Os amantes da Língua Portuguesa e os curiosos só têm a ganhar se consultarem o blogue de Helder Guégués que selecionei para Blogue da Semana. Chama-se Linguagista e mora na coluna da direita. Diariamente, cata da imprensa vocábulos novos que não constam dos dicionários. Vejam. Estamos sempre a aprender.
sexta-feira, 2 de outubro de 2020
Cuidar da Vinha do Senhor. É a nossa vez!
Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo XXVII
Finalmente, nossa! – declaram, alegres e triunfantes, os vinhateiros homicidas na parábola narrada por Jesus. Mt 21, 33-43. A herança, que tanto ansiámos e tanto trabalho nos deu, é nossa. Valeu a pena. Tudo ultrapassámos. Estão neutralizados ou liquidados os enviados do dono para receberem a colheita. Acabámos de dar a morte ao próprio filho. Conseguimos a vinha, apesar de ficarmos com as mãos cheias de sangue. Afirmámos a nossa determinação e rasgámos o contrato. Ouvimos palavras duras, mas escutámos a razão emotiva que clamava pela posse da terra e dos seus produtos. Finalmente livres de quem se aproveita do nosso trabalho!
“Esta parábola, afirma Castillo, teólogo espanhol, é seguramente a mais dura e directa que ficou recolhida nos evangelhos, como denúncia contra os dirigentes religiosos do judaísmo”.
O dono da vinha, cheio de paciência, dá-lhes tempo para serem razoáveis. Aumenta, não apenas o número de enviados, mas a sua representatividade. O filho, herdeiro por natureza e por lei, entra em acção. Tudo em vão. Resolve, então, enfrentar os arrendatários usurpadores. E aplica-lhes uma sentença “sem piedade”, cruel.
quinta-feira, 1 de outubro de 2020
A água potável começa a rarear

Dia Nacional da Água
Celebra-se hoje, 1 de Outubro, o Dia Nacional da Água, bem precioso que urge preservar e poupar. Como assim? — perguntarão, entre nós, os menos dados à reflexão, que nunca sentiram o que é não ter água para o consumo diário. Saberão, porventura, por reportagens que chegam de muitos cantos do globo, que grupos de pessoas se deslocam com cântaros à cabeça para os encherem de água em princípio potável, longe das suas habitações, imensas vezes paupérrimas. Por cá, chega-nos canalizada a casa. Basta abrir a torneira e temos para beber, cozinhar, lavar e deixar correr para os canais de esgotos com a maior displicência, sem qualquer preocupação de evitar o excesso de consumo.
A verdade, dita por estudiosos e poupados, é que muita se perde, mas toda tem de ser paga no fim de cada mês. Eu sou do tempo em que se tirava água de um poço aberto no quintal. Depois vieram as bombas, mais tarde os motores e nunca nos faltou o precioso líquido. Para os mais exigentes, os gafanhões, homens e mulheres, iam à fonte nas dunas da mata da Gafanha. Abria-se uma cova e a água surgia a uns palmos, límpida, cristalina, porque, por perto, não havia culturas, nem currais de animais, nem nitreiras, nem lixos. Também por lá se lavava a roupa que se punha a corar ao sol sobre a areia branca.
Com a evolução dos tempos — concentração de pessoas, crescimento do comércio e indústrias, desperdícios, consumos desregrados, motores a poluírem o ambiente e descuidos de todo o tipo — o ar fica irrespirável e a água potável começa a rarear por todo o mundo. Temos mesmo de estar mais atentos ao que fazemos ou não fazemos em prol do futuro da humanidade.
F. M.
OS IDOSOS SÃO LIVROS ABERTOS
Dia Internacional do Idoso

É por demais sabido que os idosos são cada vez mais. Os avanços da medicina e da cirurgia, mais a qualidade de vida em crescendo, contribuem grandemente para que a esperança de vida cresça década após década. Contudo, é imperioso olhar para os homens e mulheres de idade avançada com redobrada atenção para que não caiam no desânimo nem se sintam abandonados pela sociedade.
Os velhos não precisam de compaixão, mas de respeito, ou não fossem eles livros abertos e depositários de saberes acumulados, de experiências feitos, que serão riqueza para os mais novos se forem devidamente aproveitados.
Eu sou um idoso e vivo feliz por isso. Todavia, sei que muitos da minha idade vivem tristes, esquecidos nos seus cantos, sem amor e sem familiares ou amigos com quem conversar, sem ocupações compatíveis com as suas capacidades e necessidades, sem paz e sem amor, desanimados e sem cuidados compatíveis com as suas carência.
O Dia Internacional do Idoso pretende que, a nível global, se olhe com atenção para os mais velhos. E se ao menos neste dia pudermos dirigir um pensamento positivo, um olhar de ternura, uma palavra de carinho, um gesto de simpatia, um sorriso franco e uma saudação amiga aos idosos com quem nos cruzamos já estamos a dar um passo significativo no âmbito desta celebração. Excelente dia para todos, são os meus votos.
Fernando Martins
quarta-feira, 30 de setembro de 2020
SERRAZES
Parque de campismo de Serrazes depois dos fogos florestais. Após a morte, a ressurreição há de surgir. Assim espero.
Evocando Cecília Sacramento
Pela Positiva - Há 15 anos
professora e escritora de muito mérito,
continuará com os seus admiradores e amigos

Na segunda-feira, pouco antes das quatro da tarde, amigos e familiares deram-me a triste notícia, via telemóvel, do falecimento e funeral da Dra. Cecília Sacramento, professora e escritora a quem tantos devem muito.
Conhecida e respeitada por todos os que com ela privaram de perto, alunos, professores, intelectuais, políticos e gente anónima, Cecília Sacramento cativava pelo seu porte sóbrio, mas elegante, pelo trato afável que aproximava as pessoas, pelo sorriso sereno, pela cultura que possuía e pela capacidade de diálogo, aberta a todos, independentemente das posições políticas, sociais e religiosas de cada um.
Pessoalmente, jamais esquecerei esta minha professora de Português que incutiu no meu espírito, com que arte e paciência!, na meninice e na juventude, o gosto pelos livros, pela leitura e pela escrita. Ficará para sempre comigo a sua palavra doce, o seu sorriso que reflectia tranquilidade, a atenção que dispensava a todos e a forma como sabia ouvir, mas ainda a sua cultura superior e em especial a sua bondade.
A Dra. Cecília Sacramento, que personificava a delicadeza em todas as circunstâncias, também foi uma mulher sofredora, mas nunca nas aulas mostrou abertamente o que lhe ia na alma, quando seu marido (o médico, escritor e político Mário Sacramento) era perseguido e preso pela PIDE. Apenas um semblante mais tenso, que denotava a tristeza que de todo não conseguia esconder dos alunos, revelava o drama tantas vezes sentido e calado.
segunda-feira, 28 de setembro de 2020
RECORTES: António Alçada Baptista
«CAPÍTULO PRIMEIRO — De como o Autor diz por que escreve e de que não vem dizer nada de novo a demais do que lhe disse a sua própria vida e de como, por isso, se fala em angústias não resolvidas pela farmacopeia e em depressões resolvidas pela farmacopeia, em casos que a ele, Autor, aconteceram e a outros de que teve notícia, donde, a propósito, parte para a imigração religiosa e começa assim a história duma relação que teve e está tendo com aquilo a que chamou Deus por não encontrar nome melhor.»
Do livro “Peregrinação Interior – VOL. I – Reflexões sobre Deus”
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