sábado, 26 de fevereiro de 2022

Palavras para mim. 1

Crónica de Anselmo Borges 

Anselmo Borges
Ao longo da minha vida muitas palavras me foram dirigidas. Mas há aquelas que me marcaram. Positivamente. Ficam aí algumas.
Do meu pai. "Só é livre quem não deve nada a ninguém. Quem não tem de andar sempre com o chapéu na mão".
Da minha mãe. "Quem é não precisa de parecer". "Olha aquela folha de trevo, aquela pereira; ah! aquela pêra. Que beleza!". "Queres saber? Andar e ler." "Neste mundo, não há alegria perfeita." Quando me escrevia, terminava assim: "Que o Divino Espírito Santo te ilumine!"
Do meu professor da escola primária. "Para a frente! Sempre para a frente, sem medo! Para trás m.ja a burra."
Da minha irmã. "Como é que a gente não enlouquece?!", disse-me, agarrada a mim, quando o caixão com o cadáver da nossa mãe desceu à terra.
De um grande amigo alemão, Anton Kaufmann. Muito jovem fora prisioneiro de guerra dos americanos e chegou a estar encostado à parede, como se fosse para ser fuzilado. Perguntei-lhe em que pensou naqueles instantes. "Pedi perdão a Deus e lembrei-me da minha mãe". Ele era uma força da natureza. Da última vez que o vi, estava num lar, alquebrado. "Adeus, Anselmo. A vida passa tão depressa...".

O meu pai faleceu há 47 anos

O meu saudoso pai, Armando Lourenço Martins, faleceu neste dia, 26 de Fevereiro de 1975. precisamente há 47 anos. Tinha 61 anos de vida, de trabalhos e canseiras. Não interessa falar da dor que se sente pela morte de um pai ou de uma mãe. O mesmo de irmãos e amigos próximos. Sobre a partida para Deus de meu pai, já escrevi e já falei muito. Penso que a tristeza e a dor do que sentimos em horas dolorosas jamais serão esquecidas, mas hoje não vou por aí.
Lembrando o meu pai, tenho vontade de me felicitar, recordando os momentos felizes que ele me proporcionou. Os meus familiares e amigos nem imaginam o sorriso aberto e as gargalhadas mais que sonoras com que ele saudava as brincadeiras que eu mantinha com o meu irmão, o Armando (que eu tratava por Menino), três anos mais novo do que eu.
Sentado numa cadeira no terraço de nossa casa, sempre de cigarro na boca ou bem seguro entre os dedos grossos e amarelados pelo fumo ou queimados pelo calor da "beata", que ele aproveitava até quase ao impossível. E logo a seguir outro cigarro e outro e outro. Marca Porto, diga-se de passagem, Talvez por ele torcer pelo Porto, nem sei porquê.
Ralhar não era com ele. Deixava isso para a minha mãe. Ria-se quando ela nos ameaçava e jamais permitiria que ela nos batesse. Quando nos queria repreender,  até parecia que nos pedia desculpa pelo que nos dizia. Talvez por andar meses e meses embarcado ou, aposto eu, pelo seu coração bondoso e temperamento pacífico. Quando ele morreu, até perguntei a Deus:  Por que razão chamaste para Ti, Senhor da vida, tão cedo,  o meu bom pai?

Fernando Martins

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Costa Nova de outros tempos


E quando a ria beijava os palheiros da Costa Nova? Haverá quem tenha saudades desses tempos? Já repararam que o homem da fotografia estava em dia domingueiro ou de festa? Se calhar, aprontou-se para a fotografia!

