domingo, 8 de dezembro de 2019

Sorte e Miopia

Crónica de Miguel Esteves Cardoso no PÚBLICO


O Interior é o futuro – e sabe-o. Só o balofo do Litoral não sabe. 
E o Litoral, infelizmente, pensa que sabe tudo. 
E pode e manda, ainda por cima. 



Ao ler o presciente artigo de Teresa Mineiro no Fugas ocorreu-me o dilema de sempre: devemos ou não falar das coisas boas de Portugal, sabendo que falar delas leva quase sempre à destruição das qualidades que tornaram essas coisas únicas? 
Se eu tivesse de escolher um único desejo para Portugal seria que nós portugueses déssemos valor ao que temos. 
Não damos – nem pouco mais ou menos. Nem sequer estamos perto de saber o que temos – quanto mais dar-lhe valor. 
Perdemos tempo a mais a chorar o que não temos ou a sonhar com o que nos daria imenso jeito. Somos vítimas do futuro – do futuro que não conseguimos ter. 
Em Portugal precisamos mais de levantamentos do que de projectos. Que economia ou política pode fazer sentido se não sabemos o que temos; se não temos ideia de tudo aquilo com que poderíamos contar, caso conhecêssemos? 
Está mais que visto que o Interior é o futuro. “Interior” não é nada menos do que o nome de Portugal. Mais justo seria deixar de falar em Interior e passar a dizer Portugal, excepção feita para aquela delgada mas resplandecente faixa a que deveríamos chamar Litoral. 
O futuro pertence à pergunta “Onde é que não há gente?” ou “Onde é que não há gente que chegue?”. Depois só falta saber se há boas razões para não haver ali gente. 
Quase nunca há. O Interior é o futuro – e sabe-o. Só o balofo do Litoral não sabe. E o Litoral, infelizmente, pensa que sabe tudo. E pode e manda, ainda por cima.

Miguel Esteves Cardoso escreve no PÚBLICO todos os dias

Nossa Senhora da Conceição - Padroeira de Portugal

N. S. da Conceição - Gafanha da Nazaré
A Igreja Católica venera Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal por decisão do Rei D. João IV, o Restaurador. O Rei organizou em 25 de março de 1646 uma cerimónia solene em Vila Viçosa, onde residiu antes de ser proclamado  rei, em 1640. Quis, com este gesto, agradecer a Nossa Senhora da Conceição a restauração da independência de Portugal, na altura sob domínio do Rei D. Filipa IV de Espanha, III de Portugal. 
Naquela data, foi até à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, onde a declarou como Padroeira e Rainha de Portugal. E a partir daí, nunca mais os reis do nosso país usaram coroa, símbolo do poder real,  até ao último, D. Manuel II.
Na paróquia da Gafanha da Nazaré há uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, cuja data de aquisição desconheço. Sabe-se que em 1948 houve obras na capela de Nossa Senhora da Conceição (capela lateral) que importaram em 8359$00 e que no ano seguinte foi paga a pintura do altar (1000$00) ao senhor Manuel Catraio. 
A festa dedicada a Nossa Senhora da Conceição, na nossa paróquia, dirigida aos homens do mar e suas famílias, era muito concorrida. Depois, sem razões conhecidas, caiu no esquecimento. 
As notas referentes à nossa paróquia foram extraídas do livro “Gafanha de Nossa Senhora da Nazaré” de Manuel Olívio da Rocha e Manuel Fernando da Rocha Martins. 

Fernando Martins

Francisco no Japão: é “imoral” o uso e a posse de armas nucleares

Crónica de Anselmo Borges 

Francisco realizou o seu sonho de jovem: ser missionário no Japão. Foi de lá que, na semana passada, enviou para o mundo mensagens essenciais para o futuro da Humanidade. 


1. Entre essas mensagens, clamou por uma “ecologia integral”, atendendo, portanto, também à ecologia humana, que exige solidariedade; deixou claro que é necessário combater “o fosso crescente entre ricos e pobres”; “a dignidade humana deve estar no centro de toda a actividade social, económica e política, sendo necessário fomentar a solidariedade inter-geracional”; “sabemos que, em última análise, a civilização de cada nação e povo não se mede pelo seu poder económico mas pela atenção que dedica aos necessitados bem como pela capacidade de tornar-se fecundos e promotores da vida”; clamou contra “o eu isolado”, contra o bullying e os excessos do consumismo compulsivo, pedindo concretamente aos bispos que ajudem os jovens contra o bullying e os suicídios, já que em cada ano no Japão 30.000 pessoas, na sua maioria jovens, acabam com a vida; advertiu contra o carreirismo, a competição excessiva na busca do lucro e da eficiência, o êxito a qualquer preço: “a liberdade pode ver-se asfixiada e debilitada quando ficamos encerrados no círculo vicioso da ansiedade e da competitividade ou quando concentramos toda a nossa atenção e as melhores energias na procura sufocante e frenética de produtividade e consumismo como único critério para medir e validar as nossas opções e definir quem somos e quanto valemos”; apelou ao sentido do maravilhamento e da admiração frente “à imagem das cerejeiras em flor”; embora a Igreja Católica seja minoritária (menos de 0,5% da população, sendo a maioria dessa minoria constituída por trabalhadores estrangeiros), “isso não deve tirar força ao vosso compromisso com uma evangelização cuja palavra mais forte e clara é a de um testemunho humilde, quotidiano e de diálogo com outras tradições religiosas”; “o anúncio do Evangelho da Vida impele-nos e exige, como comunidade, que nos convertamos num hospital de campanha, preparado para curar feridas e oferecer sempre um caminho de reconciliação e perdão”; na Universidade Sophia de Tóquio, dos jesuítas, renovou as suas críticas ao “paradigma tecnocrático” ao mesmo tempo que pediu que “os grandes avanços tecnológicos de hoje possam colocar-se ao serviço de uma educação mais humana, justa e ecologicamente responsável.” 

