sábado, 16 de junho de 2018

Aveiro: Rossio com ares de festa






Passei hoje pelo Rossio, de que se tem falado bastante, ultimamente. Há planos, tanto quanto é público, para reconverter aquele espaço, decerto para o transformar numa sala de visitas da cidade. Penso que o objetivo fundamental passa, necessariamente, por isso. Ora, ao ver a animação que há por ali, mesmo nas costas de João Afonso de Aveiro — Um dos homens de D. João II que desvendaram os segredos da terra e do mar no caminho das Índias —, julgo que os projetos de reformulação do Rossio precisam  de ser muito bem equacionados para o escolhido permitir convívios destes. 
O Rossio estava cheio de gente, com caravanas de comes e bebes, com prevalência para os petiscos regionais, muitos com sabor a maresia. Mas os ovos moles também eram saboreados com explicações de uma aveirense. Os destinatários (casal espanhol) das suas palavras ficaram a saber que os ovos moles naquela hora da prova eram feitos num “forno a lenha”. Nunca ouvi tal, mas estamos continuamente a aprender! 
Lá estavam os palcos para os festejos musicais e outros, ecrãs para se ver, com certeza, o futebol do mundial, áreas reservadas com mesas e cadeiras convidativas às conversas amenas ou mais acaloradas, ao jeito do que se vê nas TV, porque há sempre quem concorde com a grande penalidade e, naturalmente, quem discorde. O ar livre convida aos gritos de vitória, mesmo que seja um empate, como foi o caso de ontem, no jogo com a Espanha. Eu sei que todas as conversas, faladas e escritas, envolveram o melhor do mundo. 
Ao lado, os moliceiros, alguns mascarados por haver sinais de cultura chinesa, com imensa gente a dar as ininterruptas voltinhas pelos canais. “Segurem a menina” — recomendava um marinheiro a propósito da miúda que saltitava de contente por entrar no moliceiro. 
E junto aos Arcos, na praça Joaquim Melo Freitas, lá estava uma artista chinesa, sorridente enquanto cantava e depois quando agradecia as palmas. A música era, obviamente, gravada. 
Eu prometi à Lita que um dia destes também teríamos de ir à festa do Rossio. Apareçam para uma curta cavaqueira, enquanto se saboreiam uns petisquinhos. Não devem colidir com as dietas das pessoas mais maduras, admito eu. 

Fernando Martins

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Novos cardeais para um novo papa

Anselmo Borges

«Impõe-se uma educação em todos os domínios para a autonomia e a responsabilidade, pois frequentemente o que se deu foi a infantilização das pessoas»


Francisco sabe que não é eterno e precisa de preparar a sucessão de tal modo que não haja volta atrás nas reformas que iniciou, pelo contrário, que continuem e se aprofundem, para que o Evangelho seja o que é e deve ser, por palavras e obras: notícia boa e felicitante para todos.
Tudo indica que este é o intuito da criação de novos cardeais no próximo dia 29. Então, os cardeais eleitores passarão a ser 125, dos quais 59 criados por Francisco, 46 por Bento XVI e 18 por João Paulo II. Como observa Jesús Bastante, os cardeais "franciscanos" serão quase metade dos participantes num futuro conclave, mas, dentro de um ano, uma vez que mais dez deixarão de ser eleitores, por causa da idade, a maioria será absoluta. Por outro lado, o Colégio Cardinalício é cada vez mais universal.
Entre os novos cardeais, está o amigo e antigo colega de Universidade, António Marto, bispo de Leiria-Fátima, claramente "franciscano" e favorável à reforma da Igreja: "A reforma é necessária e é para levar para a frente", diz. Uma profunda e gigantesca reforma, digo eu. Em duas vertentes, que se interpenetram: a da conversão pessoal e a institucional.

Sementes, Aves e Ninhos

Georgino Rocha

«O Reino de Deus vai germinando em nós no silêncio do coração e no santuário da consciência sempre que estamos atentos ao que acontece, sabemos em quem confiamos e dormimos em paz, como o semeador»


Jesus vive a preocupação de tornar acessível a mensagem que anuncia. Marcos, o evangelista narrador, referindo-se aos ouvintes, aduz o recurso a muitas parábolas “conforme eram capazes de entender”. E acrescenta que aos discípulos tudo era explicado, em particular. É neste contexto que surgem as sementes do campo, as aves e os ninhos em grandes ramos. Sementes que germinam, crescem e se convertem em arbustos de jardim e em árvores de bosques frondosos.

Jesus “utiliza uma linguagem narrativa decalcada do real. Jesus fala de Deus contando histórias de reis e de pescadores, de semeadores e camponeses. Uma linguagem profundamente humana, simples, compreensível, que efectua uma comunicação aberta, englobante e não excludente. Será assim que nós falamos das «coisas do Pai»?” (Manicardi, Comentário á Liturgia…, p. 109).

