terça-feira, 3 de abril de 2007

Um artigo de António Rego


O itinerário da paz

Foi salutar ouvir Jean-Yves Calvez falar sobre a "Populorum Progressio". Uma espécie de ressonância da esperança há quarenta anos enunciada por Paulo VI na senda das grandes encíclicas sociais que alimentaram a vida apostólica de muitos cristãos. Veio ao de cima o sentido da espiritualidade no plural, ligada ela própria à existência concreta dos povos de todo o mundo, no abraço que o Concílio Vaticano II já propusera, ao anunciar a presença do Espírito nos grandes pólos da Igreja e do mundo contemporâneo.
Daí para cá muitos novos sinais surgiram. Mas também alguns se perderam, diluídos em tantos movimentos estreitos, voltados apenas para a zona etérea do abstracto e do individual, com ligeiros tons em acções isoladas e sem perspectiva de mudança estrutural. Dizendo por outras palavras: consentindo que alguns se salvem, dentro do pecado organizado pela injustiça e desigualdade do próprio mundo.
Com a presença, na mesa, do Cardeal Patriarca de Lisboa e do Dr. José Carlos Sousa - um dos grandes peritos em Doutrina Social da Igreja - Calvez recapitulou o essencial do texto e contexto, o espírito que o Papa Montini tão bem expressou sobre a palavra chave do momento: o desenvolvimento, como desiderato de todos, possibilidade para todos, obrigação de todos. De tal forma, disse Paulo VI, que "o desenvolvimento é o novo nome da Paz... E um apelo ao progresso do homem todo e de todos os homens."
O Patriarca de Lisboa chamaria à encíclica "intuição profética" na abordagem das grandes questões que, quarenta anos, depois nos atingem. E concluiu: "aos cristãos compete mergulhar permanentemente nos sinais dos tempos e aí descobrir sinais de esperança".
Não foi um acontecimento revivalista mas de integração dum passado recente com um presente que lança à Igreja novas questões no seu compromisso social. E relembra algumas já esquecidas.

domingo, 1 de abril de 2007

Um artigo de Anselmo Borges, no DN


O sacramento do amor


"Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, sou como o bronze que ressoa ou como o címbalo que tine. Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que possua a fé em plenitude, a ponto de mover montanhas, se não tiver amor, nada sou. O amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, não procura o seu interesse, não se irrita nem guarda ressentimento. O amor nunca acabará." Esta é uma breve citação do hino célebre ao amor, de São Paulo aos Coríntios.
Este amor corresponde à única tentativa de definir Deus no Novo Testamento: "Deus é amor", escreveu São João. Na companhia de Jesus, os discípulos perceberam que a essência de Deus é amar, e foi esse Evangelho que eles foram anunciar, dando dele testemunho até à morte. Foi essa notícia boa e inaudita que levou à conversão.
Um ano depois da publicação da sua primeira Encíclica Deus é amor, Bento XVI publicou, com a data de 22 de Fevereiro, uma Exortação Apostólica sobre a Eucaristia enquanto "sacramento do amor", que deveria ser eco da XI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que decorreu em Outubro de 2005 no Vaticano.
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TECENDO A VIDA UMAS COISITAS-17


A LÂMPADA DE ÍLHAVO

Caríssima/o:

A primeira saída oficial da nossa terra era à sede do concelho, onde fomos pelo bilhete de identidade e, poucos dias depois, para o exame da 4.ª classe. É verdade, parece que ainda foi ontem! Como o tempo corre e quantas mudanças! Vejam só que para ir a tão importante acto, ou íamos a pé, ou apanhávamos boleia de bicicleta ou então táxi. Pela lógica, este era proibido e, no nosso caso, fomos algumas vezes no quadro da bicicleta puxada pelo Hortêncio e o Oliveiros no porta-bagagem! Mas isto era um luxo: o vulgar era calcorrear correndo pelos caminhos que atravessavam a floresta.
Diniz Gomes empresta-nos a sua escrita de «Costumes e Gentes de Ílhavo», p. 57 ss., de 1941, para nos elucidar sobre a tal estória da lâmpada:

“Poucas serão as terras do nosso país, de grande ou pequena categoria, a quem a lenda popular não tenha atribuído uma anedota ou história ridículas, de que muitos se servem, por graça, para arreliarem os naturais das localidades atingidas.
Ílhavo, está bem de ver, não podia deixar de ter, também, a sua historieta jocosa, direi mesmo, um pouco vexatória para os brios do seu povo, bastante cioso do seu bom nome e honrosas tradições.
O leitor, estou certo disso, conhece-a de sobra, tanto ela se popularizou e correu mundo.
Trata-se do pretenso roubo de uma lâmpada de prata que se diz ter existido na matriz da vila, e que, em certo dia, foi levada para limpar por um espertalhão de marca maior que por aqui abordou, e que teve artes de praticar a audaciosa façanha sem ser incomodado, e, precisamente na ocasião em que ali se rezava missa, estando o templo repleto de fiéis. [...]
Ora as coisas, segundo me contaram quando eu era menino e moço, passaram-se assim:
Era domingo de festa na terra. [...]
Iria a missa em meio quando, por uma das portas laterais da igreja, entrou um indivíduo de boa aparência mas desconhecido na terra, que se dirigiu vagarosamente para junto da Capela do Santíssimo, em cujo limiar se encontrava suspensa do tecto, uma aparatosa lâmpada de prata lavrada com o peso dalguns arráteis, que ao tempo ainda não havia gramas nem quilos.
O homem, depois de ajoelhar e de se benzer, levantou-se e foi poisar, sobre um dos degraus de pedra do púlpito, um grande saco de linhagem de que vinha munido. E, olhando, com certa curiosidade a soberba lâmpada, murmurou desalentado:
- Quem te há-de limpar por semelhante preço?! O negócio que eu fui fazer!...
Todos os que o rodeavam, e ouviam a missa, inquiriram, em voz baixa entre si, se era realmente verdade a lâmpada ir ser limpa desta vez, como há muito era mister, tão suja e azebrada ela se encontrava.
E a boa nova correu ligeira de boca em boca, procurando todos ver de perto o artista encarregado pela Senhora Junta da Paróquia de executar o trabalho.
Mas o homem é que não manifestava interesse algum por isso, visto permanecer ali parado e indeciso, sem querer tomar qualquer resolução, repetindo a miúdo:
- Mas quem te há-de limpar por semelhante preço?!...
E o melhor da passagem é que o seu aspecto triste e acabrunhado chegou a inspirar relativa compaixão entre os assistentes.
Mas, a certa altura, pareceu encher-se de coragem, dizendo resoluto:
- Pois se justei, está justo! Venha a lâmpada abaixo!
E logo a corda que a segurava correu na roldana, fazendo descer vagarosamente a lâmpada que o desconhecido guardou dentro do saco que trouxera. Em seguida, saiu lentamente da igreja pela mesma porta por onde tinha entrado.

Findara a missa. Pouco a pouco os fiéis vão abandonando a igreja[...].
Arrumados, à pressa, os paramentos nos pesados armários da sacristia, e apagada as discretamente as velas de cera dos altares, o solícito sacristão foi, pressuroso, à residência paroquial, saber do senhor prior porquanto fora justa a limpeza da lâmpada do Santíssimo, e quem era o artista encarregado desse serviço.
Esta curiosidade, que sempre foi atributo de todos os sacristães havidos e por haver, causou surpresa e alvoroço no bom do padre, que de nada sabia nem se apercebera enquanto rezava a sua missa. E logo previu que a igreja fora sacrilegamente roubada pelo que mandou, imediatamente, tocar os sinos a rebate, ordenando a saída de homens resolutos em perseguição do audacioso larápio. Infelizmente, este, já não foi possível ser apanhado. [...]
Este estranho e nunca visto acontecimento causou, está bem de ver, profunda consternação na nossa terra. Por esse motivo, os sinos da igreja dobraram em sinal de luto durante três dias e fizeram-se orações de resgate e desagravo. Realmente o caso não era para menos.
E aqui tem o leitor, contada como eu a sei, a história do roubo ardiloso da lâmpada da igreja de Ílhavo. O facto, pela sua originalidade, tornou-se notório, popularizando-se. A ponto tal que ainda hoje nos surge, às vezes, um gracioso que maliciosamente nos diz:
- Ah! Você é da terra da lâmpada?»

Afinal, esta brincadeira da lâmpada algumas vezes serviu quando a rapaziada de Ílhavo nos atacava:
- Vai cavar batatinhas para a Gafanha!
Ai, sim, diz então onde puseram a lâmpada?
E funcionava...

