Há o choque, o tempo que pára, o pânico, a impotência, uma enorme tristeza. Cuidar de alguém da família que está a morrer é assustador, mas também pode ser altamente reconfortante. Manter em casa ou num hospital um doente terminal apoiado por uma equipa de cuidados paliativos é um direito que ainda é negado à esmagadora maioria dos portugueses. Hoje celebra-se pela primeira vez o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos.
Mais de 60 mil dos 105 mil portugueses que morrem anualmente precisam de cuidados paliativos porque sofrem de doenças incuráveis, prolongadas e progressivas, das demências como o Alzheimer, passando pelo cancro ou pela sida. "Mas menos de cinco mil pessoas terão tido acesso a estes cuidados, disse ao PÚBLICO a coordenadora nacional do Movimento dos Cidadãos Pró-Cuidados paliativos, Ana Cabral.
No país existem apenas sete unidades com equipas de profissionais especializadas em prestar cuidados clínicos, emocionais e espitituais aos doentes em fim de vida e às suas famílias. São equipas compostas por médicos, enfermeiros assistentes sociais, que também podem incluir voluntários e até assistentes espirituais. "O lema é que, mesmo não havendo cura, há muito que podemos fazer pelos doentes", explica Isabel Galriça Neto, a coordenadora da única equipa de cuidados paliativos a funcionar num centro de saúde, em Odivelas.
"As pessoas têm de saber que os cuidados paliativos são um direito do doente", explica. Uma ideia partilhada por Ana Cabral. "Apesar dos progressos, há ainda muito a fazer em Portugal. Este é um direito de todos e devemos reclamá-lo", conclui a responsável.
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