quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Prémio para Luísa Costa Gomes

O livro AFASTAR-SE de Luísa Costa Gomes venceu o Prémio Casino da Póvoa no valor de 20 mil euros. Trata-se de um livro de contos cujos temas se desenvolvem à volta da água. Mas a autora explica melhor:

“Fui coleccionando ao longo de mais de cinco anos contos que de uma maneira ou de outra metem água. Ela está sempre presente, doce, clorada, salgada, mais larga ou mais discreta, no oceano aberto onde se experimenta o abandono e a sobrevivência, no duche redentor que muda em narrativa irónica uma experiência de quase morte, na saliva que prepara a cinza, na piscina adorada que é meio de transmutação alquímica. Será esta coleção, talvez, em arco abrangente, uma reconciliação pela água: um livro termal, se quiserdes. Em muitos destes contos se reivindica o primado da experiência vivida, seja ela de jibóias!, na elaboração formal que lhe faz a vénia. Na vida da água que nos faz sonhar [só de olhar] reconhecemos a nossa própria sobrevida. Mas o lapidar é o lapidar e o que se escreve na água...”

Luísa Costa Gomes

Da contracapa

Os órgãos de comunicação social referiram-se hoje ao prémio, sublinhando o mérito da autora e tecendo algumas considerações sobre os treze contos. Ainda não os li todos, mas entendo ser útil recomendar a leitura deste livro, editado pela Dom Quixote, de uma escritora consagrada.

Evocando Jaime de Magalhães Lima


Neste dia, em 1957, foi solenemente inaugurado, no Jardim Infante D. Pedro, em Aveiro, o monumento à memória do insigne escritor aveirense Dr. Jaime de Magalhães Lima. 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

A minha mãe nasceu neste dia

A minha saudosa mãe nasceu neste dia e mês do ano 1910 e faleceu em 15 de maio de 1994. Tinha, pois, 84 anos e sempre viveu com lucidez, embora tivesse enfrentado trabalhos e doenças que soube vencer com coragem e determinação. Filha de Manuel José Francisco da Rocha e de Custódia de Jesus, era por temperamento uma Facica. A propósito deste apelido, diz a Lita que herdei dela o hábito de “ter sempre razão”. Se calhar, é verdade.
Por ser de baixa estatura, ficou na vida conhecida por Rosita Facica.
Ora a minha mãe, como decerto todas as mães, deixou nos filhos, eu e o meu irmão Armando, o Menino, em casa, e o Grilo, na sociedade gafanhoa, essa maneira de estar na vida. Mas tenho para mim que aquele hábito herdado de minha mãe e dos seus antepassados se foi atenuando pela educação recebida, e hoje, francamente, penso que não sou assim.
Recordo a minha querida mãe neste dia que ela e nós celebrávamos, não com pompa e circunstância, mas com a naturalidade de uma família remediada. Nunca faltava o bolo tipo pão de ló que ela sabia fazer com maestria, aletria e pouco mais. Não havia, na minha infância e juventude, o hábito de dar prendas. Isso veio mais tarde com a sociedade de consumo que entretanto nasceu e foi crescendo.
Que Deus a tenha aconchegada no seu seu regaço maternal.

Fernando 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

A propósito da falta de chuva


PRÓLOGO

Fui avestruz. Sou ruminante
Da seiva lírica. A pastagem,
Outrora verde e abundante,
Está queimada da estiagem.

Olhar o céu límpido e mouco
Não vale mais do que o que foi.
A água tarda. O pasto é pouco.
A fome rói.

Ah, se uma lágrima bastasse
Pra encher de viço esta secura!
Sinto-a a escorrer-me pela face
Futura.

António Manuel Couto Viana

GAFANHA DA NAZARÉ - Jardim 31 de Agosto

 


Numa passagem, ontem, pelo Jardim 31 de Agosto, registei duas fotos para lembrar que esta data diz respeito à criação da Paróquia Nossa Senhora da Nazaré pelo então Bispo de Coimbra,  D. Manuel Correia de Bastos Pina, a cuja diocese pertencíamos. Apreciei o relvado sintético, limpo e convidativo, mas sem ninguém a utilizá-lo. Também não estávamos em horas de tempos livres, diga-se em abono da verdade.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Peregrinos de esperança

Crónica de Bento Domingues
no PÚBLICO

Ainda andamos às voltas com o desafio da Igreja sinodal (2021-2023) – que muitas pessoas ainda nem deram conta do que significa e implica – e este Papa acaba de nos lançar para o Jubileu 2025.

1. Este Papa parece que tem horror ao vazio. Ainda andamos às voltas com o desafio da Igreja sinodal (2021-2023) – muitas pessoas ainda nem se deram conta do que isso significa e implica – e, no entanto, acaba de nos lançar para o Jubileu 2025. Talvez não seja inútil apresentar algumas etapas desse percurso.
O Papa Paulo VI instituiu o Sínodo dos Bispos para continuar o Vaticano II, que também tinha sido um Concílio de Bispos. Já teve várias realizações até à chegada do Papa Francisco. Este continuou o modelo que não satisfez o programa que traçara para o seu pontificado – A Alegria do Evangelho.
Resolveu convocar algo diferente – o Sínodo 2021-2023, para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão. O objectivo e o método são diferentes. Não se trata, apenas, de uma consulta seleccionada para o trabalho dos bispos. Agora, deseja que a configuração deste Sínodo resulte de toda a Igreja. Para isso, contamos com um Documento preparatório e o Vade-mécum que fornecem indicações e sugestões sobre o processo de escuta e discernimento, que as igrejas locais farão de forma criativa, se fizerem, pois são conhecidas muitas resistências.

Tenho de reagir!


Fomos um dia destes a Aveiro para descontrair. Cada um foi para seu lado. A Lita voltada para as modas e eu virado para os livros. Entrei numa livraria e senti que não era o mesmo. Percebi que andava apático, perdido por ali, sem gosto por nada.
Os hábitos de confinamento, agora não tanto por necessidade ou obrigação, mas por razões inexplicáveis, tiraram-me o gosto pelo interesse. Olhava para os livros e nada me atraía. Nem novidades literária, nem conhecidos escritores, poetas, romancistas e cronistas, historiadores, bem conhecidos, uns, e novos na arte de escrever, outros, mas saí como entrei. Algo vai mal pelo meu lado.
Regressei preocupado. Tenho de reagir.
Sinto que tenho de recuperar o ânimo, pondo de lado receios infundados. Afinal, tomei as doses recomendadas das vacinas, não frequento espaços críticos, uso máscara quando saio e mesmo em casa, quando alguém nos visita. Não há à partida razões para receios. E soube agora que a Rainha de Inglaterra, Isabel II, está com Covid-19.