Para assinalar o Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza, várias organizações portuguesas lançaram na segunda-feira um apelo para que o País coloque a pobreza e as desigualdades sociais e económicas no centro do debate público. O problema é grave e há muito tempo que está identificado e estudado, não se vislumbrando indícios de se avançar na luta contra a pobreza extrema que atinge mais de um milhão de portugueses.
No manifesto tornado público, as organizações que se inquietam com esta problemática denunciam que um em cada cinco portugueses vive no limiar da pobreza e que mais de 12 por cento da população activa ganha apenas o salário mínimo nacional.
Por outro lado, as 100 maiores fortunas portuguesas representam 17 por cento do Produto Interno Bruto, sendo certo que o nosso País tem a pior distribuição de riqueza no seio da União Europeia, com os 20 por cento mais ricos a controlarem quase 46 por cento do rendimento nacional.
Por isso, as organizações apelam ao poder político e económico para que reconheça o fenómeno da pobreza como um terrível problema social e para que, com a sociedade civil, encontre soluções adequadas para a sua progressiva erradicação.
Em pleno século XXI, em que os sinais exteriores de riqueza de alguns são bem visíveis por todos, é incrível como a nossa sociedade, com economistas, políticos, empresários e instituições, não consegue organizar-se para acabar, de uma vez por todas, com a pobreza que nos devia envergonhar a todos.
Um dia questionaram Madre Teresa de Calcutá sobre a forma como podíamos acabar com a fome no mundo. Muito simplesmente, disse Madre Teresa: Se cada um de nós distribuir algo do que tem com o pobre que encontrar na rua, não haverá mais fome nas nossas sociedades.
O problema está, então, em cada um de nós, os que construímos sociedades egoístas e incapazes, por isso, de olhar para os seus pobres.
Fernando Martins