domingo, 7 de fevereiro de 2010
Poesia de Eugénio Beirão para este domingo
Vou partir
Vou partir,
montanha além.
Levo nos olhos
o fulgor do mar
e, no corpo cansado,
o sabor agridoce
da chuva
inesperada:
memória
adormecida,
sem palavras,
sem nada.
Eugénio Beirão
In Os Dias Férteis
TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 170
PELO QUINTAL ALÉM – 7
Caríssima/o:
A FIGUEIRA DA ÍNDIA
A
meu Pai
a. Discreta presença, arrumada num canto muito sombrio, debaixo de ramada de videira americana, a nossa figueira-da-índia não tem ido muito longe; figos nem vê-los... Se ainda está viva e a ocupar espaço deve-o à grata memória que uma sua antepassada me deixou e à esperança de poder reproduzi-la em lugar mais solarengo ...
e. Nos longínquos idos de quarenta do século passado, tosse convulsa arreliadora se apoderou do meu dorido peito. Médicos? Medicamentos da farmácia? Privilégio de poucos...
Não sei onde meu Pai bebeu a informação mas, chegado a casa, foi-se à figueira da índia, cortou-lhe uma palma. Na cozinha, para uma bacia, cortou-a às rodelas que foi sobrepondo alternadamente com camadas de açúcar amarelo. No dia seguinte de manhã:
- Anda, filho, toma para te arrancar essa tosse de cão...Desconfiado, abri a boca e sorvi o xarope que me fez esquecer o rufar do peito!...
A tosseira foi diminuindo... e ficou a vontade de renovar a colherada do tal xarope que entretanto se extinguiu...
Não sei que aconteceu a esta benfazeja piteira; certamente a sua sorte não foi diferente de umas tantas que que por aí vegetavam e nos ofereciam os figos em troca de umas valentes picadelas!... Teimávamos arrancá-los com os dedos desprotegidos...
i. A Figueira-da-Índia é um cacto lenhoso vivaz, originário da América Central. Em Portugal é subespontânea e é cultivado em jardins e para a formação de sebes artificiais no Alto Douro, Estremadura, Ribatejo, Alto Alentejo, Algarve, Madeira e Açores.
O fruto é comestível, mas deve ser consumido com moderação, para evitar a diarreia.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
Um sínodo para repensar a Igreja?
Carta demolidora ao Papa
Por Anselmo Borges
O autor da carta, Henri Boulad, 78 anos, é um jesuíta egípcio de rito melquita. Não é um jesuíta qualquer: há treze anos que é reitor do colégio dos jesuítas no Cairo, depois de ter sido superior dos jesuítas em Alexandria, superior regional, professor de Teologia no Cairo. Conhece bem a hierarquia católica do Egipto e da Europa. Visitou quarenta países nos vários continentes, dando conferências, e publicou trinta livros em quinze línguas. A sua carta, inspirada na "liberdade dos filhos de Deus" e a partir de "um coração que sangra ao ver o abismo no qual a nossa Igreja está a precipitar-se", funda-se, pois, num "conhecimento real da Igreja universal e da sua situação actual".
A carta tem três partes: a presente situação, a reacção da Igreja, propostas.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Deixem-me respirar, ser livre, ser pessoa, ser padre
Estamos em pleno
Ano Sacerdotal
Por Francisco Melo*
Desde o início temi por esta proposta do Papa e agora confirmo algumas das minhas suspeitas… Pelo que tenho visto e ouvido, suspeito que os resultados deste Ano Sacerdotal não passem de boas intenções, discursos inflamados, preceitos, orientações e propostas subjectivas, sem sujeitos que metam as mãos na massa.
Sem ter pedido, sem contar e sem sentir necessidade parece que me querem impor um “capacete”. Sinto-me simplesmente um objecto, uma espécie de animal em vias de extinção, a quem se responsabiliza por isto e por aquilo que de mal vai acontecendo nas várias comunidades. O padre tem de… o padre deve… o padre precisa de… Toda a gente agora fala do ser padre, do novo rosto do ser padre, da sua formação, da missão do padre, dos padres para este tempo…
Não, obrigado. Agradeço a preocupação, mas NÃO QUERO. Este é o grito que sinto inundar o meu ser no meio de tantas tarefas, amarras, preceitos, formas de estar e projectos a realizar que me querem impor.
Fui padre livremente, sou padre livremente, com um único e simples objectivo: SERVIR. Assumo para isso um caminho: existir como Jesus Cristo.
