de garrettmacnamaras
à vista
Ontem, a famosa Nazaré da ondas gigantes, que Garrett-McNamara
tornou mundialmente conhecida no universo do surf, estava sem ondas. Mar chão em
dia de sol, sem grande frio, com alguns turistas a visitar a praia do norte. Foi ali, à
vista de muitos, que McNamara bateu o record numa onda de uns trinta metros,
quase metade da altura do nosso farol, o mais alto de Portugal.
Já não visitava a Nazaré há décadas. Ontem tive o
privilégio de a revisitar, completamente diferente da que morava na minha
memória. Igual, lá estava, porém, a ermida de Nossa Senhora da Nazaré, se
calhar “mãe” da nossa padroeira. Marcas do tempo a manter viva a lenda de D. Fuas Roupinho.
Com a minha Lita lá no cimo |
Diz Ramalho Ortigão, no seu livro “As Praias de Portugal —
Guia do Banhista e do Viajante”, que a capelinha foi edificada em 1370 pelo
rei D. Fernando. A imagem, lembra o escritor, é «de madeira pintada, tem palmo e meio [o
palmo corresponde a 22 centímetros] de altura e dizem que foi trazida de Nazaré para Mérida, onde esteve algum
tempo, e de Mérida para o lugar em que actualmente se acha». Como é natural, eu não
podia deixar de a visitar, até porque se diz que de alguma forma estamos
ligados àquela imagem.
Nazarena em festa |
A Nazaré estava a viver antecipadamente a festa do Carnaval, havendo
sinais disso pelas zonas mais turísticas. Por aqui e por ali as nazarenas
exibiam as sete saias. Questionei uma sobre o motivo de em dia de trabalho andar
com um traje tão antigo. Veio como resposta que nas festas é uso obrigatório e da tradição apresentarem-se assim, começando nas antevésperas. E a jovem, quando lhe pedi
autorização para a fotografar, de imediato procurou a pose ideal.
A visita à Nazaré foi apenas de algumas horas, mas deu para
perceber que em dia de ondas gigantes, decerto anunciadas com antecedência, não
faltarão visitantes curiosos para apreciar o Garrett-Mcnamara ou candidatos a heróis
como ele. Nesse ponto, tivemos azar. Ficará para a próxima.
Fernando Martins