Celebra-se hoje, 23 de Abril, o Dia Mundial do Livro, razão mais do que merecida e justa para assinalar o facto. Lembrei-me ontem e adiei para hoje a obrigação de referir a efeméride. Quase deixava cair no saco das coisas esquecidas um tema que me é tão caro. A minha memória, gasta pelo tempo, quase me traía. Mas ainda vim a tempo.
Os livros são paixão de longa data. Houve professores e professoras que me ensinaram a gostar de ler e a apreciar os autores, homens e mulheres que ao longo dos séculos escreveram prosa e poesia, relatos históricos e estórias de vidas de sonho e de dramas, de factos reais e imaginados, de pessoas e de animais. E dos livros que li, e li muitos, guardo momentos inesquecíveis que me ensinaram a ver o mundo e me alimentaram sonhos e projetos de vida.
Já leio menos, que os meus olhos já não são o que eram. Gastos pelo tempo e pelo uso, obrigo-os, frequentemente, a conduzirem-me por viagem para descobrir, refletir e imaginar. Ainda me perco nas livrarias, onde convivo com novas edições que nos ajudam a ler com menos cansaço, graças a descobertas interessantes: novos tipos e dimensões de caracteres, espaçamentos sabiamente estudados e cores mais nítidas.
De vez em quando, visito os meus livros arrumados nas prateleiras das estantes, sem grandes critérios, para além de dimensões e alguns autores. Depois, prometo a mim mesmo que hei de um dia facilitar a vida a quem deseja encontrar uma obra com facilidade. Será que esse dia algum dia chegará?
Tenho para mim que não haverá tantos leitores como seria desejável, talvez por haver nos tempos que correm outras fontes do conhecimento. O Google diz quase tudo aos estudantes, estudiosos, investigadores numa fase primária, revistas e jornais, vídeos e filmes, programas televisivos com arquivos enormes. E os livros ficam muitas vezes esquecidos. Tenho pena.
Fernando Martins