1. O nome é simbólico, pois «Neda» significa «voz» em Farsi. Neda é o nome de uma jovem como tantos jovens deste mundo que clamam e reclamam pela reconciliação e paz em ordem ao justo desenvolvimento que supere a cegueira dos poderes ou a escravidão dos sistemas. A 22 de Junho Neda foi gravada em dois momentos no decorrer das manifestações da oposição iraniana: o primeiro momento era o decorrer em Teerão do movimento pacífico e independente pela democracia, pela liberdade de opinião e oposição e pela igualdade na justiça; o segundo momento, após ser atravessada por uma bala, foi o dramático derramamento de sangue…
2. As imagens deste martírio, através das novas formas de comunicação como o Youtube, correram o mundo. As mensagens de indignação pelo acontecimento nas ruas de Teerão foram divulgadas pela internet e geraram uma onda de comoção que reflecte o contraste entre a liberdade pacífica e a crueldade dos sistemas quando têm em vista outras finalidades que não o autêntico serviço às pessoas. No passado fim-de-semana sites como o twitter e o facebook espelharam bem como a comunicação global pode tornar o mundo em sintonia, afirmando-se como um potencial de sensibilização mundial. Diante da sua morte muitos foram os apelos ao silêncio e contenção por forma às manifestações não se tornarem em banhos de sangue.
3. O nome da jovem simples, Neda, é como que uma «voz» da humanidade: esperançosa nas capacidades humanas de construir pontes de paz, mas sofredora de tiros violentos que destroem vidas e futuros. A única vontade de Neda, independentemente de todos os sedentos poderes, era viver e ser feliz num mundo belo. Essa vontade na terra foi desfeita. Só mesmo a eternidade pode compensar o desejo simples de quem procura na terra dar tudo pela paz. Lembramo-nos daquele livro e filme: Thomas Moro, uma vida para a eternidade. Infelizmente a história repete-se.
Alexandre Cruz