sábado, 18 de março de 2006

Um artigo de Francisco Sarsfield Cabral, no DN

Confusão e batota na defesa do País
Ainda há empresas onde o Estado português deva participar? Com que finalidades? E como?
João Cravinho levantou estas interrogações no DN do passado dia 27, criticando a falta de clareza estratégica do Governo na matéria.
De facto, reina aí a confusão, sentida sobretudo quando as privatizações entram em jogo e os governos pensam antes de mais no encaixe financeiro. Mas a confusão vem muito de trás.
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Dificuldades técnicas

Depois de um dia de ausência, por dificuldades técnicas a que fui alheio, cá estou de novo com os meus fiéis leitores e amigos.
FM

quinta-feira, 16 de março de 2006

Ajuda na área da saúde

Aprovada rede nacional de apoio a idosos e pessoas dependentes
O Conselho de Ministros aprovou hoje o decreto que cria a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, que se destina a prestar apoio a pessoas idosas doentes e a cidadãos em situação de dependência. "Os cuidados continuados integrados destinam-se a prestar cuidados de saúde a pessoas idosas doentes e a cidadãos em situação de dependência, independentemente da causa ou idade, e será aplicado de um modo transversal, visando cobrir as necessidades dos beneficiários do Serviço Nacional de Saúde", lê-se no comunicado do Conselho de Ministros.
O decreto "visa a prestação de cuidados continuados integrados e tem como objectivo eliminar uma das mais graves lacunas do Serviço Nacional de Saúde em articulação com os serviços da Segurança Social e com as instituições da rede solidária", segundo o Executivo.
O Governo afirma também que a rede será organizada em dois níveis de operacionalização - regional e local - e "é constituída por unidades e equipas de cuidados continuados de saúde (convalescença, média e longa duração), apoio social, e cuidados e acções paliativas com origem nos serviços comunitários de proximidade, abrangendo hospitais, centros de saúde, serviços distritais e locais da Segurança Social, a rede solidária e as autarquias locais".
"O programa é gerido em articulação entre os ministérios da Saúde e da Solidariedade, sendo os encargos partilhados entre ambos na proporção das suas responsabilidades directas na saúde e no apoio social", acrescenta ainda o comunicado do Conselho de Ministros.
Em conferência de imprensa, o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, disse que o diploma será apresentado ainda esta tarde, detalhadamente, na Assembleia da República pelo ministro da Saúde, Correia de Campos. :
Fonte: "PÚBLICO" online

Fórum Mundial da Água

ÁGUA: Recurso amplamente desperdiçado
Inicia-se hoje, 16 de Março, o IV Fórum Mundial da Água, que o México acolhe até ao próximo dia 22, procurando encontrar formas mais justas de distribuição de um recurso mal repartido e amplamente desperdiçado.
O evento é realizado conjuntamente com o Conselho Mundial da Água, sendo esperada a presença de mais de 130 ministros, bem como jornalistas e participantes de todo o mundo.
O Fórum Mundial da Água é o evento mais importante no mundo, nesta matéria, em que se adoptam políticas públicas para o adequado uso da água. Este é um fórum não-governamental que vai retomar a discussão sobre os avanços dos Objectivos do Milénio, da ONU e abordar questões como as secas, inundações, poluição, acesso à água potável, irrigação e distribuição de água.
“Acções locais para um objectivo global” é o lema do Fórum Mundial da Água, procurando privilegiar as acções locais que constituem exemplos de gestão adequada. São cinco eixos temáticos: água para o crescimento e para o desenvolvimento; instrumentalização da gestão integrada de recursos hídricos; água e saneamento para todos; água para a alimentação e o meio ambiente; e gestão de riscos.
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"Os Evangelhos 2006 Comentados"

Evangelhos

devolvidos ao povo

O acesso fácil à leitura dos Evangelhos e à Bíblia é algo de muito recente. Tão recente que nos pode espantar que tenha sido possível viver tantos séculos sem proximidade à “feliz notícia”. Na verdade, a proximidade à Palavra da Vida era feita de outras formas que não a leitura individual. Era feita de audição dos pregadores e de visão das esculturas e imagens das igrejas. As catedrais, como é vulgar dizer, eram “Bíblias esculpidas”, tal era a profusão de figuras e cenas bíblias que explicavam em pedra o que estava escrito em letras inacessíveis para a maioria do povo. E, além das esculturas havia as pinturas, os frescos, os vitrais. Entre católicos, só a partir do século XX foi possível que o simples cristão pudesse ler a Bíblia no recanto da sua casa sem sobre ele pairar a suspeita de “protestante”. Compreende-se. A história estava ensanguentada pelas divisões que o princípio da livre interpretação das Escrituras provocou entre cristãos. Mas o reverso da não permissão (ou pelo menos do não aconselhamento) de leitura da Bíblia por parte do catolicismo teve outras consequências negativas, que até nem são propriamente espirituais. A leitura popular da Bíblia, nos países protestantes, fez com que o analfabetismo desaparecesse mais rapidamente do que nos países tradicional e maioritariamente católicos. E quem diz analfabetismo, diz subdesenvolvimento. : (Para ler mais, clique CV)

