Segundo um apontamento que registei no álbum “Cândido Teles — Desenho”, editado pela Câmara Municipal de Ílhavo em 1996, o artista ilhavense faleceu em 31 de outubro de 1999. Só hoje, quando ocasionalmente revi aquele álbum, tive a oportunidade de evocar a sua vida e obra, na tentativa de lembrar às atuais gerações que não podemos ignorar os que, pelas suas expressões artística, se perpetuam no tempo.
Frederico de Moura, artista na arte de escrever, diz que, ao olhar os desenhos de Cândido Teles, sentiu “a sugestão de ver o esqueleto da sua pintura — esqueleto que dá segurança ao revestimento das tintas e ao rigor da composição”. Confessando a sua admiração pelo pintor, refere que é “a nossa paisagem que lhe borbulha insistentemente na inquietação estética; que é ela que tem o caminho mais reservado na sua intimidade de homem e Artista; que a ternura com que traz à tela os seus longes de água serena, os perfis do ‘moliceiro’ e da ‘bateira’ e, sobretudo, a luz incomparável que os acaricia, lhe molham os pincéis de uma ternura afectiva onde, até, apetece sonhar vestígios de lirismo".
Fernando Martins