Que preocupação admirável e apelativa! Dir-se-ia que é melhor ficar calado e em silêncio do que falar abundantemente e ninguém compreender nada. É melhor colocar-se ao nível cultural de quem escuta do que exibir erudição doutrinal sonante. A solidariedade e a clareza prevalecem sobre qualquer outra atitude de comunicação. É a lei do Evangelho que brilha no comportamento de Jesus. É apelo que fica para sempre a todos os educadores e mestres, a todos nós.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

O rádio da minha doença



Na minha infância e juventude estive doente diversas vezes. Doenças que me obrigavam a tratamentos constantes, onde pontificavam as injeções. Durante alguns períodos, as injeções eram diárias. Mas o mais grave veio depois, em plena juventude, com os pulmões a obrigarem-me a ficar acamado, alternativa a seguir para o Caramulo. «Se fizer o que lhe mando, não será preciso ir para um sanatório, no Caramulo», disse o Dr. Ribau à minha mãe. E ela comprometeu-se. 
Mais de dois anos na cama, sem TV, que nem era sonhada, e sem rádio. Vingava-me na leitura, ajudado pelos meus amigos Ribaus, que me emprestavam os livros dos seus tios, já então falecidos, Dr. Josué Ribau e Padre Diamantino Ribau. Mas também do avô materno, Manuel Ribau Novo, lavrador e grande impulsionador e responsável pela construção da nossa igreja matriz. 
Quando o meu pai chegou da viagem,  passou pela porta do meu quarto. Não entrou e estranhei. A minha mãe apressou-se a informar-me que o meu pai estava a chorar por eu estar acamado. Dizia-se, assegurou-me ela mais tarde, que eu estaria condenado ao destino de tantos outros doentes pulmonares, que morreram na altura. 
Quando o meu pai chegou junto de mim já vinha a sorrir com os olhos vermelhos. E dias depois comprou este rádio para eu passar o tempo. Ficou instalado na mesa de cabeceira e só mais tarde é que ocupou o seu lugar definitivo na sala, ligado a uma antena amarrada no telhado de uns vizinhos amigos. Mas do rádio  falarei mais um pouco, um dia destes. 

Fernando Martins

Mundial de Futebol deve ser oportunidade de encontro e diálogo


«Começa hoje o Campeonato Mundial de Futebol, na Rússia. Até 15 de julho, 32 equipas disputam o título de campeão. O Papa Francisco espera que este grande evento desportivo seja oportunidade de “encontro” e “diálogo” entre nações, culturas e religiões.
"Que esta importante manifestação desportiva se possa tornar uma ocasião de encontro, de diálogo e de fraternidade entre culturas e religiões diferentes, favorecendo a solidariedade e a paz entre as nações", afirmou o Santo Padre, no final da audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro, em Roma.
“Desejo enviar a minha cordial saudação aos jogadores e aos organizadores, bem como aos que vão seguir através dos meios de comunicação social este evento, que supera todas as fronteiras”, declarou Francisco.»

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quarta-feira, 13 de junho de 2018

Festival de Folclore na Gafanha da Nazaré


XXXV Festival Nacional de Folclore
Gafanha da Nazaré
Jardim 31 de Agosto
7 de julho
21 horas

(Foto do meu arquivo)

No próximo dia 7 de julho, pelas 21 horas, vai realizar-se, no Jardim 31 de Agosto,  o XXXV Festival Nacional de Folclore da Gafanha da Nazaré, com organização do Grupo Etnográfico da nossa terra. Como reza a tradição, os amantes do folclore e da etnografia marcarão presença para saborearem as danças e cantares, mas também os trajes regionais, dos grupos convidados para esta festa anual. 
Participam, para além do grupo anfitrião, o Grupo Folclórico de Coimbra, o Rancho Folclórico da Associação Desportiva do Mindelo — Vila do Conte, o Rancho Folclórico de Silvares — Guimarães e o Grupo Etnográfico da Casa do Povo de Lanheses — Viana do Castelo. 

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Solidão em plena Ria de Aveiro



À volta desta imagem, captada pela minha sensibilidade, podemos tecer as mais variadas considerações, porventura até contraditórias. Para mim, esta é a solidão em plena Ria de Aveiro, a laguna que nos envolve e encanta. 
O barquinho de cirandar pelas águas mansas para olhar a paisagem circundante, com casario a garantir a presença de populações laboriosas, não servirá para grandes aventuras, mas pode levar-nos a sonhar com umas voltinhas tranquilas ao ritmo das marés e dos nossos desejos. 
Boa semana para todos, agora que se anunciam, finalmente, temperaturas mais amenas e mais animadoras. 

Fernando Martins