terça-feira, 8 de novembro de 2005

UM TEXTO DE TEIXEIRA DE PASCOAES

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Sem Poesia Não Há Humanidade
Sem Poesia não há Humanidade. É ela a mais profunda e a mais etérea manifestação da nossa alma. A intuição poética ou orfaica antecede, como fonte original, o conhecimento euclidiano ou científico. E nos dá o sentido mais perfeito e harmónico da vida. Aperfeiçoando o ser humano, afasta-o do antropóide e aproxima-o dos antropos. Que a mocidade actual, obcecada pela bola e pelo cinema, reduzida quase a uma fotografia peculiar e uma espécie de máquina de fazer pontapés, despreza o seu aperfeiçoamento moral; e, com o seu fato de macaco, prefere regressar à Selva a regressar ao Paraíso. E assim, igualando-se aos bichos, mente ao seu destino, que é ser o coração e a consciência do Universo: o sagrado coração e o santo espírito. Eis o destino do homem, desde que se tornou consciente. E tornou-se consciente, porque tal acontecimento estava contido nas possibilidades da Natureza. Sim, a nossa consciência é a própria Natureza numa autocontemplação maravilhosa. Ou é o próprio Criador numa visão da sua obra, através do homem. E, vendo-a, desejou corrigi-la, transfigurando-se em Redentor.
in 'A Saudade e o Saudosismo'

Fonte: Citador

Centro Social Paroquial S. Martinho, Tavarede

Posted by Picasa Encontro de gerações vivido no dia-a-dia
Se há instituições com as quais as populações perfeitamente se identificam, o Centro Social Paroquial S. Martinho de Tavarede, na Figueira da Foz, é uma dessas. A expressão "O nosso Centro Social" é repetidamente ouvida quando se fala desta IPSS, que iniciou as suas actividades com ATL, Apoio Domiciliário e Centro de Dia para idosos em 1999. Sem inauguração oficial, mas com festa já pensada para breve, de homenagem a quem a ajudou a nascer, garantiram ao SOLIDARIEDADE o presidente e o vice-presidente da direcção, padre António de Matos Fernandes e Álvaro Martins Reis, respectivamente.
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NB: Nas minhas saídas, descubro, por vezes, tempo para conhecer o que há de bom, a nível da solidariedade. Em Tavarede, na Figueira da Foz, vi e registei o dinamismo de uma comunidade que assume, com determinação, o seu Centro Social Paroquial. Para ler a reportagem que fiz, clique SOLIDARIEDADE.

Um artigo de António Rego

Posted by Picasa António Rego Violência à porta
Voltámos a Maio de 68? O que se tem passado em França de violência é um sinal dos novos tempos? Da abertura das fronteiras, do despovoamento das aldeias? Da deformação das grandes cidades? Dos subúrbios como lugares menores mas repletos de juventude e vigor, ao contrário dos centros onde, simultaneamente apodrecem as pessoas e as casas? A mistura descoordenada de raças e povos, empurrados para a margem da vida, onde o local é um simples indicador? Paris tem estado a arder e os sinais externos que nos chegam, parecem configurar uma simples inabilidade política momentânea, ou uma falta de jeito democrático para utilizar forças de segurança em defesa de vítimas?
E também a questão ideológica já abundantemente exibida: que política de segurança, diálogo, desrespeito pelas minorias - que serão cada vez menos minoria - terá desaguado numa desordem pública sem precedentes e sem controlo? Que fará melhor a esquerda que a direita?
Existem elementos comuns: jovens e adolescentes; falta de ocupação, vida sem projecto, ghetos progressivos convertidos em gangs de cidade (quem não lembra West Side Story?) onde ainda era possível cantar I like to be in América..?) Não há uma canção ou um slogan de registo que desenhe a utopia explosiva desta geração.Eis uma pergunta importante: onde querem viver estes jovens, portadores de outros genes culturais e embutidos, à força, numa sociedade, por imperativo de sobrevivência e desejo de melhorias dos próprios pais? Estes jovens de outras culturas, credos e raças estão na Europa porque os pais quiseram um futuro melhor para eles. E assim chegamos ao ponto de partida: o desenvolvimento a que todos os países e regiões têm direito.
Tal como a gripe das aves, quem pode demarcar as fronteiras desta raiva incontida que rapidamente se espalha em adolescentes e jovens de qualquer parte do mundo?Que armas tem a Europa para este combate, na sequência do terrorismo que, em cada dia, se torna mais absurdo, imprevisto e ameaçador?Que novos indicadores estão latentes neste tresloucado fenómeno?
É com esta realidade que temos de viver. Tentando deslindar os porquês e aplicando rigorosamente o que nos parece o único caminho em condições para oferecer uma resposta: o humano, com uma compreensão generosa sobre o todo. Só com força de choque e discursos autojustificativos de ministros, não se vai lá. A questão é muito mais que política. É uma questão moral.

