ESTADO INCAPAZ
DE RESOLVER O PROBLEMA
Há muito que se fala da circulação e consumo de droga nos estabelecimentos prisionais da responsabilidade do Estado. Sabe-se que a droga é ali consumida pelos presos como se estivessem em qualquer bairro com negócio à vista de toda a gente.
Porque o consumo e a normal compra e venda de droga é coisa do dia-a-dia nas prisões portuguesas, o Estado resolveu avançar com a ideia de "oficializar" tais comportamentos, garantindo a toda a gente um apoio descarado, para evitar o perigo de alguém trocar as seringas, causadoras da propagação da SIDA e de outras doenças contagiosas. O mesmo Estado cria, então, salas de chuto, para todos ficarem mais sossegados.
Na verdade, isto tudo é ridículo e próprio de gente inconsciente e irresponsável. O Estado, em vez de promover o tratamento dos doentes, preparando-os para a vida fora das cadeias, ajuda os toxicodependentes a manterem o vício e a "doença", com a cumplicidade de alguém que permite a entrada da droga e a livre circulação da mesma.
Como é possível que a droga possa entrar nas cadeias, quando é certo que nada nem ninguém entra ou sai sem autorização dos responsáveis? E como é que, uma vez lá dentro, ela chega às mãos dos reclusos? Disso o Estado não cuida. Mas devia cuidar.
Fernando Martins