Manuel

sábado, 31 de março de 2007

O mais velho realizador do mundo


Manoel de Oliveira, o mais velho realizador do mundo, em plena actividade, recebeu do Estado, da RTP e das empresas cinematográficas Lusomundo e Tóbis um subsídio, da ordem dos 700 mil euros, para mais dois filmes. Com quase um século de vida, a completar no próximo ano, mostra que, afinal, é ainda um jovem, que sabe aproveitar o tempo que Deus lhe deu para viver.
Na assinatura do protocolo, a ministra da cultura, Isabel Pires de Lima, sublinhou que esta era "a melhor forma para lançar as comemorações do próximo ano do centenário de Manoel de Oliveira, que está com grande vitalidade e grande actividade profissional e artística".
O mais velho realizador do mundo não é, afinal, um realizador velho, mas é, seguramente, um ser humano único, um mestre autêntico da juventude plena e responsável, que não abdica de viver, ensinando toda a gente que parar é morrer.
Na cerimónia de assinatura do protocolo, o cineasta confessou-se um homem feliz, mas acrescentou "não querer sobrepor-se aos outros". Disse que não há "uns realizadores melhores que outros" porque “todos somos grandes", anotou, sendo ele "apenas o mais velho realizador do mundo".
"Sinto-me feliz - acrescentou - porque o cinema é o mais importante para mim e nada mais me importa que realizar os meus projectos e encontrar pessoas que me auxiliem".
Os velhos são livros abertos que nos ensinam permanentemente, sobretudo se forem pessoas com amor à vida e à humanidade. Se forem artistas, cientistas ou santos, muito mais terão para nos dar. Só é preciso estarmos atentos ao que dizem e fazem. E seguir os seus bons exemplos.,


F. M.

Texto de D. António Marcelino


DIVORCIADOS RECASADOS

O tema dos divorciados recasados foi tratado de modo específico na Exortação Apostólica "A Família Cristã" (FC), que João Paulo II nos deu na sequência do Sínodo dos Bispos sobre a família (1980). A Igreja manteve-se sempre fiel às orientações então dadas, reagindo serenamente às pressões contínuas, vindas de diversos quadrantes da sociedade e, até, de um ou outro sector da Igreja. Nas críticas feitas tudo se reduz, praticamente, ao problema da passagem a um novo casamento canónico dos divorciados e à sua possibilidade de comungar o Corpo do Senhor. Como, na Exortação Apostólica de Bento XVI "Sacramento da Caridade" sobre a Eucaristia, voltaram a não ser contempladas as possibilidades referidas, sobejam as críticas ao Papa e os ataques à Igreja, por "marginalizarem", assim se diz, os membros da comunidade cristã que se encontram numa tal situação matrimonial.
Nesta Exortação, agora publicada e que recolhe a reflexão do último Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia, Bento XVI insiste (n.29) na necessidade de uma acção pastoral adequada em relação aos divorciados recasados, dado que continuam a pertencer à Igreja, afirmando tratar-se de "um problema pastoral espinhoso e complexo, que vai corroendo progressivamente os ambientes católicos". Recomenda, em seguida, um cuidadoso discernimento das diversas situações, a fim de que os divorciados recasados possam ser ajudados eficazmente.
Mantém-se a não permissão de outro casamento canónico, por exigência da indissolubilidade do primeiro matrimónio, e da não admissão aos sacramentos, porque o "seu estado e condição e vida", uma vez que são baptizados, "contradizem objectivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja que é significada e realizada na Eucaristia". Porém, afirma o Papa, continuam a pertencer à Igreja, que tem o dever de os acompanhar com solicitude, "na esperança de que cultivem, quanto possível, um estilo cristão de vida". Têm para isso ao seu alcance "a participação na Santa Missa, mesmo sem comunhão eucarística, a escuta da Palavra de Deus, a adoração eucarística, a oração, a cooperação na vida comunitária, o diálogo franco com um sacerdote ou um mestre na vida espiritual, a dedicação ao serviço da caridade, as obras de penitência, a educação cristã dos filhos".
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sexta-feira, 30 de março de 2007