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

Um artigo de João César das Neves, no DN

A certeza serena de Cristo vivo “Cristo vivo". Esta é a certeza que nestes dias ressoa por Lisboa. As nossas vidas, cultura e civilização estão cheias de factos, elementos, hábitos que partem desta afirmação Cristo está vivo! Mas suponha... eu sei que é difícil, mas suponha por momentos que Cristo não está vivo. Suponha por um instante que Jesus não ressuscitou, que não é o filho de Deus (a razão deste exercício blasfemo ficará clara adiante). Se Cristo não estivesse vivo não desapareceria a sabedoria. Mesmo que o Evangelho fosse falso, ainda haveria a Torah e o Alcorão, os Analectos e os Vedas, a Metafísica de Aristóteles e a Crítica da Razão Pura. No limite, se o Absoluto não existisse, se a realidade fosse mesmo só aquilo que conseguimos ver, desapareceria o fundamento transcendente da verdade. Mas, ao menos, teríamos a nossa atracção natural pelo conhecimento, civilização, dignidade e ciência que vencem a barbárie. Se Cristo não estivesse vivo não desapareceria a justiça. Mesmo que Cristo não fosse Deus, ainda haveria o juízo de Jahvé ou Alá, de Buda, da deusa ou dos espíritos, da Ética a Nicómaco ou da Carta dos Direitos Humanos. No limite, se a divindade não existisse e a morte fosse definitiva, bons e maus teriam a mesma sorte final. Mas, ao menos, teríamos o nosso inato sentido de equidade e estaríamos sujeitos à amizade, benevolência e justiça humanas. Se Cristo não estivesse vivo ainda haveria sabedoria, justiça, bem, amizade. Mas desapareceria do mundo a prova suprema do Amor de Deus. Deixaria de ser verdade que o centro da realidade é o mistério de um Amor infinito que se entrega. Porque se Cristo não ressuscitou, então é falso que "Deus amou de tal maneira o mundo que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todos os que nele crerem não se percam, mas tenham a vida eterna" (Jo 3, 16). Se Cristo não estivesse vivo, então Deus não amaria apaixonadamente a Humanidade, a ponto de se entregar à morte por ela. Se Cristo não é Deus, então Deus não existe; ou, pior, existe longínquo, severo, arbitrário, múltiplo. Se Cristo não estivesse vivo não desapareceria a sabedoria. Mas Deus não teria vindo pessoalmente ensinar o caminho da salvação. Deixaria de ser verdade que Deus tenha nascido como um bebé, vivido entre nós, conhecido a miséria humana e o sofrimento. Sem Cristo, as mãos do sacerdote não consagrariam o pão e o vinho, fazendo Deus presente, entregue por amor. Sem a doutrina de Cristo haveria sabedoria. O que desapareceria era a prova viva do Amor infinito, absoluto. Se Cristo não estivesse vivo não desapareceria a justiça. Mas Deus não teria assumido sobre Si o castigo que os nossos pecados merecem, resgatando-nos da miséria final e definitiva. Sem Cristo, as mãos do sacerdote não perdoariam os pecados e o sofrimento seria um paradoxo incompreensível e intolerável. A dor, desligada da cruz que abre à ressureição, perderia a razão de ser. Sem a redenção de Cristo a morte ainda podia arranjar sentido. A vida é que deixava de ter saída.Assim, a certeza de que Cristo está vivo não se baseia apenas na evidência esmagadora da Sua influência na nossa vida. Essa certeza não está só na surpreendente revolução que um punhado de pobres pescadores, discípulos de um condenado, fizeram no Império Romano em Seu nome. Não está apenas na permanente revolução de corações e culturas que a Sua mensagem viva vem fazendo ao longo dos séculos. Não se vê só na Sua doutrina, sublime e incomparável, que resiste até aos terríveis pecados dos seus discípulos e a miríades de ataques e incompreensões. Não se sente apenas na serena alegria dos santos, na dinâmica comunidade dos baptizados, que vivem diariamente com Aquele que está vivo. A certeza de Cristo vivo manifesta-se também nas raízes da realidade, no florescimento da sabedoria, na sublimação da justiça. Porque a realidade só se baseia no mistério de um Amor infinito, a sabedoria só nasce de um ensino pessoal e a justiça só parte de uma redenção gratuita porque Cristo está vivo.

