quarta-feira, 18 de março de 2020

RECORDAR É VIVER - FIGUEIRA DA FOZ

O que publiquei há 10 anos


Por enquanto tenho a sorte e o prazer de poder sair, um dia que seja, para respirar diferente. Vou andar por aqui a ver o mesmo mar e a olhar sonhos de férias que me ocupam a imaginação e a ânsia de viver em plenitude, ao gosto da minha idade. Depois, claro, direi um pouco do que vi, estimulando outros a olhar, que isto ainda não custa dinheiro. O belo pode estar em qualquer esquina.

NOTAS:

1. Recordar é viver.
2. Há dez anos, estava longe o COVID-19. Teríamos outros problemas? 


terça-feira, 17 de março de 2020

UM LIVRO DE RAUL BRANDÃO PARA ESTES DIAS



Para os dias de isolamento, sugiro a ocupação de parte do tempo com leituras agradáveis. As notícias do coronavírus (COVID-19) e os conselhos que de todos os lados surgem, por vezes contraditórios, não podem ocupar a nossa mente com caráter obrigatório durante todas as horas do dia. Penso que os noticiários normais das televisões, rádios e jornais são mais do que suficientes. Para além disso, ler, ver e ouvir tudo é brutalizar a nossa liberdade de viver. Venho, então, com uma proposta de leitura, até porque, no dia a dia de cada um de nós, com a azáfama de trabalhos e outras obrigações, não temos muitos momentos para apreciar bons livros. Comigo também acontece isso. Na minha modesta biblioteca, há obras à espera de vez. Hoje, porém, recomendo “A Vida e o Sonho” de Raul Brandão, um dos escritores que mais aprecio. 
“A Vida e o Sonho” é uma antologia com inéditos e guia de leitura organizada por Vasco Rosa comemorativa dos 150 anos do nascimento de Raul Brandão (1867-1930), um escritor que cantou como poucos a nossa Ria da Aveiro, na minha modesta opinião, que não passo de um simples e apaixonado leitor. Como apreciei “Os pescadores”, “As ilhas desconhecidas”, “Húmus”, “Memórias” e outros!

segunda-feira, 16 de março de 2020

COVID-19: O SOL BENFAZEJO VEM A CAMINHO


Mais um dia de isolamento por razões óbvias. A minha idade permite-me este luxo. Não há compromissos profissionais ou outros. Há o compromisso apenas de evitar contactos que possam ser perigosos. O coronavírus (COVID-19), como outros vírus, não se vê. Atua escondido e pode ser fatal. Em outubro, época da vacina contra a gripe, já poderemos respirar mais fundo, sem descuidar a vigilância, que outros vírus hão de nascer, ninguém sabe como nem quando. O que sabemos é que ao longo da história do homem e da mulher neste planeta sempre houve vírus malignos, pestes, doenças incuráveis e calamidades. E o ser humano foi vencendo, século após século, tudo isso com determinação, imenso trabalho, muito saber e coragem sem limites. 
Vamos esperar mais um tempinho. O sol benfazejo vem a caminho. Os vírus têm medo dele. 

F. M.

PELA POSITIVA - 15 ANOS COM 15 MIL MENSAGENS



Ultrapassei a barreira das 15 mil mensagens no meu blogue Pela Positiva. Mensagens minhas e de alguns colaboradores que me têm acompanhado ao longo de 15 anos. Quase todas com ilustrações a condizer. E o mais curioso é que não me sinto cansado. A enxada não é assim tão pesada e com o treino os músculos e os neurónios até a tornam mais levezinha. 
Ao longo destes anos, convidei amigos para uma colaboração regular, mas a moda não pegou. Houve alguns, contudo, que me acompanharam, gentileza que agradeço. 
A vida, pelo meu lado, vai continuar enquanto Deus quiser e eu tiver forças e apetite para partilhar sentimentos, emoções, sugestões e informações úteis. 
Defendo, há muito, que o futuro passa, hoje mais do que nunca, pela comunicação e partilha de ideias e valores por todos os suportes existentes e pelos que hão de vir, porventura inimagináveis. Quem fugir deles, pessoas e instituições, estará condenado a perder a carruagem do progresso a todos os níveis. 

Fernando Martins

domingo, 15 de março de 2020

EM TEMPO DE QUARENTENA



Em tempo do quarentena imposta pelo Coronavírus (COVID-19), que ele anda por todo o mundo a fazer estragos, fui à procura de recordações de décadas para espairecer. É o melhor que é possível fazer, se elas forem sinais evidentes de felicidade. Desta feita, fui até Castelo Branco com a Lita, onde contemplámos e registámos para a nossa história o monumento dedicado ao Dr. João Rodrigues, mais conhecido por Amato Lusitano (1511-1568). E junto ao tribunal, ficou a Lita, num recanto aprazível. 
Sobre Amato Lusitano, vale a pena ler o que diz o Google. Segundo um seu biógrafo, era um poliglota, pois dominava o Português, o Latim, o Grego, o Hebraico, o Árabe, o Castelhano, o Francês, o Italiano e o Alemão. 

QUERIDA AMAZÓNIA

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Na sequência do Sínodo sobre a Amazónia, que se realizou em Roma de 6 a 27 de Outubro do ano transacto, Francisco publicou, no passado dia 2 de Fevereiro, uma Exortação Apostólica Pós-Sinodal, a que deu o título “Querida Amazónia”. 

Nela, formula quatro grandes sonhos: 1. O sonho de “uma Amazónia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e a sua dignidade promovida.” 2. O sonho de “uma Amazónia que preserve a riqueza cultural que a caracteriza e na qual brilha de maneira tão variada a beleza humana.” 3. O sonho de “uma Amazónia que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas.” 4. O sonho de “comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazónia que dêem à Igreja rostos novos com traços amazónicos.” 

E explicita e concretiza os sonhos: 

1. Um sonho social. Impõe-se a indignação e um grito profético a favor dos mais pobres e explorados, contra os interesses colonizadores, antigos e presentes, que lucram “à custa da pobreza da maioria e da depredação sem escrúpulos das riquezas naturais da região” e dos seus povos. “Os povos nativos viram muitas vezes, impotentes, a destruição do ambiente natural que lhes permitia alimentar-se, curar-se, sobreviver e conservar um estilo de vida e uma cultura que lhes dava identidade e sentido.” Danificar a Amazónia, não respeitar o direito dos povos nativos ao território e à autodeterminação tem um nome: “injustiça e crime”.

A MAIOR REVOLUÇÃO RELIGIOSA

Crónica de Bento Domingues
 no PÚBLICO

A conversa sobre o papel das mulheres na Igreja não avança porque não se liga nada à importância que Jesus lhes atribuiu.


1. É muito complexa a história do povo samaritano. Segundo a investigação de 2019, existiam apenas 820 samaritanos. Parece que num passado remoto ultrapassaram o milhão [1]. Apesar da sua reduzida expressão numérica actual, a liturgia cristã não os pode esquecer. Ao longo do ano litúrgico, são muitas as referências, extremamente simpáticas, dedicadas a esse povo semita que era detestado pelos judeus por ter conservado, da herança comum, apenas o Pentateuco e ter levantado um lugar de culto rival do templo de Jerusalém. Mas porque será que os textos do Novo Testamento construíram, por contraste, figuras samaritanas que apresentam como exemplares para todos os tempos e lugares?
Esses textos não são as actas factuais do comportamento de Jesus de Nazaré. São interpretações contextuais dos seus atrevimentos, mas não há dúvida que este galileu insólito não suportava aquele ódio fratricida nem a justiça do olho por olho, dente por dente [2]. Esses textos de inapagável beleza atribuem a um judeu a apresentação de figuras samaritanas – figuras de um povo rival – como exemplo do que deve ser um discípulo da Lei Nova do Evangelho. O Nazareno não fazia acepção de pessoas. Tanto curava judeus como samaritanos ou gentios. Eram doentes, e só por isso deviam ser socorridos sem mais considerações. Mesmo assim, destaca que entre os dez leprosos curados só um samaritano veio agradecer.