CUFC

Festa no CUFC. Foto do meu arquivo


VINTE ANOS DE FÉ E CULTURA



1. Parece que foi ontem, mas já são duas intensas décadas de vida e esperança que o Centro Universitário Fé e Cultura transporta na sua breve mas significativa história. O CUFC, no seu desígnio de uma Cultura (humilde e por isso mais nobre) que se deixe iluminar pela Fé, está onde estão os que, ao longo destes vinte anos, foram e vão passando, estando, debatendo e formando, crescendo em grupos e movimentos e celebrando a fé cristã no mundo plural.Nesta ordem de ideias, o espírito do CUFC está presente em Cabo Verde, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné, Timor, Brasil, onde a língua portuguesa e a cooperação entre instituições proporciona o acolhimento em Aveiro de jovens vindos destes países da CPLP.São diversas as mensagens de parabéns que nos chegam de alguns destes países, de jovens universitários que sentiram esta casa como sua e agora estão em seus países na vida profissional a lutar por um futuro melhor. De norte a sul, do litoral ao interior de Portugal, dos programas de mobilidade académica de universidades europeias (Erasmus), e de outros programas que trazem até nós estudantes da Ásia ou das Américas, nem que tenha sido numa simples Ceia de Natal (a 24 de Dezembro, em co-organização com os Serviços de Acção Social da UA, com cerca de oitenta/noventa estudantes de todo o mundo), o calor humano e o aconchego proporcionado é lembrado como sinal de esperança numa humanidade nova, fazendo do Centro uma plataforma contínua de “vai e vem”, de enriquecimento entre todos. Lembramo-nos de há três ou quatro anos termos pedido a estudantes de Línguas e Relações Empresariais da UA (que estudam chinês), que nos escrevessem em chinês “Feliz Natal”, a par de outras línguas com a mesma mensagem. Quanta emoção, até às lágrimas (do grupo de estudantes chineses), nestas duas simples palavras, para quem está a milhares de quilómetros de casa!
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Texto de Alexandre Cruz
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Um artigo de D. António Marcelino



IRONIAS DA HISTÓRIA

A história do passado e a que vier a construir-se no futuro não se altera nem determina, rasgando páginas, exorcizando alguns dos seus figurantes, nem, muito menos, predeterminando o seu rumo por força de grupos e ideologias de pressão.
Há que prestar atenção a como se reage a factos vividos, pelo que isso contém de elementos que ajudam a pensar, a decidir e a perceber as ironias da história.
Noticiaram os jornais que um cidadão iraquiano de nome e dos mais influentes na queda de Sadam Hussein, desabafava agora perante a anarquia do seu país, que mais desejava voltar a viver no tempo do ditador…
No muito discutível jogo televisivo sobre o português mais importante da história pátria, a votação em Salazar é impressionante, não obstante a memória colectiva ter ainda marcas salientes, que, em muitos aspectos, não o favorecem por aí além.
Temos, ante os olhos, um facto nacional merecedor de atenção. Trazem-no, as sondagens referentes ao estado da governação. Por um lado, críticas fortes a ministros que, com as suas decisões, tocam em aspectos fundamentais da vida das pessoas, vendo, por isso a sua cotação baixar na opinião pública. Por outro, o chefe do governo, que é o mais responsável das decisões políticas criticadas, vai subindo nas sondagens. Ou o povo não tem critérios, ou é ignorante dos mecanismos governamentais, ou as sondagens são prefabricadas e, por isso mesmo, poucos fiáveis.
Ainda outro caso. As escolas particulares, também elas ensino público, são, frequentemente, denegridas, sobretudo por alguns sindicatos de professores, não obstante os resultados positivos que apresentam, tanto no aproveitamento escolar, como no processo educativo global. Vemos agora, sem que ninguém lhes encomendasse o recado, gente que pensa apontando este modelo, em aspectos concretos, para ajudar a ultrapassar a crise de muitas escolas estatais e a política que as sustenta…
É assim. Vivemos num mundo de contradições, desilusões e emoções.
Analistas lúcidos e cultos vão abrindo caminho à leitura destas ironias. Outros que lêem e interpretam apenas a partir das suas opções ideológicas e dos seus projectos pessoais multiplicam as sombras e desencadeiam tensões, inúteis e evitáveis. O que se passou em Santa Comba Dão, com grupos radicais e, no mesmo sentido, com o manifesto dos eruditos, vai mostrando que há gente que prefere mais conviver com fantasmas do que reflectir a realidade e as suas causas.
A história é mestra, mas não se repete, nem sequer com semelhanças, se os seus protagonistas forem lúcidos e interiormente livres.
O povo tem uma cultura própria, que não se traduz sempre por ignorância ou má fé. Também é capaz de gestos de denúncia, protestos de injustiça, clamor pelos seus direitos, e dizer, com coragem, que nem tudo o que dizem os políticos é verdade.
Os governantes menos capazes a todos os níveis usam, por vezes, com o povo, a pedagogia do rebuçado, como se faz com as crianças, e da promessa fácil, julgando que o povo não tem memória.
É urgente parar para pensar com dados seguros, para que os raciocínios levem a conclusões acertadas e a compromissos irrevogáveis. Não valem decisões unilaterais, nem encobrimento de dados. Problemas mal resolvidos afectam-nos a todos e, muito especialmente, aos mais pobres, mais débeis e inseguros. Neste momento estes são multidão, com mais dúvidas e preocupações, que certezas e direitos reconhecidos.
A história, com as suas ironias, mesmo registando as boas decisões e êxitos, não cala as contradições, arbitrariedades e omissões, mormente se afectam a evolução correcta do exercício da cidadania e as exigências da convivência democrática.

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