Santuário |
Volto à Nazaré antes de me virar para outros lados. Lá em cima, no Sítio, não podemos ficar indiferentes à majestosa fachada principal do santuário dedicado a Nossa Senhora da Nazaré, padroeira dos nazarenos há tantos séculos. Ao lado, na humilde ermida, de que falei ontem, pode ser apreciada a primeira imagem, segundo a tradição. Está guardada a sete chaves por razões óbvias.
No largo, com poucos turistas, há comerciantes, cafés, restaurantes e similares. Bugigangas também, que não falta quem goste de colecionar lembranças, por mais sem-graça que sejam. Olhar o mar, mansinho como nunca o imaginei, por pensar nas ondas gigantes, faz parte da vida turística. O mar é sempre o mar de largos horizontes e sonhos indizíveis E descemos para a baixa da cidade. O burburinho de quem se prepara para a festa do Carnaval estava no ar.
Nazarena |
Monumento aos Náufragos |
No Centro Cultural, foi fácil divisar a festa que se avizinhava. À entrada, do lado de fora, dois motivos escultóricos. A Nazarena, de rosto virado ao vento, disposta a vender o peixe e a ralhar com o mar, se não fosse ele amigo e generoso com belas pescarias; e o Monumento aos Náufragos, que mexeu com a nossa sensibilidade, e de que maneira!
Sinais do Carnaval |
Dentro, textos do neorrealista Alves Redol (e de outros), que tão bem soube descrever, com autenticidade e alguma poesia, que sem ela a literatura ficaria mais pobre, a canseira sofrida de tantos feridos da vida. Deu para ler e meditar, que a alegria, que o Carnaval proporciona, esconde porventura sofrimentos e desgostos, tão patentemente à vista nas viúvas carregadas de negro. Que essas, certamente, não vão em folguedos.
Numa pastelaria, onde descansámos da caminhada, dei de caras com uma recomendação pertinente, para ler e meditar. Realmente, o sorriso resolve muita coisa.
Numa pastelaria, onde descansámos da caminhada, dei de caras com uma recomendação pertinente, para ler e meditar. Realmente, o sorriso resolve muita coisa.
Barquinho em descanso |
Barcos do mar no areal e peixe do mar da Nazaré, seco ao sol com vento, desafiavam a nossa imaginação. Peixe assim, cujo sabor desconheço, e barcos, quais cascas de nozes, enfrentando o oceano de águas paradas a refletirem o azul do céu, ou as tais ondas gigantes capazes de tudo engolirem num trago. Barcos e homens na praia da outra banda, que a do norte é perigosa, com areal convidativo e mar tranquilo que vem saudar o povo que passeia num dia de sol de autêntico verão.