sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

A terra não nos pertence

Paisagem açoriana 

“A terra não nos pertence. Esta noção fundamental é-nos lembrada pelos ecologistas. Deixando de lado todos os fenómenos espúrios, considero que esta nova atenção consagrada ao ambiente é um acontecimento capital para a história da Humanidade.”

Abbé Pierre

In Testamento

Jesus e os doentes: A força da ternura e do cuidado

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo V do Tempo Comum

Jesus anda por terras de Cafarnaúm, segundo a narrativa de Marcos. Mc 1, 29-39. Vive uma jornada intensa de trabalho. Sai da sinagoga e vai a casa de Simão. Encontra, com febre, a sogra deste. Estende-lhe a mão e ela fica curada. Depois, ao cair da noite, depara-se com muitas pessoas atormentadas por diversos males. Cura umas e liberta outras. A sua fama vai aumentando. O estatuto social do carpinteiro de Nazaré começa a ter novo apreço. E ele tem de travar o “falatório” para não antecipar o ritmo normal da realização do seu projecto. Recolhe-se, por isso, em oração, para verificar a sintonia com o querer de Deus-Pai. Deixa aquelas terras e vai para as povoações vizinhas. É preciso anunciar que o reino de Deus está em realização. Há que ser coerente e não parar nos primeiros passos.
“O encontro de Jesus com os doentes, apresentado nesta página do Evangelho… que fala de atividade… de cuidados (tratamentos) e de cura dos que sofrem, comenta Manicardi, é instrutivo para o discurso espiritual cristão sobre a doença e o sofrimento. Jesus não prega resignação, não pede para oferecerem o sofrimento a Deus… Jesus luta contra o mal, procura fazê-lo recuar e devolver a saúde à pessoa. Ele apresenta-se como «médico» Mc 2, 17)”.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Largo do Cruzeiro em obras de requalificação



Começaram, no dia 2 de fevereiro, as prometidas obras de requalificação do Largo do Cruzeiro, no lugar da Chave, Gafanha da Nazaré, com um investimento global de 219.500 euros, dos quais 158.300 euros correspondem à reabilitação urbana e 61.200 euros à aquisição, no ano passado, de um terreno. Esta obra vai permitir a reformulação da circulação viária e a requalificação urbana com a criação de uma área de estacionamento e zona ajardinada.
Com o prazo de execução de 150 dias, esta remodelação do Largo do Cruzeiro vai permitir a valorização de um espaço físico com história na Gafanha da Nazaré, ou não fosse o lugar da Chave uma referência no povoamento da região das Gafanhas.
A autarquia ilhavense chama a atenção para as eventuais alterações à circulação viária, devidamente assinaladas.

Fonte: CMI

Gafanha da Nazaré - Manuel Maria Bolais Mónica

A nossa gente 
Monumento ao Mestre Mónica 

Manuel Maria Bolais Mónica nasceu a 11 de junho de 1889, em Ílhavo, na Rua de Alqueidão. Filho do construtor naval, José Maria Bolais Mónica e Joana Loreta. Ainda em 1889, o seu pai mudou o estaleiro da Malhada, em Ílhavo, para a Cale da Vila, na Gafanha da Nazaré.
Após a frequência da escola primária, Manuel Bolais Mónica embarcou, no ano de 1908, no lugre Atlântico, para a pesca do bacalhau.
Mas este homem, empreendedor e visionário, regressa aos estaleiros do pai ainda na primeira década do século XX, tendo seguido com ele para a Figueira da Foz, onde José Bolais Mónica encontrou melhores perspetivas de trabalho na construção naval.
Em 1913 regressou à Gafanha da Nazaré, onde contraiu matrimónio com Maria Ramos, com quem teve 4 filhos. Aqui reabre os antigos estaleiros do pai e, com apenas 27 anos de idade, dirige a construção do navio Adília, cujo bota-abaixo se irá realizar em 1916.
Sabendo tirar partido da revitalização da pesca do bacalhau lançada pelo Estado Novo, muitas foram as embarcações que até 1936 se fizeram à água na Gafanha, contando-se com mais de 25 lugres, entre outras.
Em 1936, o Ministro do Comércio, Teotónio Pereira, aproveita a ocasião do bota-abaixo do lugre Brites, para o condecorar com a Medalha de ouro e o grau de Oficial de Mérito Agrícola e Industrial.
A sua perícia como construtor naval foi novamente reconhecida quando foi convidado para reconstruir a Nau Portugal que deveria figurar na Exposição do Mundo Colonial Português. Porém, o projeto fracassou, pois, a embarcação virou ao chegar à água. Poderíamos pensar que a sua reputação como construtor naval teria ficado manchada, mas, a 18 de janeiro de 1941, o Presidente da República, Marechal Óscar Carmona, atribuiu-lhe a Comenda da Ordem de Cristo.
No período da II Guerra Mundial, os estaleiros do Mestre Mónica prosperavam, tendo mesmo conseguido, com o seu irmão António (a quem pertencia o outro estaleiro da Gafanha da Nazaré) um contrato para a construção de 6 draga-minas para a Marinha Inglesa.
Em 1956, as entidades governamentais convidam-no para construir a Nau Vicente, uma embarcação que se destinava a ser um catálogo do melhor da indústria e comércio nacionais, com particular incidência para os produtos vinícolas.
O Mestre Mónica também investiu noutros ramos, como no sector pesqueiro, armando navios e adquirindo até uma moagem, mas como o próprio chegou a reconhecer nunca alcançou o sucesso que obteve na construção naval. Envolveu-se nas questões do quotidiano gafanhense, pugnando para que a Gafanha progredisse, destacamos a criação da Cooperativa Elétrica da Gafanha, onde consta como fundador.
Faleceu a 16 de julho de 1959, com 70 anos de idade.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Prémio para António Guterres e Latifah Ibn Ziaten