FÁTIMA: MISSA DA ESPERANÇA

Posted by Picasa Artistas na Capelinha das Aparições Uma oração pelos doentes
Ontem, 6 de Novembro, Domingo, decorreu no Santuário de Fátima a «Missa da Esperança», celebração vivida em sentido de oração e recolhimento, pelos doentes e pelos mais desprotegidos. Cem mil peregrinos participaram nesta demonstração de devoção a Nossa Senhora de Fátima
Mesmo no final de todas as cerimónias dessa manhã de Domingo, o Reitor do Santuário de Fátima, dirigiu umas últimas preces a Nossa Senhora de Fátima, em nome de todos os fiéis: "Nossa Senhora de Fátima e Santa Mãe da Esperança! (...) Viemos suplicar-vos pelos doentes e por todos os que carregam qualquer forma de sentimento. Acreditamos que o calor do vosso manto e o aconchego do vosso regaço dão forte alento a muitos irmãos nossos pelo mundo além". Levamos no coração estes momentos de intimidade e prometemos partir para a vida com o desejo de contemplar a Deus como Francisco e de oferecer-nos pelos irmãos como a Jacinta. Amem O Santuário acolheu pela terceira vez esta celebração, proposta pelo Conselho da Comunidade Luso-brasileira, e que tem a particularidade de, após a celebração da Eucaristia, contar com a presença de um grupo de cantores, de Portugal e do Brasil, que dedicam uma canção/oração a Nossa Senhora, no momento da oração do Rosário, na Capelinha das Aparições. Este ano estiveram presentes no Santuário os cantores brasileiros P. António Maria, Joanna e Maria Bethânia, e os cantores portugueses Marco Paulo e Kátia Guerreiro.
(Para saber mais, clique aqui)

Uma reflexão do padre João Gonçalves, da Glória

Distracções Ao lado de tanta coisa que anda à nossa volta, a preocupação da consciência é de perceber o que é importante e, no importante, o que é essencial. Pelos nossos sentidos entra muito desperdício, que só atrapalha e incomoda.
Somos, pois, convidados a ordenar os valores; os da vida, do tempo, do ter..., para sentirmos vontade de nos orientarmos para o que vale e merece ser valorizado; há coisas ou situações com que não vale a pena gastar tempo ou preocupações.
Para o Cristão, “só Deus basta”; Deus e o que Ele ensina, manda e quer; o resto, sendo importante, é secundário.
Há uma necessidade urgente de valorizar a Fé e o que ela subentende e exige; é urgente alimentá-la, torná-la forte, para que ela seja causa de serenidade interior e de paz; a Fé como um negócio não é admissível; uma Fé onde só se procura o que nos agrada, não tem interesse, porque não é Fé verdadeira.Estamos fazendo caminho; estamos à procura, ainda que seja urgente procurar o que já se possui.
Deus é o Infinito aberto e próximo àqueles que humildemente estão disponíveis e são sinceros.
in "Diálogo", 1047 - XXXII DOMINGO COMUM

PRODUÇÃO E COMÉRCIO DE ARMAS

Para sensibilizar a opinião pública Igreja Católica cria observatório sobre produção e comércio de armas ligeiras
A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), um organismo da Igreja Católica vocacionado para a intervenção social, decidiu criar um observatório permanente sobre a produção, comércio e proliferação de armas ligeiras. O novo organismo, que será apresentado amanhã, numa audição pública promovida pela CNJP, na Gulbenkian, sobre o mesmo tema, pretende reunir "informação relevante" sobre a matéria, nomeadamente no que diz respeito a Portugal, que ainda não tem legislação regulamentadora neste domínio.
O observatório quer constituir-se como um "instrumento a partir do qual se possa tomar consciência da gravidade da proliferação não controlada de armas ligeiras", diz Manuel Brandão Alves, um dos membros da CNJP agora responsabilizado pelo observatório.
De acordo com este economista e professor universitário, a acção do novo organismo visa sensibilizar instituições e pessoas da Igreja e da sociedade civil. A criação de uma base de dados com informação permanentemente actualizada será um dos principais meios de acção do observatório.
O comércio de armas ligeiras, que matam no mundo 1300 pessoas por dia, foi objecto de uma petição dirigida à Assembleia da República, em 2002. Promovida por organizações católicas e da sociedade civil - entre as quais a Amnistia Internacional -, a petição foi assinada por quase 100 mil pessoas.
Apesar do compromisso pessoal do então presidente da AR, Mota Amaral, e das promessas do PSD (então Governo) de que rapidamente se legislaria sobre o assunto, a petição não conseguiu este mesmo objectivo.
(Para ler todo o trabalho de António Marujo, clique PÚBLICO)