A sabedoria do coração, tesouro da nossa vida

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo VIII do Tempo Comum


"Podes chegar a ser aquilo que Deus, teu Criador, sabe que tu és, se reconheceres o muito a que estás chamado"

“Pegue na minha mão;, pede ao médico um doente prestes a morrer. Eu preciso da sua mão”, relata o Papa Francisco na comunicação aos profissionais de saúde que em Itália celebravam o seu Dia Nacional. E remata: “Todos precisamos de uma mão amiga ao longo da vida”. Mão amiga que nos faz sentir a presença do outro e a sua ternura, mão amiga que é companhia e segurança, mão amiga que desperta energias e levanta ânimos, mão amiga que guia e conduz. Mão amiga que revela a riqueza de um coração sábio e prudente, verdadeiro bom tesouro, como afirma o Evangelho de hoje. Lc 6, 39-45.
Lucas agrupa em três breves parábolas os ensinamentos de Jesus na parte final do sermão das bem-aventuranças: o cego a guiar outro cego; o argueiro e a trave na vista, a árvore que se reconhece pelo fruto. Todas elas conduzem ao que o salmo 89 chama “sabedoria do coração” que se revela nas palavras que são na boca o eco do vai no coração humano.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Prémio para Luísa Costa Gomes

O livro AFASTAR-SE de Luísa Costa Gomes venceu o Prémio Casino da Póvoa no valor de 20 mil euros. Trata-se de um livro de contos cujos temas se desenvolvem à volta da água. Mas a autora explica melhor:

“Fui coleccionando ao longo de mais de cinco anos contos que de uma maneira ou de outra metem água. Ela está sempre presente, doce, clorada, salgada, mais larga ou mais discreta, no oceano aberto onde se experimenta o abandono e a sobrevivência, no duche redentor que muda em narrativa irónica uma experiência de quase morte, na saliva que prepara a cinza, na piscina adorada que é meio de transmutação alquímica. Será esta coleção, talvez, em arco abrangente, uma reconciliação pela água: um livro termal, se quiserdes. Em muitos destes contos se reivindica o primado da experiência vivida, seja ela de jibóias!, na elaboração formal que lhe faz a vénia. Na vida da água que nos faz sonhar [só de olhar] reconhecemos a nossa própria sobrevida. Mas o lapidar é o lapidar e o que se escreve na água...”

Luísa Costa Gomes

Da contracapa

Os órgãos de comunicação social referiram-se hoje ao prémio, sublinhando o mérito da autora e tecendo algumas considerações sobre os treze contos. Ainda não os li todos, mas entendo ser útil recomendar a leitura deste livro, editado pela Dom Quixote, de uma escritora consagrada.

Evocando Jaime de Magalhães Lima


Neste dia, em 1957, foi solenemente inaugurado, no Jardim Infante D. Pedro, em Aveiro, o monumento à memória do insigne escritor aveirense Dr. Jaime de Magalhães Lima. 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

A minha mãe nasceu neste dia

A minha saudosa mãe nasceu neste dia e mês do ano 1910 e faleceu em 15 de maio de 1994. Tinha, pois, 84 anos e sempre viveu com lucidez, embora tivesse enfrentado trabalhos e doenças que soube vencer com coragem e determinação. Filha de Manuel José Francisco da Rocha e de Custódia de Jesus, era por temperamento uma Facica. A propósito deste apelido, diz a Lita que herdei dela o hábito de “ter sempre razão”. Se calhar, é verdade.
Por ser de baixa estatura, ficou na vida conhecida por Rosita Facica.
Ora a minha mãe, como decerto todas as mães, deixou nos filhos, eu e o meu irmão Armando, o Menino, em casa, e o Grilo, na sociedade gafanhoa, essa maneira de estar na vida. Mas tenho para mim que aquele hábito herdado de minha mãe e dos seus antepassados se foi atenuando pela educação recebida, e hoje, francamente, penso que não sou assim.
Recordo a minha querida mãe neste dia que ela e nós celebrávamos, não com pompa e circunstância, mas com a naturalidade de uma família remediada. Nunca faltava o bolo tipo pão de ló que ela sabia fazer com maestria, aletria e pouco mais. Não havia, na minha infância e juventude, o hábito de dar prendas. Isso veio mais tarde com a sociedade de consumo que entretanto nasceu e foi crescendo.
Que Deus a tenha aconchegada no seu seu regaço maternal.

Fernando 

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue