quarta-feira, 10 de junho de 2020

Poesia no jardim

Figueira da Foz





A arte na rua chega, inevitavelmente, a toda a gente. E quem a lê ficará mais sensível ao que o rodeia. Se pensarmos bem, reconheceremos que há artes e história em cada esquina. Em cada largo, praça e  ruas, com os nomes com que foram batizados, poderemos ver motivos para descobrirmos marcas indeléveis de quem foi importante na região e até no país.
Quem passeia deve ter nos seus horizontes a valorização pessoal. Eu sei que nem sempre há tempo para isso, mas urge aproveitar as caminhadas para aprendermos algo que contribua para a nossa formação. 

NOTA: Clique nas fotos para ampliar.

Acolhe Jesus, o Pão da Vida

Reflexão de Georgino Rocha 
para a Festa do Corpo de Deus



Jesus, após a multiplicação dos pães, faz um ensinamento cheio de novidade na sinagoga de Cafarnaúm que provoca as mais diversas reacções. É um ensinamento em que desvenda toda a riqueza do seu amor por nós, a vontade de entregar o seu corpo e derramar o seu sangue em benefício de toda a humanidade, a decisão de ficar com aqueles que acreditem na sua palavra, comunguem o seu desejo e acolham a sua oferta. Que generosidade maravilhosa! Jo 6, 51-58.
A Igreja celebra esta maravilha na Eucaristia, sobretudo dominical, e uma vez ao ano na Festa do Corpo de Deus. Pretende realizar o que Jesus deixou como mandato aos seus discípulos: “Fazei isto em memória de Mim”. Nasce assim a celebração que dá por vários nomes, sendo o mais popular a missa, conhece vários modos de organização, incorpora vários ritos que, muitas vezes, a pretexto de a solenizar e embelezar, a transformam numa cerimónia de pompa e de personalidades. Por isso, surgiu o movimento da reforma litúrgica que o Concílio Vaticano II assumiu e ordenou e o magistério da Igreja vai implementando.
As reacções dos ouvintes são diversas: a multidão saciada quer confirmar a fonte do seu sustento, muitos discípulos acham duras as declarações de Jesus e deixam de andar com ele, as autoridades censuram-no abertamente, lembrando a sua humilde pertença familiar. “Deixai de criticar” – admoesta-os ele, fazendo apelo a Deus Pai que o enviou. Um pequeno grupo, de que se destaca Simão Pedro, garante-lhe fidelidade e afirma que só ele tem palavras de vida eterna.

terça-feira, 9 de junho de 2020

Schoenstatt evoca Paulo Teixeira



Na impossibilidade de estar presente, fisicamente, estarei em espírito na celebração, em homenagem ao amigo que Deus chamou e acolheu no seu coração maternal. Ficará em nós o seu exemplo de dedicação à Igreja e ao Movimento de Schoenstatt, mas ainda a outras instituições da nossa terra. 

Fernando Martins


Buarcos... de passagem


Casamento entre o antigo e o moderno
O educativo 

O espiritual 

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Figueira da Foz para variar


Para variar, que a experiência aconselha, dei um saltinho até à Figueira da Foz. Dirão os meus amigos que os ares são os mesmos, tocados pelo mesmo mar e pelas mesmas ventanias, mas há sempre algumas diferenças, que eu bem as noto quando chego. Foi o caso. 
Por aqui tenho andado sem enfado. O silêncio esperado, o aconchego desejado, a serenidade no corpo e na alma, o ânimo à procura de motivos para se não perder em banalidades. Faço o exame de consciência e penso com tempo sobre o que fazer e como fazer e desejo ensaiar novas formas de ver e de partilhar e sinto que me faltam forças para inovar. 
Olho o oceano cujo Dia Mundial hoje se comemora e aprecio a mansidão das águas que nunca atravessei para além das praias de areais convidativos. E por aqui me fico na contemplação dos anos que vivi com alguns sonhos tão longínquos.

F. M. 

domingo, 7 de junho de 2020

Viver é muito perigoso

Crónica de Bento Domingues
no PÚBLICO


1. O título desta crónica anda comigo desde 1962. Quando o dominicano brasileiro, Frei Mateus Rocha, foi a Toulouse convidar-me para ir trabalhar no Instituto de Teologia da Universidade de Brasília, falou-me apaixonadamente do Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa [1]. Deixou-me o exemplar que trazia consigo, com o aviso: vais conhecer a obra-prima da literatura brasileira e uma das mais belas expressões da teologia literária. Tinha razão.
O projecto de Brasília era do grande antropólogo, Darcy Ribeiro, ministro da Educação no governo de João Goulart, derrubado por um golpe militar em 1964. A ditadura durou 21 anos. Não fui para Brasília, mas o Grande Sertão nunca mais me largou.
Viver é muito perigoso é um dos refrões que ritma a poderosíssima escrita do Grande Sertão. Que viver é mesmo perigoso já Siddhartha Gautama, chamado Buda, o iluminado (nascido em 560 a.C.), o tinha verificado quando, ao sair para fora da sua zona de grande conforto e prazer, encontrou um velho, um doente, um cadáver e um monge pedindo esmola. A doença, a velhice e a morte foram o começo do seu despertar para a descoberta das causas do sofrimento e das quatro nobres verdades que conduzem à sua superação, mediante o nobre caminho das oito virtudes.
Sem a vitória sobre o desejo, sobre a vontade de viver, não é possível a perfeita iluminação libertadora do medo. Seja qual for a história e a fantasia dessas narrativas, a verdade é que provocaram, ao longo dos tempos, diversas escolas de sabedoria: o Budismo forma uma constelação ou uma nebulosa impressionante de ensaios de sabedorias de viver, sobretudo nas áreas culturais asiáticas.
O monaquismo ocidental, de inspiração cristã, teve muitas expressões. S. Bento superou a acusação de parasitas do trabalho alheio, com a regra norteada pela sabedoria de ora et labora, reza e trabalha. S. Paulo tinha sido mais sintético: quem, podendo trabalhar, não trabalha, não coma [2]​.

2. O Grande Sertão situa a sua religiosidade no âmbito cristão, da forma mais ecuménica que se possa imaginar e capaz de beber em todas as fontes. Riobaldo, o fervoroso teólogo jagunço, tem uma experiência terrível de como é mesmo perigoso viver, mas nunca desiste de pensar e repensar a sua fé e as suas crenças, para não perder a esperança de tornar o homem humano. Para ele, “o existir da alma é a reza… Quando estou rezando, estou fora da sujidade, à parte de toda a loucura. Ou o acordar da alma é que é?”.

Desconfinados e desmascarados

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Claro que precisamos da devida “distância social” e do confinamento apropriado e, evidentemente, também e sobretudo, da máscara. Para preservarmos a saúde, a nossa e a dos outros. Podemos contagiar-nos uns aos outros e somos responsáveis uns pelos outros. Quem é cristão tem uma razão suplementar para isso: segundo os Evangelhos, um dos interesses e preocupações maiores de Jesus foi a saúde das pessoas. Por isso, não entendo aquele debate à volta da comunhão na mão ou na boca, havendo quem invoque razões para a comunhão na boca. Sempre fui contra a comunhão na boca, pois só damos de comer na boca às crianças. Agora, ainda mais se impõe a comunhão na mão, por causa da preservação da saúde. Ah!, e para quem continua a propugnar a comunhão na boca: não é verdade que provavelmente há línguas mais sujas do que as mãos? 
Mas não foi este tema que me motivou hoje. A questão é mais funda. O que provoca a minha reflexão de hoje são outros confinamentos e outras máscaras, ficando a crónica de hoje para os desconfinamentos e a da próxima semana para os desmascaramentos. Desconfinados e desmascarados. 

1. Como a gente se sente mal no confinamento! Mas, ao contrário do que pensamos, andamos e somos demasiado confinados, no sentido de auto-centrados, e, por isso, pobres, se não paupérrimos. Afinal, na contradição de nós. Vejamos. 
Uma vez, uma antiga aluna pediu-me para ir à escola onde agora lecciona, para fazer uma palestra sobre o umbigo, esperando ela que fosse falar sobre o egoísmo, o individualismo. Cheguei lá e fui mostrando aos jovens que é verdade que essa expressão de “voltado, voltada para o seu umbigo” é vulgarmente usada com esse sentido. Mas em contradição com o próprio umbigo. De facto, o umbigo é em nós a marca biológica de que não vimos de nós, vimos de uma relação, não somos a nossa origem. 
Outra vez, uma outra estudante queria uma nota melhor. Para isso, até escreveu um trabalho sobre ética. Na defesa, perguntei-lhe: “Se houvesse uma única pessoa no mundo, como seria um tratado de ética?”. E ela: “Nem sequer se punha a questão ética, porque essa ‘pessoa’ não sabia que era ser humano.” E teve a boa nota que queria.

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