Sou um cansaço que findou no sono
Narciso Alves in “Para Além do Adeus”, p. 93
Sou um cansaço que findou no sono
Da tarde triste em que morreu o dia
E quando a noite o meu corpo acolhia
O sol desceu do seu dourado trono.
A doce paz nasceu desse abandono
Mistura de mistério e nostalgia
E, aos poucos, o meu ser desfalecia
Como folha que tomba pelo Outono.
A mansidão abraça-se ao sossego
E eu fico numa luz, num aconchego
Como nunca, em meus dias, eu vivi.
O tempo foi passando devagar
E não sendo eu capaz de me acordar
Só então é que eu soube que morri.
Domingos Freire Cardoso
Do livro “Por entre poetas”