Um artigo de D. António Marcelino

FORMAÇÃO
DO CORAÇÃO Os jornais diários noticiaram-no à saciedade: andam carrinhas com gente da Segurança Social por esse país fora, a fim de ajudar os idosos de oitenta anos e mais a preencher os papéis, que lhes poderão aumentar em vinte e cinco euros mensais, a sua magra pensão social. Ouvi, aqui há umas semanas, remoques partidários sobre a facilidade e a dificuldade dos idosos porem nomes e cruzes em tais papéis. Também pude saber que nas paróquias se estavam disponibilizando voluntários para tal tarefa. Dei-me, por tudo isto, ao trabalho de ler jornais, recheados de episódios, que dedicaram páginas a esta tarefa. Comovi-me. Eu sei que há muitas situações dramáticas e sei o que algumas instituições da Igreja estão fazendo para pagar medicamentos necessários e cada vez mais caros. Mais gente a necessitar deste apoio do que se pode pensar. À volta das senhoras do Estado, vindas de longe, sempre com horas contadas e pouco tempo para ouvir e guardar o que se ouve, muitos idosos abriram a sua alma e a sua vida, como quem se confessa. Uns surdos, outros analfabetos, alguns sem família ou mal amados dos filhos que vivem longe ou que pouco aparecem, baralham os dados, esqueceram o óbvio, não sabem o nome da rua onde moram, nem o país onde estão os filhos emigrantes… “- Quanto recebe de pensão?” “275 euros. Metade vai logo para a renda de casa e para os remédios”. –“Quanto tem no banco?””Cinco mil euros, que venho poupando há muito tempo para o meu funeral.” -“Sendo assim, não tem direito a receber…” Pobres dos pobres! Eu sei que o país está mal de finanças, que tem de haver normas, que há gente que não precisa e recebe, que as senhoras da Segurança Social cumprem ordens e regem-se pelo que vem de Lisboa, que umas delas são frias no trato a todos por igual, e que outras também sofrem com o que ouvem e têm paciência para explicar… O mundo dos pobres, e mais ainda dos idosos marcados pela solidão e por muitas dores, não se trata só com burocracias. Trata-se com amor e com o olhar do coração…Tão poucos são capazes de compreender esta gente, ferida no seu pudor por ter de dizer o que nunca dissera dos filhos menos gratos, penalizada pela preocupação de poupar para o funeral, tirando à boca o pão do dia a dia, regressada, depois disto, à noite das necessidades, sempre maiores, só porque ainda não tem oitenta anos ou porque o seu caso, bem doloroso, não cabe nas normas do ministério… Gente que descontou, numa longa vida de trabalhos e sacrifícios (nem só o dinheiro é desconto para o Estado), para criar um rancho de filhos, muitos deles, gente que hoje enriquece o país com o seu trabalho e poupança, aqui ou além fronteiras. Mesmo quando, por exigência das normas, se lhes negam vinte e cinco euros, os idosos têm direito a um sorriso, a um carinho, ao respeito silencioso de quem fez abrir seu coração com perguntas secas e a contra relógio. Leio na encíclica de Bento XVI “Deus é amor!” que àqueles que servem os mais feridos da vida, são isso mesmo os muitos milhares de idosos sós e roídos por carências e saudades, seja gente das instituições do Estado, seja das particulares, para além da competência profissional, sempre exigida, se lhe deve requerer também a “formação do coração”, nunca dispensada. Vivendo e praticando o amor, afectivo e efectivo, se poderá fazer entrar no mundo dos que sofrem, a luz indispensável de Deus, traduzida em amor humano. Mesmo para preencher papéis a quem não o sabe fazer, não se pode dispensar o olhar do coração.

quarta-feira, 15 de março de 2006

Um artigo de Joaquim Franco, na SIC

O inexplicável que inquieta
Não há percurso sem obstáculos, nem obstá-culos sem uma "pas-sagem". Há sempre uma "passagem" num caminho sinuoso. E mesmo quando o obs-táculo se apresenta inultrapassável, há sempre um impulso no âmago da convicção, seja a teimosia do instinto ou uma qualquer inter-venção do transcendente.
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Os judeus evocam a Páscoa como a passagem do "anjo da morte" ao lado da casa dos filhos de Israel, poupando-os ao sacrifício. Mas fazem a festa como celebração da liberdade e encontro com a "terra prometida" após uma "passagem" pelas adversidades do deserto.
Os cristãos, moldados pela fé na vitória sobre a morte que é esperança de salvação do espírito, reenquadraram o sentido da "passagem" na inevitabilidade da própria vida. A Quaresma, vivida no contexto cíclico de uma natureza que tem de "morrer" para voltar a ser fértil, remete para o sentido das limitações. Para o óbvio das dificuldades vividas ou por viver.
"Morrer" nas contingências do quotidiano, para "nascer" de novo e descobrir a "passagem" dos obstáculos que atormentam. O deserto que os calendários religiosos lembram por estes dias é por isso uma metáfora da própria existência. No limite do inexplicável, a liturgia cristã deste tempo lembra o episódio de um homem que, no extremo do sofrimento, perdoa os que não o compreendem e lhe causam a morte.
Um absurdo? Embora transversal e inevitável nas relações, o "perdão" é hoje uma palavra gasta, um valor incompreendido. Implica dois sentidos. Só perdoa quem promove sinceramente a valorização do outro para voltar a fazer encontro. A paz, na dimensão utópica da plenitude ou na concretização pontual e verdadeira, é sempre uma "passagem" no final de um percurso com difíceis atalhos de perdão…