sábado, 7 de dezembro de 2019

O nosso Menino Jesus




O nosso Menino Jesus já está connosco há muitos anos. É, por isso, um Menino Jesus especial, ou não fosse uma herança das mães da Lita (Tias Zulmira, Lurdes e Aida), que educaram a sua sensibilidade para aceitar o divino. E a partir daí, o Menino continua presente no seu e nosso quotidiano. E em dada altura, dando asas ao acentuado dom da maternidade, a Lita resolveu vestir o Menino Jesus, tal como fez a Virgem Maria.
Como podem ver, o nosso Menino Jesus  está aconchegado, quentinho, sorridente, rosadinho e feliz. 
Bom Natal para todos os nossos amigos.

Lita e Fernando 

Presidente da República vai passar o ano na ilha do Corvo




O Presidente da República passa a noite de 31 de dezembro para 1 de janeiro com a população do Corvo, na mais pequena das ilhas dos Açores, do grupo mais ocidental do território nacional, de onde será transmitida no dia 1 de janeiro a habitual mensagem de Ano Novo. 

Nota da página da Presidência da República

A notícia surpreendeu meio mundo, se é que o Presidente Marcelo não nos surpreende todos os dias. Há quem prefira um Presidente mais formal, mas eu gosto mais assim: um Presidente próximo, afável, triste ou alegre, disponível, otimista, solidário, atento.  
Agora, surpreendeu-nos mais uma vez com esta feliz ideia de querer estar, na passagem do ano, com os corvinos, os portugueses mais afastados do continente. 
Li hoje que até o presidente da câmara ficou surpreendido com a decisão do Presidente Marcelo, que desconhecia, mas garantiu que o acolhimento será em ambiente de proximidade e de festa. 
Sou pouco viajado, mas conheço uma boa parte do território nacional. Visitei a Madeira, uma vez, e os Açores (S. Miguel), outra. Gostei tanto de São Miguel que me assaltou a ideia de visitar todas as ilhas. E o Corvo teria um sabor especial, fundamentalmente para ver e perceber, ao vivo, a vida de um povo aparentemente tão isolado do mundo. Mas isso foram sonhos. 
Que o nosso Presidente nos ajude a perceber como é estar no meio do Oceano, certamente sem o stresse que por vezes nos incomoda, são os meus votos. 

Fernando Martins

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Presidente Marcelo e os Sem-abrigo



Apesar de se saber que os sem-abrigo existem e continuarão a existir por razões que nos transcendem, de variadíssima ordem, porque os há por opções de revolta social, familiar e outras, o Presidente Marcelo assumiu a liderança da luta a favor de respostas imediatas e urgentes que levem à erradicação de pessoas nessa situação. É vê-lo na rua para dar o exemplo e para nos sensibilizar a todos, nomeadamente o Governo, para em conjunto se procurarem soluções que respondam aos dramas dos sem-abrigo. 
Sabe-se que as Igrejas, cristãs mas não só, cada uma à sua medida e às suas possibilidades, também não descuram a ajuda aos que têm por residência as ruas, tendo por teto o céu estrelado ou sombrio e por aconchego o frio cortante e por vezes assassino. Mas também se sabe que a solidão, a ausência da família, a fome, a doença e a droga, entre outros males levam homens e mulheres à degradação total, em pleno século XXI. 
Urge fazer algo em prol da erradicação da pobreza, em geral, e dos sem-abrigo, em especial. De mãos-dadas constroem-se catedrais, estádios, parques de lazer para crianças, jovens e adultos, e um sem-número de estruturas para férias… Agora, importa olhar a sério para os sem-abrigo. 

Fernando Martins

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Festa da Imaculada Conceição - Seja feito o que Deus quer

Reflexão de Georgino Rocha - Domingo II do Advento


"Portugal agradecido proclama-a sua padroeira e rainha, com o título de Nossa Senhora da Conceição e celebra festivamente este acontecimento histórico."

Deus quer salvar-nos fazendo-se um de nós, humanizando-se. Envia o Anjo Gabriel a Nazaré, aldeia da Galileia, a casa de Joaquim e de Ana, para falar com Maria e dar início ao processo. A cena é maravilhosamente descrita por Lucas no seu Evangelho, que pretende sobretudo fazer uma catequese sobre como tudo isto começa. Lc 1, 26-38. A Igreja rememora o facto e celebra a maravilha, canta e exulta de alegria, faz festa e convida-nos a imitar as atitudes de Maria que reorienta a vida para estar totalmente ao serviço de Jesus, que vai nascer. E institui a solenidade litúrgica da Imaculada Conceição que celebramos neste II Domingo do Advento.
Vamos procurar meditar e contemplar alguns detalhes desta festa na perspectiva do Natal.
A resposta de Maria ao convite/apelo que Deus lhe faz, por meio do enviado celeste, para ser a mãe de Seu filho, condensa-se no “seja feito o que Deus quer”. É resposta de entrega total, após diálogo esclarecedor que vence medos, dissipa dúvidas, gera certezas e rasga horizontes de felicidade. É resposta de sintonia perfeita e de inserção plena no projecto de salvação que, desde há muitos séculos, estava em curso. É resposta de confiança absoluta na fidelidade de Deus às promessas da aliança outrora celebrada. É resposta envolvente de quem, como Maria, se coloca nas mãos de Deus e quer servir, livre e generosamente, os agraciados e amados por Ele, a humanidade toda.

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