumprir a missão que Jesus lhes entregara. 
Esta é a missão da Igreja. Sim, olhar para o Céu, anunciar o sentido da vida, o Sentido último da existência humana, que não caminha para o nada, mas para a plenitude da Vida em Deus. A missão da Igreja, essencial, é ser a multinacional do sentido de todos os sentidos, do Sentido último. Ao mesmo tempo, e por isso mesmo, não pode ficar parada a olhar para o Céu. Não pode abandonar o mundo, a Terra, criação de Deus. É aqui que vivemos e a missão da Igreja é continuar o projecto de Jesus, concretizá-lo, aqui, porque queremos, como é desígnio de Jesus, viver num mundo que é de todos e que deve ser para todos, na justiça, na igualdade radical, na dignidade livre e na liberdade digna, num mundo onde todos possam viver em paz e realizar a sua dignidade humana e divina. 
A missão da Igreja tem esta dupla vertente: olhar, na Terra, para o Céu. A igreja de Marco de Canavezes, de Siza Vieira, di-lo como só um artista o sabe dizer. Tem uma porta com 10 metros de altura e, quando se sai da celebração, ela abre-se e continuamos com os pés assentes na Terra, mas, diante de nós, abre-se o Céu. 

sábado, 23 de maio de 2020

D. JOÃO EVANGELISTA NOMEADO BISPO DE VILA REAL

1923-23-Maio

D. João chega a Vila Real - Foto da Ilustração Moderna
“O insigne aveirense D. João Evangelista de Lima Vidal foi nomeado pelo Papa Pio XI como primeiro bispo da nova Diocese de Vila Real de Trás-os-Montes, cuja bula foi assinada nesta data” 
(João Gonçalves Gaspar, Lima Vidal no seu Tempo, II, pg. 135) — J. 

In Calendário Histórico de Aveiro 
de António Christo e João Gonçalves Gaspar

À ESPERA DA MARÉ


Para quebrar a monotonia do dia, nada melhor do uma foto que me conduza à nossa ria. O marinheiro espera a maré para seguir viagem rumo a novos pesqueiros. Ali, as três canas de pesca não dão sinal de peixe, mas o marinheiro não desespera. A sua hora há de chegar.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

ACOLHE A MISSÃO QUE JESUS TE CONFIA

Reflexão de Georgino Rocha 
para a Festa da Ascensão do Senhor

“Ide e ensinai”, ordena Jesus, com toda a sua autoridade, na declaração final que precede a sua Ascensão. Os discípulos vivem um “feixe” de sentimentos que vão da dúvida ao reconhecimento e à adoração. Acolhem a ordem/envio com docilidade e “temor” pois os horizontes da missão são desproporcionados às suas forças e capacidades. Ir por todo o mundo, ensinar todas as nações, fazer discípulos de todos os povos, baptizar os que acreditam, constituem expressões que configuram a amplitude da sua nova responsabilidade. E eles, seres humanos frágeis e hesitantes, limitados nas capacidades e nos conhecimentos, marcados e formatados pelos hábitos de trabalho duro e da cultura judaica, eles a sentirem a desproporção do que lhes é incumbido e a realidade das suas forças, sem contar com a adversidade de certas e surpreendentes circunstâncias. Mt 28, 16-20.
Quem se atreveria a aceitar tal mandato ou, pelo menos, não pediria algum esclarecimento? Quem não sentiria a tentação da debandada, deixando o lugar vago à espera que outros viessem fazer o que era da sua responsabilidade? Quem não hesitaria em fazer “ouvidos moucos” a tal imperativo, ainda que se retardasse o ritmo do que estava planeado? Estas e outras interrogações trespassariam qualquer coração humano que contasse apenas com os seus recursos. A probabilidade do fracasso era grande.
Mas os discípulos não dão sinais de reagir desfavoravelmente, não manifestam qualquer temor e dispõem-se a tudo. Reconforta-os, sem dúvida, a promessa/garantia de Jesus: “Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos” e ainda: Enviar-vos-ei o Espírito para que esteja em vós e habite convosco.

terça-feira, 19 de maio de 2020

PONTO DE VISTA: VERÃO SEM FESTAS


Está visto e revisto que o próximo verão vai ser muito monótono, sob o ponte de vista festivo: Os programas oficiais não contemplam festas. E sem elas, teremos de recorrer à imaginação de cada um e das famílias. Mesmo que as condições de saúde pública se alterem para melhor, o que será desejável mas difícil de prever, não haverá possibilidades de organizar as tradicionais festas, tanto de âmbito particular como de freguesia e concelhia como regional e nacional.
Nesse pressuposto, temos à nossa disposição e imaginação tempo para recrearmos os nossos lazeres de férias e de convívios, porque nem só de trabalho vivemos nós. Dentro do que será permitido, podemos enveredar por passeios, perto ou mais longe, viagens que nos permitam contemplar outros ambientes, pessoas e culturas, recorrendo aos nossos próprios meios para registar o que mais nos sensibilizou, porque não faltam plataformas digitais para tudo partilhar, numa troca frutuosa de gostos, os mais diversos e até acessíveis.
Por aqui darei conta do que fizer e daquilo que mais me há de marcar no próximo verão.

F. M.