Fraternidade Humana 2021

António Guterres

Latifah Ibn Ziaten

«O secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, e a fundadora da Associação Imad para os Jovens e a Paz, Latifah Ibn Ziaten, foram distinguidos com o prémio Zayed para a Fraternidade Humana 2021, na sequência de uma escolha realizada por um júri composto por membros provenientes de trinta países.
O galardão, evocativo do fundador dos Emirados Árabes Unidos, foi inspirado pelo “Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da paz mundial e da convivência comum”, assinado pelo papa e pelo Grão Imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, a 4 de fevereiro de 2019, em Abu Dhabi, a quando da visita de Francisco ao país.
«Entre as motivações que conduziram à atribuição do reconhecimento estão, em primeiro lugar, os repetidos apelos – durante este ano, em que o mundo inteiro foi arrastado pela pandemia do coronavírus – a um “cessar-fogo global, para [o mundo] se concentrar em conjunto na verdadeira batalha: derrotar o Covid-19», revela a edição de hoje do jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”.»

Ler mais aqui 

Homem exigente

“O homem comum é exigente com os outros; 
o homem superior é exigente consigo mesmo” 

Marco Aurélio (121-180), 
imperador romano

Em Escrito na Pedra do PÚBLICO de hoje

Nota: Tal se pode confirmar no dia a dia das nossas vidas. 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Arrais Gabriel Ançã

A nossa gente

Gabriel Ançã na Costa Nova

Gabriel Ançã nasceu em Ílhavo, a 8 de janeiro de 1845, filho de José Ançã, pescador, e Maria Francisca.
Frequentou a escola primária do Prof. Ratola, na Lagoa, onde foi colega do poeta Alexandre Conceição.
Filho de pescador, acompanhava o pai nas lides da pesca, desde os 7 anos, não só na Costa Nova, mas também na zona de Lisboa, entre novembro e maio, na pesca do sável.
Gabriel Ançã tinha uma grande desenvoltura no mar, por isso, não foi estranho para os demais quando integrou a tripulação do salva-vidas do famoso Patrão Joaquim Lopes. Ao serviço deste, destacou-se no salvamento de uma embarcação inglesa que tinha encalhado no Bugio, junto à foz do Tejo, onde, ao dar-se pela falta de uma criança no regresso do salvamento, o jovem Ançã partiu sozinho no seu encalço, nadando até a encontrar.
Aos 19 anos ascende ao lugar de arrais. Aos 21 anos, a 28 de setembro de 1867, estabeleceu-se em Ílhavo, onde contraiu matrimónio com Maria Rosa de Jesus, a Paroleira, e do qual resulta uma prole de sete filhos.
Um dos primeiros salvamentos a trazer grande notoriedade a Gabriel Ançã terá sido o seu contributo para o socorro dos náufragos do vapor francês Nathalie. Esta embarcação encalhou ao largo da praia da Torreira, no dia 23 de outubro de 1880. As fontes apresentam versões contraditórias sobre o papel do arrais neste salvamento, tendo-se até especulado se este ato se não se deveu unicamente às companhas de Manuel Firmino e à população murtoseira. O que se sabe é que Gabriel Ançã não constava da lista de indivíduos agraciados por este acontecimento pelo governo, embora o mesmo tivesse sido condecorado pelo governo francês. Resta, porém, a dúvida se foi por este ou outro salvamento.
Seis anos mais tarde, a 11 de outubro de 1898, o arrais conseguiu salvar toda a sua tripulação (34 ao todo) ao largo da Costa Nova. Durante uma tempestade, conduziu a embarcação até S. Jacinto à força de remos, não deixando que o ímpeto de nenhum pescador esmorecesse, tendo ele próprio assumido o lugar de um dos remadores, quando a força lhe falhou.
Estes feitos foram reconhecidos quando, em 1886, foi condecorado por D. Luís com a medalha de ouro por distinção, filantropia e generosidade, e, em 1898, recebeu a mesma distinção em prata. Ao todo, Gabriel Ançã registou mais de 90 salvamentos, mas muitas fontes atribuem-lhe 123.

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