Participei no sábado, 16 de abril, no anfiteatro do Museu
Marítimo de Ílhavo, no lançamento do livro “Tempos de Pesca em Tempos de
Guerra” de Licínio Amador. Anfiteatro repleto de gente amiga do autor, mas
também interessada pela temática que deixou marcas tristemente profundas no
espírito dos nossos conterrâneos. O afundamento do “Maria da Glória”, um lugre
bacalhoeiro, inofensivo e neutral no conflito dramático da II Grande Guerra,
não podia deixar de suscitar curiosidade. Mais de quatro anos de pesquisas
resultaram num livro que merece uma referência especial no final da leitura que
já iniciei.
Domingos Cardoso, que coordenou a cerimónia, o autor,
Licínio Amador, o representante da Câmara Municipal, Marcos Ré, Tito Cerqueira,
que apresentou o livro, e Tibério Paradela, que teatralizou uma cena, vindo do
fundo do mar, preencheram os lugares da mesa. E o coro da Academia dos Saberes
de Aveiro brindou a assistência com um belo momento musical.
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Tibério Paradela (foto de Etelvina Almeida) |
Tito Cerqueira enriqueceu sobremaneira a festa de um
acontecimento triste para as gentes ilhavenses, falando com conhecimento certo
e profundo da guerra submarina, mas não só, estendendo-se quanto possível pelos
diversos quadrantes dos beligerantes, com datas, nomes, episódios, causas e
consequência de uma das maiores catástrofes do século XX, oferecendo uma lição
viva decerto para todos os presentes, ou não seja ele um especialista na
matéria com o alto título de Almirante.
Logo a abrir a sua intervenção, questionou-se sobre o que
terá levado o autor e amigo, Licínio Amador, um homem das «humanidades e sem
ligação pessoal ao mar», a escrever sobre o afundamento do navio “Maria da
Glória”? E disse mais: «Andou por bibliotecas e arquivos, consultou livros e jornais,
navegou pela Internet, comprou livros relacionados com a temática, trocou
impressões com amigos mais conhecedores, documentou-se, ficcionou o que era de
ficcionar e coligiu dados; mas quanto mais avançava na sua investigação, mais o
mar da pesquisa se encapelava e mais difícil se tornava a navegação; e foi aí
que a sua fibra de ílhavo, qual lobo-do-mar, o fez vencer todas as
dificuldades, conseguindo manter o rumo certo e em segurança, chegando hoje a
bom porto.»
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Aspeto geral da assistência (Foto de Etelvina Almeida) |
Julgo que a cabal veracidade das questões apontadas por Tito
Cerqueira passará inevitavelmente pela leitura do livro “Tempos de Pesca em
Tempos de Guerra”, cuja edição do autor, composta por 500 exemplares, deverá
esgotar muito rapidamente.
Fernando Martins