segunda-feira, 25 de abril de 2022

Seremos dignos de Abril?

Escrevi este texto há 15 anos.
Terá razão a interrogação no título?

Salgueiro Maia no 25 de Abril de 1974
O 25 de Abril, que hoje é celebrado por muitos, enquanto outros tantos, ou mais, dele se alhearão, deve ser um momento de reflexão para todos,
para que saibamos descobrir razões e caminhos que coloquem os portugueses, todos os portugueses, na senda do progresso, sempre no respeito pela democracia, pela liberdade e pela dignidade humana.

Somos uns eternos insatisfeitos. Está-nos na massa do sangue. E até será bom, se isso for um ponto de partida para ir mais longe, no campo da valorização pessoal e colectiva, seguindo caminhos de respeito pelos outros, pela democracia, pela liberdade, pelo progresso sustentável e pelos valores que enformam a nossa cultura.
Nesse pressuposto, o 25 de Abril, que veio abrir caminhos à democracia, à descolonização e ao desenvolvimento, foi uma ocasião única para acertarmos o passo com a Europa e com o mundo, connosco próprios e com as diversas culturas, a quem tínhamos fechado as portas, ao abrigo da máxima de Salazar que defendia o “orgulhosamente sós”.

domingo, 24 de abril de 2022

Deus faz o nosso vizinho


"Nós fazemos os nossos amigos, fazemos os nossos inimigos, 
mas Deus faz o nosso vizinho"

Gilbert Keith Cherterton 
(1874-1936), 
escritos


sábado, 23 de abril de 2022

Dia Mundial do Livro - Os livros são paixão de longa data

Celebra-se hoje, 23 de Abril, o Dia Mundial do Livro, razão mais do que merecida e justa para assinalar o facto. Lembrei-me ontem e adiei para hoje a obrigação de referir a efeméride. Quase deixava cair no saco das coisas esquecidas um tema que me é tão caro. A minha memória, gasta pelo tempo, quase me traía. Mas ainda vim a tempo.
Os livros são paixão de longa data. Houve professores e professoras que me ensinaram a gostar de ler e a apreciar os autores, homens e mulheres que ao longo dos séculos escreveram prosa e poesia, relatos históricos e estórias de vidas de sonho e de dramas, de factos reais e imaginados, de pessoas e de animais. E dos livros que li, e li muitos, guardo momentos inesquecíveis que me ensinaram a ver o mundo e me alimentaram sonhos e projetos de vida.

Primavera — Tempo de contrastes

 

A Primavera está a ser uma estação de contrastes: ora temos frio e vento com chuva à mistura, ora nos calha na rifa da sorte um dia como o de hoje, esplendoroso e  capaz de nos fazer sonhar com a beleza da vida ao ar livre. Aqui fica uma flor para nos acompanhar nesse sonho.

Esperar o inesperado

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Edgar Morin, o pensador da complexidade, que fez 100 anos em Julho de 2021, continua a ser um dos filósofos e sociólogos mais atentos e merecedores de atenção. Acabou de publicar um novo livro, reflectindo sobre o mundo actual - Réveillons-nous (Despertemos). Sobre ele deu uma entrevista a Jules de Kiss, publicada em Março deste ano em "Franceinfo". As reflexões que se seguem acompanham a entrevista.
A primeira é um apelo à urgência de pensar séria e profundamente sobre o que está a acontecer. Com Réveillons-nous, Edgar Morin não quer simplesmente fazer eco, doze anos depois, ao livro de Stéphane Hessel, Indignez-vous (Indignai-vos): "Hessel dizia: Indignai-vos. Ele dirigia-se a pessoas já despertas. Eu, eu tenho a impressão de que vivenciamos os acontecimentos um pouco como sonâmbulos. Aliás, o que eu vivi, na minha juventude, nos dez anos que precederam a Guerra. Eu peço que se tente ver e compreender o que se passa. Caso contrário, sofreremos os acontecimentos como, infelizmente, sofremos a última Guerra mundial." (Pessoalmente, chamo permanentemente a atenção para a necessidade de pensar. Pensar vem do latim, pensare, que significa pesar razões; daí vem também o penso sanitário, pois pensar cura.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Dia Mundial da Terra - Um poema de Miguel Torga


Também eu quero abrir-te e semear
Um grão de poesia no teu seio!
Anda tudo a lavrar,
A abrir leques de sonho e de centeio
E são horas de eu pôr a germinar
A semente dos versos que granjeio.

Na seara madura de amanhã
Sem fronteiras nem dono,
Há de existir a praga da milhã,
A volúpia do sono
Da papoula vermelha e temporã,
E o alegre abandono
De uma cigarra vã.

Mas das asas que agite,
O poema que cante
Será graça e limite
Do pendão que levante
A fé que a tua força ressuscite!

Casou-nos Deus, o mito!
E cada imagem que me vem
É um gomo teu, ou um grito
Que eu apenas repito
Na melodia que o poema tem.

Terra, minha aliada
Na criação!
Seja fecunda a vessada,
Seja à tona do chão,
Nada fecundas, nada,
Que eu não fermente também de inspiração!

E por isso te rasgo de magia
E te lanço nos braços a colheita
Que hás de parir depois…
Poesia desfeita,
Fruto maduro de nós dois.

Terra, minha mulher!
Um amor é o aceno,
Outro a quentura que se quer
Dentro dum corpo nu, moreno!

A charrua das leivas não concebe
Uma bolota que não dê carvalhos;
A minha, planta orvalhos…
Água que a manhã bebe
No pudor dos atalhos.

Terra, minha canção!
Ode de pólo a pólo erguida
Pela beleza que não sabe a pão
Mas ao gosto da vida!

Miguel Torga

In POESIA COMPLETA

Alegrai-vos. O Senhor ressuscitou e vive connosco

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo II da Páscoa

Aspirar a ver o Senhor, como Tomé, faz parte do melhor do ser humano. A contemplação mística aponta-nos esse caminho

O Vivente Ressuscitado transmite agora a sua novidade em aparições e mensagens que a Igreja acolhe e celebra com solicitude e sentido de missão. Ele é. Aquele que esteve morto e sepultado no túmulo de José de Arimateia. Ele é o Vivente anunciado pelo Anjo às mulheres que, levadas pela saudade e gratidão, pretendem prestar-lhe as honras fúnebres, típicas dos judeus. Ele o Peregrino diligente que caminha connosco e alenta os nossos passos e nos transmite a sua alegria jubilosa, sobretudo nas reuniões feitas em seu Nome, Jo 20, 19-31.
A Palavra de Deus, no II domingo da Páscoa, ilumina com grande intensidade o nosso peregrinar, suas sombras e percalços, esforços de entreajuda e atitudes de egoísmo. E realça a Misericórdia como o rosto de Jesus ressuscitado.