Um livro de Dinis Alves: "A informação ao serviço da estação"
No próximo dia 24 de Fevereiro, quarta-feira, pelas 18 horas, na Casa da Cultura, à Rua Pedro Monteiro, em Coimbra, vai ser lançado um livro de Dinis Alves, "A informação ao serviço da estação". Na contracapa vem um esclarecimento que aqui transcrevo, porque convencido estou de que se trata de um alerta para que os agentes da comunicação social, neste mundo e neste tempo, possam debruçar-se sobre a questão da honestidade profissional, de um serviço que deve apostar sempre numa sociedade melhor, onde não caibam compadrios e interesses ocultos, em desfavor da verdade. Este é o primeiro dos quatro livros da tese de doutoramento de Dinis Alves.
Sendo o autor, que bem conheço, um homem da comunicação e profundamente metido no meio, o seu trabalho, que ainda não li, revelará, à partida, uma coragem desusada. Precisamos, de facto, de livros e de gente como Dinis Alves.
Sendo o autor, que bem conheço, um homem da comunicação e profundamente metido no meio, o seu trabalho, que ainda não li, revelará, à partida, uma coragem desusada. Precisamos, de facto, de livros e de gente como Dinis Alves.
FM
“Como eles nos enganam"
«Nas televisões portuguesas pratica-se um jornalismo de guerra sem que seja preciso arriscar repórteres no campo de batalha. A guerra é suja e trava-se entre as estações de televisão.
Promovem-se os produtos da casa, com os telejornais servindo de outdoors para alavancar audiências e desmoralizar o inimigo da frequência ao lado. É publicidade travestida de notícia, com a vantagem de não contar para as quotas.
O cidadão-telespectador perde, mas perde muito mais com outras práticas, muito mais condenáveis também. Há silêncios comprometedores, verdadeiros apagões noticiosos, e há desvirtuações graves merecendo lugar de destaque no pelourinho das falhas deontológicas.
Dinis Manuel Alves passou à lupa centenas de telejornais das TV’s portuguesas, dando conta, neste livro, de autênticas campanhas de manipulação informativa. “A informação ao serviço da estação” talvez se devesse chamar “Como eles nos enganam”.»
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Grandes reformas e irrazoáveis salários “pagos” pelos cintos apertados
O verniz e o cinto…
Por alexandre Cruz
1. Chegámos a um momento muito difícil. Sente-se o verniz a estalar e continua certa a garantia do apertar do cinto. Quem viveu períodos como este (e mesmo quem não viveu) sente que o futuro tem um reforço de incertezas como já não se sentia há muito tempo… O caso da lei das finanças regionais e todo o xadrez de pressões, intenções primeiras, segundas e terceiras; a crise social instalada, o aumento transversal da precariedade, as pessoas do desemprego histórico, a criminalidade e insegurança que se confirma cada vez mais diária; a nossa comparação com a Grécia e a galopante não credibilidade externa; a escassez de horizontes políticos que enfermam um diálogo que todos reclamam mas que “todos” falham; a sensação de que a liberdade de opinião se sente ameaçada com sucessivos casos de “alegadas” pressões e de “problemas” a serem resolvidos…
Dia Mundial contra a Doença
Portugal continua a dar novos mundos ao mundo
Por Maria Donzília Almeida
Numa altura em que os humores andam um pouco enegrecidos por este Inverno pardacento, surge como algo pertinente, reflectir um pouco acerca da doença. Já que nos interessa mais o seu contrário, a saúde, vou socorrer-me da definição desta, pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Para este organismo, saúde não é apenas a ausência de doença, mas sim um estado de bem-estar físico, mental e social, uma espécie de harmonia entre todas as componentes do ser humano.
Sem pretender meter a foice em seara alheia, recordo os tempos de adolescência em que li Júlio Dinis, médico/escritor, que afirmava no seu livro “As Pupilas do Sr. Reitor”, que não havia doenças! A assunção protagonizada pela sua personagem Daniel, um recém-formado médico, sucessor de João Semana, foi, na altura uma tirada bombástica que caiu em terreno explosivo. A afirmação convicta do médico estagiário, na botica do João da Esquina, já na altura era muito vanguardista. Havia, na verdade, doentes que tinham características particulares, ao serem contagiados por qualquer doença. Não há dois doentes iguais, ainda que com sintomas da mesma doença.
Subscrever:
Mensagens (Atom)