PELO QUINTAL ALÉM – 42
O PINHEIRO
A
Júlia Magalhães,
João Sousa
Caríssima/o:
a. As aventuras envolvendo pinheiros, no nosso quintal, dariam para encher algumas páginas, das mais variadas cores, simbolizando da desilusão ao maior gozo por objectivos conseguidos... Imaginem só como é congratulante sabermos que as tábuas de duas pinheiras criadas atrás do nicho das Alminhas sulcam as águas da Ria em moliceiro airoso!
Outros pinheiros fizeram ou fazem vida por estas bandas, mas crescem remoçadas outras duas pinheiras mansas que apontam, cada ano que passa, para um futuro mais verde..., de esperança acrescida!
Falar hoje desta árvore é também fazer memória da vida da casa nos tempos de minha Sogra; é que, como o dia 5 é (e já era) feriado, aproveitou-se, durante muitos anos, para ir à caruma ao Camondo, ou ao Ervideiro, pinhais que estavam mais a jeito, e que ofereciam governo para todo o ano: para acender o lume, fazer lastro para o porco dependurado no chumbaril, ou simplesmente para estender umas sardinhas a escorrer ...
e. Também pelas nossas Gafanhas, durante anos e anos, o pinheiro era presença amiga e benfazeja; não apenas na Mata mas também nos pinhais que abundavam bordejando a floresta. Quem poderia esquecer as viagens que fazíamos às bicas com os filhos do ti Manuel Elviro!
E para além das brincadeiras, desde muito novos, aprendemos a admirar a obra que Mestre Manuel Maria fazia brotar de raízes e troncos de pinheiros torcidos e retorcidos!
Mas ao menos ainda por esta vez deixai-me sonhar com o meu barco de casqueira que o vento impele na vela da folha do meu caderno dos deveres imperfeitos...