sexta-feira, 30 de abril de 2021

Unidos a Jesus-Vide, damos bons frutos

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo V da Páscoa

“Como ninguém, as mães são capazes de se doar, de perdoar, de compreender, de aceitar e não julgar”

O discurso da videira que a Liturgia nos apresenta neste domingo é feito na ceia de despedida, por ocasião da festa da Páscoa dos Judeus. Em linguagem simples e poética, familiar aos discípulos, Jesus prossegue os ensinamentos sobre a realidade profunda da sua união a Deus Pai e da relação entre aqueles que acreditam na sua mensagem. Recorre a uma imagem/alegoria tirada da vida agrícola – a da vinha  –  em que se destaca uma videira por ser única e autêntica, a verdadeira. E extrai, de forma singular, as “lições” que ela insinua, desvendando o seu sentido profundo. Jo 15, 1-8. Vamos saborear algumas dessas lições, destacando duas realidades fundamentais: A mãe e o padre.
Anne Marie, autora do comentário a esta alegoria, faz passar pela nossa imaginação o que acontece normalmente na boa vinha: A cepa e os ramos são inseparáveis; a mesma seiva os irriga e torna fecundos; as flores surgem na primavera; depois vêm as uvas e os cachos que serão transformados em vinho que alegra o coração humano e que a liturgia consagra na Eucaristia, fazendo-o sangue do Senhor derramado pela salvação de todos/as. Saboreemos esta relação profunda que dá sentido às nossas vidas. Deixemo-nos irrigar por ela. Vers dimanche.

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Juntos podemos fazer muito

Helen Keller 

“Sozinhos faremos pouco; juntos podemos fazer muito”

Helen Keller
(1880-1968), educadora

A frase que transcrevi do PÚBLICO de hoje, pensada e dita por Helen Keller, uma mulher surda e cega desde tenra idade, deve fazer-nos pensar sobre as capacidades que possuímos e que tantas vezes desperdiçamos. Uma manina surda e cega, educada por Ana Sullivan, conseguiu "dialogar", estudar e ensinar, tornando-se escritora, conferencista e ativista social no seu país, os Estados Unidos da América.

Ler a sua biografia aqui 

Parcialidade face à pobreza


Acácio Catarino
É bastante parcial o nosso combate à pobreza; tal parcialidade verifica-se no tipo de conhecimento desta realidade ancestral e nas respostas para a sua atenuação ou eliminação. Tal conhecimento processa-se, frequentemente, através de informação estatística, por vezes bastante complexa, baseada em recenseamentos, inquéritos e outras fontes; ele ignora ou menospreza habitualmente os dados estatísticos do atendimento social de proximidade e os dinamismos locais de procura de soluções.
Por outro lado, as respostas mais reconhecidas, para a atenuação e eliminação da pobreza, acham-se concentradas no Estado, em instituições diversas e no funcionamento da economia; menosprezam os esforços das pessoas empobrecidas, a entreajuda de proximidade e os processos de desenvolvimento local.
Se fossem tidos em conta os dados estatísticos do atendimento social de proximidade, não se conheceriam todos os casos de pobreza nem todos os esforços das pessoas empobrecidas para a vencer, uma vez que nem todas recorrem a esse atendimento; mas, provavelmente, atingir-se-ia um número considerável das mais graves, que complementaria os dados obtidos por inquérito; e, quanto mais estas estatísticas fossem consideradas, mais pessoas pobres recorreriam aos serviços de atendimento social. Se, para além disso, existissem processos de desenvolvimento sociolocal em cada freguesia, aumentaria o conhecimento das situações de pobreza conjugada com os respetivos processos de atenuação e eliminação.
O Papa Francisco, na encíclica «Fratelli Tutti», abordou este assunto chamando a atenção para a complementaridade da ação básica ou popular, da institucional e da estatal; defende que todas são necessárias para que se atinjam dois objetivos estratégicos: não excluir nenhuma pessoa necessitada; e aproveitar todas as potencialidades de solução (cf., em especial, os n.ºs. 78,169 e 186).

Acácio F. Catarino
Sociólogo, Consultor Social

NOTA: Transcrito de o "Correio do Vouga"

terça-feira, 27 de abril de 2021

25 de Abril - Discurso do Presidente da República



Assisti, via televisão, ao discurso do Presidente da República na cerimónia comemorativa do 25 de Abril no Parlamento. Gostei de tudo quanto disse, assimilando os desafios que lançou a todos os portugueses, porque todos somos Portugal.  O discurso fez história ao ser aplaudido por todas as bancadas, mas também fez história pelos aplausos que recebeu de todos os quadrantes do nosso país. Na impossibilidade de dar aos meus leitores uma boa síntese do que ouvi e li, optei por publicar neste meu espaço  todo o discurso do Presidente Marcelo, que é uma grande lição para todos nós.

FM 

As camarinhas

Praia da Torreia - Há nove anos

A Lita em conversa com a vendedeira  de camarinhas

As camarinhas foram, há anos, um bom pretexto para um passeio aos domingos, no tempo em que as diversões não abundavam. Ou, melhor dizendo, abundavam, mas eram diferentes. Um passeio para apanhar camarinhas era uma festa.
Talvez por isso, a Lita ficou encantada quando, num passeio à Torreira,  há nove anos, deparou com uma vendedeira de camarinhas apanhadas nas matas que se estendiam até São Jacinto. Os gafanhões lá iam também em dias de folga, em especial aos domingos. Atravessava-se na lancha da carreira, a partir do Forte da Barra, com alguma euforia, e regressava-se com o mesmo espírito. Escusado será dizer que não faltavam os namoricos no ambiente saudável dos pinheiros refrescados pelas águas do oceano e da ria. Belos Tempos.

domingo, 25 de abril de 2021

25 de Abril


Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia


Para quem escreve Hans Küng?

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

Hans Küng (1928-2021) realizou-se como o teólogo mais católico, o mais universal, pela amplidão e profundidade da sua obra.

1. Para a colecção Nova Consciência do Círculos de Leitores, escolhi um livro muito belo do grande historiador católico, Jean Delumeau, com um título sem originalidade, Aquilo em que acredito [1]. É obra de um avô, muito sábio e atento que, perante as perguntas das suas netas de cinco e sete anos, se esforçou por lhes deixar uma herança: as razões da esperança cristã de que vivia e de que tinha vivido, mas em bases que já não podiam ser as do passado e muito menos as adequadas à orientação das novas gerações. Continuo a recomendá-lo com fervor.
O conhecimento da problemática eclesial dos anos oitenta e noventa do século passado, que esse livro expõe, é absolutamente essencial. Por não se ter querido ouvir as vozes que reclamavam mudanças urgentes, acumularam-se atrasos e perderam-se forças para responder aos novos desafios. Parece-me que alguns sectores da Igreja continuam cegos e guias de cegos, com uma exibida pretensão de guardas da autêntica ortodoxia católica. Como o próprio Jesus diz, no Evangelho segundo S. João, os cegos que teimam em dizer que vêem não têm cura [2].
Foi também no Círculo de Leitores (Temas e Debates) que surgiu uma obra de Hans Küng com um título muito parecido: Aquilo em que creio [3]​.

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