Reflexão de Georgino Rocha
Jesus aceita o convite para tomar uma refeição. Ao contrário de João Batista, aprecia a mesa, o convívio e a festa. Gosta de estar com as pessoas, de as ouvir, de ter presente as suas situações de vida, alegrias e tristezas. Por vezes, provoca “cenas” inesperadas de que, como bom mestre, tira partido para desvendar a outra face da vida e manifestar a novidade da mensagem que anuncia e fica patente em atitudes contrastantes e olhares expressivos, conservados em relatos belos e narrativas apelativas.
Um fariseu, de nome Simão, é protagonista de um episódio muito significativo. Convida Jesus para uma refeição em casa e ela aceita. E deixando perceber o desejo profundo de o ouvir, logo lhe indica o lugar à mesa, distinguindo-o entre os convidados. Não se recorda de mais nada, nem sequer dos rituais de hospitalidade. Aguarda com natural expectativa o início da conversa. Tem o seu coração centrado nessa única preocupação, tal era a convicção que foi “construindo” com o que se dizia a respeito do mestre da Galileia. Dispunha de uma oportunidade única e queria aproveitá-la ao máximo.
Acontece, porém, o inesperado. Aquele ambiente tão selecto, vê-se perturbado com uma presença estranha e, absolutamente, despropositada: Uma prostituta, bem conhecida na cidade, entra pela sala dentro, dirige-se a Jesus, prosta-se a seus pés, banha-os com lágrimas abundantes, enxuga-os com os cabelos, derrama-lhes perfume de qualidade e, entre soluços, continua a acaricia-los com desvelo.